Please enable JavaScript.

Coggle requires JavaScript to display documents.

SAÚDE MENTAL E SERVIÇOSOCIAL PROF.a ANA MARIA BARBOSA QUIQUETO Aluna:…

- - - - O conceito de Seguridade Social representa um dos maiores avanços da Constituição Federal de 1988. Materializa a “promessa de afirmação e ampliação dos direitos sociais em nosso país, em consonância com as transformações sociopolíticas ocorridas” (CFESS, 2010).
        
        A seguridade social preconizada no projeto ético-político da categoria profissional é concebida como “parte de uma agenda estratégica da luta democrática e popular no Brasil” (CFESS, 2000). Nesse sentido, não pode ser visto como um fim, mas como uma transição para um padrão de civilidade, que começa com a garantia de direitos no sistema atual (capital).
        
        A saúde corresponde a uma das áreas em que os avanços constitucionais foram mais evidentes. O Sistema Único de Saúde – SUS foi regulamentado, em 1990, pela Lei Orgânica da Saúde – LOS. Ao compreender o SUS como estratégia, o Projeto de Reforma Sanitária tem a égide do Estado Democrático de Direito, responsável pelas políticas sociais e, obviamente, pela política de saúde.
        
        A reforma sanitária no Brasil
        
        A proposta mais importante para o estabelecimento da Reforma Sanitária no Brasil foi, sem dúvida, a defesa da universalização das políticas sociais e da garantia dos direitos sociais. Nessa perspectiva, destaca-se a concepção ampliada de saúde, considerada como melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, com ênfase nos determinantes sociais.
        
        O projeto Democracia Restrita contempla os direitos sociais e políticos na perspectiva de um Estado mínimo. A redução do Estado é o objectivo principal, bem como a substituição das lutas colectivas pelas lutas corporativas. No período de 1990, com as perdas sofridas pelo projeto da Democracia de Massas, fortaleceu-se um direcionamento político das classes dominantes.
        
        1 more item...
- - - - O Sistema Único de Saúde visa promover o atendimento universal à população sem qualquer tipo de discriminação. A saúde tornou-se um direito através da Constituição Federal de 1988. No desenvolvimento das ações e serviços do SUS, há o processo de descentralização administrativa gerido pelos três órgãos federais, como a união, os estados e os municípios.
        
        Administração Direta ou Indireta
        Administração Publica
        Administração Direta ( Ministério ou Secretárias de governo e suas Unidades)
        Adiministração Indireta ( Autarquias ,Fundações ,Empresas Públicas,Sociedade s de Economia Mista.
        
        O sistema está organizado de acordo com os princípios organizacionais de regionalização e hierarquização, resolubilidade, descentralização, participação cidadã e complementaridade do sector privado. Para exemplificar cada um desses princípios organizacionais, utilizamos as ideias disponíveis no material “Parâmetros para a atuação do Assistente Social na Saúde” (2010)
        .
        
        É de extrema importância que a população participe do processo de formulação e implementação das políticas de saúde em seu território, estado e país. A participação dos indivíduos é destacada como fundamental, pois é por meio dessa participação que se pode fazer um diagnóstico sobre o que está sendo oferecido e se isso é suficiente para atender a demanda iminente.
        
        O primeiro nível inclui as Unidades Básicas de Saúde – UBS, os Agentes Comunitários de Saúde – ACS, a Equipe de Saúde da Família – ESF e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF. Na etapa da atenção secundária encontram-se serviços especializados oferecidos por ambulatórios e hospitais. Os casos que não podem ser tratados no nível secundário são encaminhados para o nível terciário, pois é onde os especialistas estão disponíveis para discutir situações mais complexas.
        
        Garantia de Direitos no SUS
        
        1 more item...
- - - - Para explicar o processo de “doença”, é importante mencionar neste material que a doença não pode ser compreendida apenas através de medidas fisiopatológicas. O que define o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer (vícios excessivos), ou seja, os valores e sentimentos demonstrados pelo corpo subjetivo que adoece.
        
        Saúde
        
        A saúde é uma prática de vida, vivenciada na parte mais privada e íntima do corpo individual. Prestar atenção aos sinais do próprio corpo é uma boa estratégia para manter uma saúde de qualidade. Não existe um limite preciso entre saúde e doença, mas sim uma relação recíproca entre elas, entre o estado normal e a patologia.
        
