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Esclerose Múltipla / Doenças Desmielinizastes - Coggle Diagram
Esclerose Múltipla / Doenças Desmielinizastes
Esclerose Múltipla / Doenças Desmielinizastes
Fisiopatologia EM
Autoimunidade e Inflamação:
A EM é considerada uma doença autoimune, na qual o sistema imunológico ataca erroneamente o sistema nervoso central (SNC).
Acredita-se que ocorra uma ativação anormal de células do sistema imunológico, como linfócitos T e células B, que atravessam a barreira hematoencefálica (BHE) e entram no SNC.
No SNC, essas células imunológicas reconhecem e atacam a mielina, a substância que envolve os neurônios e facilita a condução dos impulsos nervosos.
Inflamação Crônica e Lesão da Mielina:
A resposta imunológica leva à formação de lesões inflamatórias no SNC, caracterizadas pela presença de células imunológicas, como linfócitos e macrófagos, ao redor dos neurônios.
Essas lesões inflamatórias causam danos à mielina, resultando na desmielinização, que interrompe a transmissão eficiente dos impulsos nervosos ao longo dos neurônios.
A desmielinização leva a sintomas neurológicos variados, dependendo da localização das lesões no cérebro e na medula espinhal.
Ciclo de Destruição e Reparo:
Além da destruição da mielina, ocorre uma resposta de reparo no cérebro, envolvendo a proliferação de células da glia, como os oligodendrócitos, que são responsáveis pela remielinização dos neurônios.
No entanto, em estágios avançados da doença, o processo de remielinização pode ser insuficiente, resultando em danos permanentes aos neurônios e formação de cicatrizes (gliose) nos locais das lesões.
Neurodegeneração:
Além da desmielinização, a EM também pode envolver neurodegeneração, que é a perda irreversível de neurônios e suas conexões.
A neurodegeneração contribui para a progressão da incapacidade neurológica e pode ocorrer mesmo em áreas aparentemente normais do cérebro.
Diagnóstico diferencial DD
Imunomediadas:
Esclerose Múltipla (EM):
Idade de início geralmente entre 20 e 40 anos.
Sintomas variáveis, incluindo déficits neurológicos focais e multifocais, como fraqueza, visão dupla, dormência, fadiga, entre outros.
Diagnóstico baseado em critérios clínicos, radiológicos e laboratoriais, como exame de líquor.
Importante excluir outras causas de desmielinização.
Neuromielite Óptica (NMO):
Início geralmente em adultos jovens.
Caracterizada por ataques recorrentes de mielite e neurite óptica.
Testes para anticorpos anti-aquaporina-4 (AQP4-IgG) são úteis para diagnóstico diferencial com EM.
Doença de Devic:
Caracterizada por mielite aguda e neurite óptica simultâneas ou sequenciais.
Testes para AQP4-IgG são diagnósticos.
Excluir outras causas de mielite e neurite óptica.
Hereditárias:
Leucodistrofias:
Grupo de doenças genéticas que afetam a formação ou manutenção da mielina.
Início geralmente na infância.
Sintomas neurológicos progressivos, incluindo perda de habilidades motoras, distúrbios visuais e auditivos, demência, entre outros.
Diagnóstico com base em história familiar, exame físico, exames de neuroimagem e testes genéticos.
Esclerose Lateral Amiotrófica Hereditária:
Forma hereditária de esclerose lateral amiotrófica (ELA), que pode envolver desmielinização.
Pode ocorrer em padrões autossômicos dominantes ou recessivos.
História familiar de ELA é comum.
Diagnóstico geralmente baseado em história familiar e testes genéticos.
Infecciosas:
Encefalomielite Aguda Disseminada (ADEM):
Geralmente ocorre após infecções virais ou bacterianas.
Caracterizada por desmielinização difusa no cérebro e na medula espinhal.
Pode mimetizar EM ou NMO.
Diagnóstico baseado em história clínica, exames de neuroimagem e exclusão de outras causas.
Esclerose Múltipla com Infecção pelo Vírus JC (PML-MS):
Complicação rara da terapia imunomoduladora em pacientes com EM.
Causada pelo vírus JC.
