Brincar e desenvolvimento social:
Brincar e desenvolvimento social:
Jogo social: brincadeira na qual as crianças, em graus variados, interagem com outras crianças
Jogo cognitivo: formas de jogo que revelam o desenvolvimento mental das crianças
Jogo não social: jogo solitário
Jogo físico: envolve atividade motora grossa, normalmente sem objetos
BRINCADEIRA NA IDADE PRÉ-ESCOLAR:
Estudo de Mildred Parten (1932)
42 crianças entre os 2-5 anos, brincadeira livre na creche
Procurava mudanças desenvolvimentistas na complexidade social das interações com os pares
O jogo solitário e paralelo diminui com a idade;
O jogo associativo e cooperativo aumenta com a idade.
Muito jogo não social consiste em atividades que promovem o desenvolvimento cognitivo, podendo refletir independência e maturidade, e não ajustamento social pobre.
Jogo social e não social: Dos 2 aos 4 anos há um aumento da participação social, em que medida as crianças brincam de forma interativa e cooperante com outras crianças
JOGO COGNITIVO:
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Oportunidade para negociar diferentes papéis e seguir as regras
Ajuda a partilhar significado com os pares
sentimentos, a compreensão dos sentimentos, receber apoio , sentimento de confiança e laços emocionais com outras crianças
Desenvolvimento da teoria da mente
BRINCADEIRA FÍSICA:
atividade motora grossa, normalmente sem objetos
Brincadeira de exercício
Brincar às lutas
Estereotipias rítmicas
IMPORTÂNCIA
Jogo simbólico ou “faz de conta”
“faz de conta” = cooperar mais com outras crianças e a ser mais alegres
mais televisão =brincar menos imaginativa
compreensão do ponto de vista do outro, desenvolver competências de resolução de problemas e criatividade
jardins-de-infância = jogo com nível de complexidade cognitiva superior
usar e recordar: sensório-motor
Piaget: desenvolvimento cognitivo
Envolve pessoas ou situações imaginárias
Desenvolvimento da força muscular
Ajuda a criança a perceber a sua força e a estabelecer a sua posição na hierarquia de dominância
Pares como agentes de socialização
Pares: Duas ou mais pessoas que operam em níveis semelhantes de complexidade comportamental
Aprendem a apreciar as perspetivas uns dos outros
Praticam a negociação e o compromisso
Cooperam mutuamente para atingir objetivos comuns
Desenvolvimento de competências sociais difíceis de alcançar nas interações “verticais” com pais e outros adultos
COMPANHEIROS E AMIGOS:
Até ao período pré-escolar, as crianças brincam perto umas das outras
Por volta dos 3 anos começam a ter amigos (normalmente do mesmo sexo)
Segregação sexual no jogo no período pré-escolar (universal entre culturas): gosto por atividades diferentes
SOCIABILIDADE com os pares na infância:
Sociabilidade na idade escolar:
Final do 1º ano: imitam ações dos pares com brinquedos – tentativa de partilhar significado ou compreender as ações do par
Por volta dos 6 meses: começam a interagir com outros bebés
12-18 meses: reagem mais ao comportamento dos pares, trocas mais complexas
18 meses: interações coordenadas; prazer na imitação dos pares
Vontade de participar em interações sociais com os outros e procurar a sua atenção ou aprovação
20-24 meses: brincadeira com forte componente verbal (descrevem as atividades; dirigem o papel do par na brincadeira
As interações sociais tornam-se mais complexas
Participação em jogos com regras formais
Grupo de pares – grupo de crianças que:
- Fornece sentimento de pertença
- Formula normas que especificam como os membros se devem vestir, pensar e comportar
- Interagem regularmente
- Desenvolve uma organização hierárquica (e.g., líderes) que auxilia os membros do grupo a trabalharem em conjunto para objetivos comuns
COMPETÊNCIA SOCIAL:
Capacidade para formar relações sociais positivas e bem-sucedidas
Grau de adequação, eficácia e sucesso nas interações sociais
TÉCNICAS SOCIOMÉTRICAS:
DUAS FORMAS DE POPULARIDADE
Escala de apreciação: cada criança é classificada entre 1 (não gosta muito de brincar) e 3 (gosta muito de brincar)
Comparação entre pares: escolha de uma entre duas crianças, pelo critério gosta mais de brincar, em todas as díades possíveis no grupo Com quem é que gostavas mais de brincar?)