        O que é normal para um indivíduo pode não ser para outro, pois não há rigidez no processo. Cada vez que um indivíduo adoece, em condição patológica, diminui sua capacidade de enfrentar outras doenças. Como relata Gamba (2006), ele utiliza seu seguro biológico, sem o qual, sem falta, não estaria vivo.
        
        Processo Saúde-Doença
        
        Existe uma vasta literatura sobre o Processo Saúde-Doença, mas uma nova perspectiva intelectual para a compreensão da saúde e da doença deve ser considerada. O sofrimento vivenciado pelos indivíduos, seus familiares e grupos sociais não corresponde necessariamente à concepção de doença que orienta quem presta cuidados de saúde. A contribuição da saúde não pode ser considerada a única e mais importante.
        
        1 more item...
- - - - No campo da saúde, os avanços solicitados pela categoria na prática profissional são considerados insuficientes. A profissão chegou à década de 1990 com poucas mudanças em seu trabalho institucional, desvinculada dos princípios constitutivos do Movimento da Reforma Sanitária. Os dois projetos políticos (a reforma sanitária e o projeto neoliberal) em disputa na área da saúde demonstram exigências distintas para o Serviço Social.
        
        Ambos os projetos (reforma sanitária e neoliberalismo privatizante) surgiram no cenário de redemocratização da situação brasileira e tiveram continuidade na década de 1980. As demandas democráticas e populares, a mobilização, a articulação e a organização dos trabalhadores do meio urbano e do meio rural fazem parte da agenda política pública brasileira.
        
        Os dois projetos descritos acima estão presentes na área da saúde e estão em processo de disputa (reforma sanitária versus projeto de privatização) O atual governo, em um momento cria ações de fortalecimento para o projeto de reforma sanitária, em outro momento mantém o foco e desfinanciamento de políticas públicas, favorecendo o projeto privado. A profissão em questão, porém, está inserida nesta arena de tensão.
        
        Atuação de Assistentes Sociais na Saúde
        
        É importante, em primeiro lugar, caracterizar a compreensão da ação profissional, que se forma a partir do conhecimento fundamentado da realidade e dos sujeitos a que se destina. A ação do profissional, portanto, deve contemplar os fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos que fundamentam a profissão em determinado momento histórico.
        
        A Reforma Sanitária destacou a importância da determinação social baseada nas categorias do trabalho e da reprodução social da vida. Deixamos claro que a saúde do trabalhador compreende o coletivo de trabalhadores, inserido no processo saúde-doença-trabalho. As atividades necessárias à saúde do trabalhador exigem o desenvolvimento de ações de cuidado, prevenção e promoção da saúde, fiscalização do ambiente e das condições de trabalho.
        
        1 more item...
- - - - A doença mental é extremamente antiga (tão antiga quanto a raça humana), porém nem sempre foi compreendida e tratada com base no conhecimento científico. A forma estranha como o paciente se comportou fez com que outras pessoas sentissem medo desse indivíduo considerado louco. Por isso o doente mental era isolado, ou seja, abandonado.
        
        Entre Loucos, Doentes e Sãos
        
        Ao desvendar a trajetória histórica, são inúmeras as explicações para o adoecimento mental. Comecemos pelo grego Hipócrates (460-377 a.C.), muitas vezes considerado o ‘pai da medicina’. Segundo sua visão, havia algo sobrenatural no processo da doença, ele entendia a epilepsia como uma concepção sagrada.
        
        Nos séculos XV, XVI e XVII, quando se tratava de doença mental, prevalecia o modelo sobrenatural de doença. No século XVIII, os indivíduos que apresentavam transtornos mentais eram considerados seres possuídos por demônios. Em 1872 houve a primeira execução por bruxaria.
        
        No século XVIII, os asilos, onde eram internados os pacientes, pareciam atrações turísticas, passando a ser conhecidos como Torre Lunática - Viena. No mesmo século (século XVIII), na realidade europeia, os hospitais não funcionavam para qualquer finalidade médica. Funcionavam como grandes instituições filantrópicas com o objetivo de abrigar pessoas consideradas “desajustadas” à sociedade.
        