Apresenta-se com sintomas semelhantes à EM, mas com rápida progressão e pior prognóstico.
Diagnóstico baseado em história de exposição ao vírus JC, exames de imagem e testes laboratoriais.
Classificação DD
Doenças Desmielinizantes Imunomediadas:
Definição: São condições em que o sistema imunológico ataca erroneamente o sistema nervoso, levando à destruição da mielina.
Exemplos:
Esclerose Múltipla (EM): Uma das mais comuns, onde ocorrem surtos de inflamação que afetam a mielina em diversas áreas do sistema nervoso central.
Neuromielite Óptica (NMO): Afeta principalmente a medula espinhal e os nervos ópticos, causando inflamação e lesões na mielina.
Doenças Desmielinizantes Hereditárias:
Definição: São condições em que a desmielinização é causada por mutações genéticas transmitidas de geração em geração.
Exemplos:
Leucodistrofias: Grupo de doenças genéticas raras que afetam a formação ou manutenção da mielina, resultando em disfunção neurológica progressiva.
Doença de Pelizaeus-Merzbacher: Um distúrbio genético ligado ao cromossomo X que afeta a formação da mielina no sistema nervoso central.
Doenças Desmielinizantes Infecciosas:
Definição: São causadas por infecções virais, bacterianas ou parasitárias que resultam na destruição da mielina.
Exemplos:
Esclerose Múltipla Relacionada a Infecção (Tumefativa): Alguns estudos sugerem uma possível ligação entre infecções virais, como o vírus Epstein-Barr, e o desenvolvimento da EM.
Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LMP): Uma doença viral rara causada pelo vírus JC que infecta as células gliais e resulta em desmielinização.
Doenças Desmielinizantes Metabólicas:
Definição: São condições em que a desmielinização ocorre devido a distúrbios metabólicos que afetam a produção ou manutenção da mielina.
Exemplos:
Leucodistrofia Metacromática: Uma doença metabólica hereditária causada por deficiência da enzima arilsulfatase A, levando à acumulação de lipídios tóxicos nas células gliais e desmielinização.
Doença de Krabbe: Uma doença metabólica hereditária causada por deficiência da enzima galactosilceramidase, resultando na acumulação de substâncias tóxicas nas células gliais e na desmielinização.
Manifestações clinicas EM
Variabilidade dos Sintomas:
A EM é conhecida por sua variabilidade nos sintomas, que podem variar amplamente de pessoa para pessoa.
Os sintomas podem mudar ao longo do tempo e podem incluir períodos de exacerbação e remissão.
Sintomas Neurológicos:
Fraqueza Muscular:
Fraqueza em um ou mais membros, geralmente assimétrica.
Dificuldade para caminhar, subir escadas ou segurar objetos.
Fadiga:
Um dos sintomas mais comuns e debilitantes da EM.
Pode ser severa e interferir nas atividades diárias.
Distúrbios Visuais:
Visão turva ou dupla.
Perda temporária de visão em um olho (neurite óptica).
Movimentos involuntários dos olhos (nistagmo).
Dormência e Formigamento:
Sensação de dormência, formigamento ou queimação em diferentes partes do corpo.
Problemas de Coordenação:
Dificuldade em coordenar movimentos finos.
Problemas de equilíbrio e coordenação (ataxia).
Espasticidade Muscular:
Rigidez e espasmos musculares, especialmente nas pernas.
Pode interferir na mobilidade.
Sintomas Sensoriais:
Dor:
Dor crônica, muitas vezes neuropática, que pode ser intermitente ou constante.
Pode manifestar-se como dor facial (neuralgia do trigêmeo) ou dor nos membros.
Distúrbios do Controle da Bexiga e Intestino:
Incontinência urinária.
Constipação ou incontinência fecal.
Sintomas Cognitivos e Emocionais:
Foggy Brain (Neblina Mental):
Dificuldade de concentração.
Problemas de memória.
Depressão e Ansiedade:
Comuns em pessoas com EM, especialmente devido ao impacto da doença na qualidade de vida.
Sintomas Associados:
Fenômeno de Uhthoff:
Piora temporária dos sintomas com o aumento da temperatura corporal, como durante o exercício ou banho quente.