Estatuto sociométrico: como é que a criança é percecionada dentro do grupo de pares
Rejeição dos pares
Preferência social
Aceitação dos pares
Impacto social
Categorização dos indivíduos em diferentes grupos
Rejeitados
Controversos
Aceites ou populares
Negligenciados
COMPETÊNCIA SOCIAL E VITIMIZAÇÃO
Popularidade sociométrica
Popularidade percebida
Crianças que são preferidas pelos seus pares apresentam poucas razões para despoletar bullying por parte dos pares
Crianças percecionadas como populares são demasiado dominantes ou bem-relacionadas para se tornarem vítimas
COMPETÊNCIAS SOCIAIS:
CRIANÇAS SOCIOMETRICAMENTE POPULARES, ACEITES E PREFERIDAS
Competências comportamentais
Competências sociais e cognitivas
CRIANÇAS PERCEBIDAS COMO POPULARES, CONTROVERSAS E BIESTRATÉGICAS
componente agressivo, manipulador ou dominante
Crianças bem aceites:
Competências comportamentais:
comportamentos positivos de reciprocidade e cooperação) e estratégias coercivas (tirar coisas, ameaçar, manipular os outros
Competências socio cognitivas
Perceção de autoeficácia
Autoconsciência de ser popular
Respondem positivamente à atenção dos outros
Quando querem juntar-se a um grupo, primeiro observam e tentam compreender o que está a acontecer e depois comentam positivamente à medida que tentam integrar-se
Iniciam interação com os pares de forma eficiente
Crianças rejeitadas:
Crianças negligenciadas:
Criticam ou perturbam as atividades do grupo de forma frequente
Podem ameaçar com represálias caso o grupo não permita a sua integração
Forçam a integração
Iniciam poucas interações
Mostram-se tímidas face à atenção dos outros
Tendem a permanecer na periferia do grupo
BENEFÍCIOS DAS AMIZADES:
Aprendem a colocar-se no lugar do outro
Aprendem valores morais e normas relativas ao papel sexual
Aprendem a resolver problemas
Praticam os papéis adultos
Aprendem a relacionar-se com os outros
AUTO-CONCEITO
Self
Auto conceito
Auto reconhecimento
Auto consciência
conjunto de características físicas e psicológicas que é único para cada indivíduo
sentido do self; imagem mental descritiva e avaliativa das capacidades e traços de cada um
Consciência que um indivíduo tem do seu self
Os bebés ficam perturbados se ouvirem o choro de outro bebé, mas não ouvirem o próprio choro → diferenciação do self
Autodiferenciação na infância
Aos 2-3 meses ocorrem os primeiros sinais de emergência do self
Os bebés repetem atos centrados no seu corpo (e.g., chuchar no dedo, abanar os braços) e vão-se familiarizando com as suas capacidades físicas
Produzem voluntariamente sons e movimentos com os braços e pernas para se entreterem
Sentido limitado de agência pessoal – compreensão de que são responsáveis por alguns dos eventos que os fascinam
- Autorreconhecimento físico e autoconsciência
- Autodestruição e autoavaliação: aplicar termos descritivos (“grande” ou “pequeno”) e avaliativos (“bom”) a elas próprias
- Resposta emocional ao comportamento errado:
na infância
bebés percebem que existem de forma independente de outros objetos
Procedimento: Expor as crianças a representações visuais do self (gravação ou imagem no espelho) e analisar como respondem às imagens
Aos 5 meses a criança trata o seu rosto como um estímulo social familiar
Bebés de 5 meses que viam a sua imagem e a de outro bebé discriminavam a sua imagem, preferindo olhar para a imagem do outro bebé (estímulo novo e interessante) do que para a própria imagem (familiar e menos interessante).
Só aos 18-24 meses é que os bebés tocavam no nariz, reconhecendo que tinham uma marca estranha
Crianças de tribos nómadas, sem experiência com espelhos, exibiam auto reconhecimento no rouge test na mesma idade que bebés de contextos urbanos
Capacidade de se reconhecer no espelho ou numa fotografia
Aos 18-24 meses, a criança começa a internalizar esquemas sensórios-motores para formar imagens mentais
Apercebe-se da contingência entre as ações que vê no espelho e a informação propriocetiva que sente no corpo, reconhecendo que a pessoa no espelho que está a fazer o mesmo que ela deve ser ela.
