Técnica 4: Identificação do processo da recaída
A recaída ocorre através de uma sucessão de cognições e comportamentos, num processo que pode ter início em uma decisão que, aparentemente, não tenha nenhuma relação com o uso da droga. Examinemos o exemplo de um caso clínico: um paciente com diagnóstico de dependência do álcool estava abstinente há 6 meses. Em uma tarde, após um conflito interpessoal com o chefe, resolveu voltar a casa caminhando por uma avenida que frequentava quando usava álcool. Não
tinha intenção de beber, apenas caminhar para relaxar. Seguiu pela avenida que abrigava inúmeros bares. Em um dos bares, antes frequentado por ele, um amigo o viu e o convidou a entrar. Dentro do bar, decidiu tomar apenas uma dose de bebida destilada. Saindo do primeiro bar, continuou caminhando, agora tomado por uma culpa imensa por ter violado a abstinência. Entrou em outro bar e se intoxicou.
Técnica 5: Identificar as decisões aparentemente irrelevantes
No exemplo, o processo de recaída se iniciou com o conflito interpessoal. O profissional precisa explorar esse conflito para identificar possíveis dificuldades na habilidade de lidar com conflitos desta natureza. O passo seguinte foi a decisão de ir caminhando pela avenida que tinha os bares por ele frequentados antes da abstinência. O paciente tomou a decisão de forma inconsciente. Ele não tinha a intenção de parar em nenhum dos bares. Esta decisão de caráter inconsciente e sem relação aparente com o uso da droga, Marlatt chamou de "decisão aparentemente irrelevante". É fundamental que no processo da PR o profissional ajude o paciente a identificar essas situações. O processo poderia ser interrompido no início, se o paciente identificasse a decisão como um fator que poderia levar ao lapso e recaída.
Técnica 6: Fatores cognitivos associados à recaída
Ainda no exemplo anterior, o paciente incorreu em diversas cognições disfuncionais. A primeira foi pensar que poderia entrar no bar e não beber. Seguiu-se à violação da abstinência um pensamento "perdido por um, perdido por mil". O profissional que aplica a PR deve estar atento para estes pensamentos disfuncionais, ajudando o paciente a identificá-los e desafiá-los com base na realidade.
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