Fenômeno de Lhermitte:
Sensação de choque elétrico ao mover o pescoço, especialmente para baixo.
Indica desmielinização na medula espinhal.
Diagnóstico EM
Anamnese e Exame Físico:
Coleta detalhada da história clínica, incluindo sintomas neurológicos prévios, recorrência, duração e gravidade.
Avaliação dos sintomas típicos da EM, como fraqueza muscular, dormência, visão dupla, dificuldade de coordenação e fadiga.
Exame neurológico abrangente para identificar sinais de comprometimento do sistema nervoso central.
Critérios Diagnósticos:
Utilização dos critérios de McDonald revisados (2017) para o diagnóstico da EM, que incorporam dados clínicos, radiológicos e laboratoriais.
Esses critérios exigem evidências de lesões desmielinizantes disseminadas no espaço e no tempo, obtidas por meio de exames de neuroimagem e/ou exames do líquor.
Exames de Imagem:
Ressonância Magnética (RM):
Fundamental para identificar lesões desmielinizantes no cérebro e na medula espinhal.
As lesões típicas na EM aparecem como áreas hiperintensas na sequência ponderada em T2 e realce após a administração de contraste na sequência ponderada em T1.
Exames Laboratoriais:
Exame do Líquor (LCR):
Avaliação do líquido cefalorraquidiano pode revelar aumento do número de células e de proteínas, bem como a presença de bandas oligoclonais.
Bandas oligoclonais são encontradas em cerca de 90% dos pacientes com EM e são indicativas de inflamação no sistema nervoso central.
Testes Adicionais:
Potenciais Evocados (PE):
Testes que avaliam a condução elétrica em vias nervosas específicas, como potenciais evocados visuais, auditivos e somatossensoriais.
Podem ajudar a identificar áreas de disfunção neurológica não detectadas no exame clínico.
Tratamento EM
Abordagem Multidisciplinar:
Equipe multidisciplinar composta por neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais.
A colaboração entre diferentes especialidades ajuda a abordar os diversos aspectos da doença e a melhorar a qualidade de vida do paciente.
Tratamento Medicamentoso:
Medicamentos Modificadores do Curso da Doença (MMCD):
Reduzem a frequência e a gravidade das recaídas e podem retardar a progressão da doença.
Exemplos incluem interferons beta (betaferonas), acetato de glatirâmer (Copaxone), teriflunomida (Aubagio), fingolimode (Gilenya), entre outros.
A escolha do MMCD depende de vários fatores, como gravidade da doença, perfil de efeitos colaterais e preferências do paciente.
Terapia com Corticosteroides:
Utilizada para tratar recaídas agudas de EM.
Reduz a inflamação e acelera a recuperação após uma recaída.
Geralmente administrada por via intravenosa durante alguns dias.
Medicamentos Imunossupressores:
Podem ser prescritos em casos de EM progressiva ou resistente a outras terapias.
Exemplos incluem ciclofosfamida, mitoxantrona e natalizumabe (Tysabri).
Reabilitação e Fisioterapia:
Essenciais para manter a mobilidade, promover a independência e melhorar a qualidade de vida.
Exercícios de fisioterapia ajudam a fortalecer os músculos, melhorar o equilíbrio e a coordenação, e prevenir contraturas musculares.
Suporte Psicológico e Psiquiátrico:
Importante para lidar com o impacto emocional da doença, como ansiedade, depressão e estresse.
Psicoterapia individual ou em grupo pode ajudar a desenvolver estratégias de enfrentamento e promover o bem-estar psicológico.
Estilo de Vida Saudável:
Uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios podem ajudar a manter a saúde geral e a combater a fadiga.
Evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool são importantes, pois esses fatores podem piorar os sintomas da EM.
Monitoramento Regular:
Consultas regulares com o neurologista para avaliar a progressão da doença, ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar os efeitos colaterais dos medicamentos.
Terapias Complementares:
Algumas pessoas com EM encontram alívio dos sintomas com terapias complementares, como acupuntura, ioga, tai chi e massagem.
No entanto, é importante discutir essas opções com o médico antes de iniciar qualquer nova terapia.