Pré-escolar (3-5 anos)
autoconceito é concreto, físico e quase desprovido de autoconsciência psicológica
As crianças de idade pré-escolar descrevem-se usando atributos físicos (“tenho cabelo castanho”), objetos que possuem (“tenho um carrinho novo”) ou ações nas quais se sentem orgulhosas (apanhar uma bola).
vai-se tornando mais psicológico, abstrato e um retrato mais coerente e integrado desde a infância até à adolescência
O desenvolvimento da auto-estima:
Crianças com auto-estima elevada:
Reconhecem as suas qualidades e as suas fraquezas
Avaliam positivamente as suas características e competências
Satisfeitas com o tipo de pessoa que são
Satisfação do indivíduo com as qualidades que compõem o self
Crianças com auto-estima baixa:
Percecionam o self de forma desfavorável
Focam-se nas suas limitações e não nas forças
MODELO DE SUSAN HARTER (1982, 1999, 2005):
Modelo multidimensional do auto conceito e da auto estima ao longo do ciclo de vida
Aparência física
Capacidade atlética
Aceitação social
Comportamento
Competência escolar
Aos 4-7 anos:
Auto-estima inflacionada (as crianças tendem a avaliar-se positivamente em todos os domínios) à Reflete o desejo de ser amado e ser bom em várias atividades, e não tanto uma auto-estima elevada
A partir dos 8 anos
As avaliações da criança começam a refletir as avaliações das outras pessoas (e.g., avaliações do próprio são confirmadas pelos pares, quando avaliam as competências sociais dos colegas)
Na adolescência:
A auto-estima depende de como os outros avaliam e reagem ao comportamento da criança
A perceção de valor pessoal está altamente dependente das relações interpessoais
Auto-valor relacional: os adolescentes percecionam o seu auto-valor de forma diferente em contextos relacionais distintos (pais, professores, rapazes, raparigas)
Todos os domínios de auto-valor relacional contribuem para a auto-estima global do indivíduo, embora um contexto possa ser mais importante para uns adolescentes do que para outro
As crianças diferem na importância que atribuem aos vários domínios
Crianças que se avaliavam como muito competentes nas áreas que consideravam mais importantes, tendiam a mostrar níveis mais elevados de auto-estima
FACTORES QUE INFLUENCIAM A AUTO-ESTIMA:
Vinculação
auto-estima elevada
avaliar-se favoravelmente
Estilos Parentais
avaliar o comportamento da criança
Conversar com a criança
Estilo autoritário
- Pares
Na idade escolar: pares influenciam
Na adolescência: relações com os pares, amigos próximos e parceiros românticos
Cultura e Etnia
Reflete diferenças ao nível da ênfase dada ao sucesso pessoal e auto-promoção nas duas culturas
– Indivíduos de culturas coletivistas são mais interdependentes que independentes, valorizam a humildade e o seu auto-valor é promovido através do contributo para o bem-estar dos grupos a que pertencem
Crianças e adolescentes de culturas coletivistas tendem a reportar menor auto-estima
Teoria Psicossocial Erik Erikson (1902-1994)
Consiste em 8 fases ao longo do ciclo de vida
As crises emergem de acordo com um tempo de maturação e devem ser resolvidas para permitir um desenvolvimento saudável do self
Acontecimento particularmente relevante nesse período e que permanece um acontecimento com alguma importância ao longo da vida
Cada fase envolve uma crise na personalidade
A resolução bem-sucedida de cada uma das 8 crises requer um equilíbrio entre uma característica positiva e uma correspondente negativa
Embora a qualidade positiva deva predominar, a qualidade negativa também é necessária
Identidade = confiança na própria continuidade interna através da mudança
5ºEstádios
1º Estádio: Confiança vs desconfiança (0-18meses): esperança
2º Estádio: Autonomia versus dúvida e vergonha (18 meses – 3 anos): vontade
3º Estádio: Iniciativa versus culpa (3 – 6 anos): finalidade
4º Estádio: Competência (indústria) versus inferioridade (6 anos – puberdade): competência
5º Estádio: Identidade versus confusão de identidade (Adolescência): fidelidade
Jovem + adulto: amor
Meia-idade: cuidados
Anos posteriores: sabedoria
Fatores que influenciam a construção da identidade:
Influências cognitivas
Influências académicas
Influências parentais
Influências socio-culturais