        O Doutor Pinel promoveu uma revolução na assistência aos doentes mentais, mostrando assim que a doença mental tinha cura. Iniciou uma forma mais humana de tratá-los, oferecendo-lhes um local mais higienizado, arejado, com luz solar, proporcionando até trabalho no comércio. A compreensão dos doentes começou a ser incorporada, deixando de lado a dos loucos.
        
        1 more item...
- - - - É importante destacar o início dessa temática, que se deu no final da década de 70, quando surgiu o processo de reforma psiquiátrica no Brasil. No início da década de 1980, esses movimentos articularam os mesmos propósitos e começaram a ocupar espaços públicos que moldam o poder e a tomada de decisões. O objetivo era encontrar formas de introduzir possíveis mudanças no modelo de saúde oferecido na época.
        
        O movimento antimanicomial
        
        Vincent Van Gogh passou por inúmeras hospitalizações devido a problemas mentais. O artista, na ânsia de buscar uma captura perfeita de seu autorretrato, cortou a própria orelha, poucos anos antes de cometer suicídio, em julho de 1890. Nesse sentido, pense nesses ambientes passados e na atual política pública de internação.
        
        A I Conferência Nacional de Saúde Mental ocorreu em 1987. Em 1989, o deputado Paulo Delgado (PT-MG) apresentou o projeto de lei 3.56.789, que propunha a “extinção progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais”. realizou-se a conferência 'Reestruturación de la Atención Psiquiátrica na Región'.
        
        O movimento antimanicomial tem aspectos fundamentais relativos à diversidade, complexidade e não homogeneidade. A retirada da especificidade profissional para a área cultural alterou a definição dos serviços de saúde. Em 1992, foi realizada em Brasília a II Conferência Nacional de Saúde Mental. Foi proposta a formação e instalação da Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica vinculada ao conselho nacional de saúde.
        
        Esperamos que vocês, estudantes, tenham compreendido melhor o processo da história da reforma psiquiátrica brasileira. As organizações das conferências nacionais de saúde mental são mobilizadores sociais extremamente importantes. O documento “CFESS Manifesta”, elaborado pelo Conselho Federal de Serviço Social, reafirma que a “instituição manicomial expressa a redução do conceito de saúde”.
- - - - Em 1978, ocorreu no país a implementação do Modelo Social para os direitos dos indivíduos com condições psiquiátricas. A base para a implementação deste Modelo baseou-se na experiência italiana, que procurou seguir uma direção de construção coletiva crítica em direção ao conhecimento psiquiátrico. Em 1987, houve aprovação da redução gradativa dos leitos psiquiátricos e da modificação por serviços substitutivos.
        
        Em 1976, ocorreu o espancamento do Bispo Dom Adriano Hipólito, seguido da morte de dirigentes dos Partidos Políticos - PC do B em São Paulo, impeachment de parlamentares, publicação da Lei Falcão e explosões de bombas. Esses acontecimentos ocorreram num clima de total excitação na situação brasileira, e já eram fruto de anos anteriores. Em 1978, no Rio de Janeiro, foi desenvolvido o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental – MTSM
        
        A Lei nº 10. 216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a reforma psiquiátrica, só foi implementada devido ao projeto de lei nº 3. 657, apresentado pelo deputado federal Paulo Delgado em 1989. A lei foi sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e instituiu uma mudança no tratamento de pacientes em condições psiquiátricas.
        
        Na década de 1980, surgiu outra crise no campo da saúde mental, devido à grande procura de internações psiquiátricas. O 1º Centro de Atenção Psicossocial – CAPS – do país foi implantado em 1987. Em meados de 1991, foi aprovado no Brasil um projeto de lei de autoria do deputado Paulo Delgado, pela Câmara dos Deputados.
        
        As principais reclamações em relação aos serviços de saúde mental foram o fato de o trabalho ser realizado de forma isolada e desarticulada de outras instituições formais e informais. Entre 1989 e 1995, a política de desinstitucionalização e redução de leitos em curso obteve resultados significativos. Em termos de leitos, houve uma redução de cerca de 20 mil leitos no Brasil.
        
        Período 2 (1992-2000)
        
        1 more item...
- - - - A aprovação definitiva de uma nova Política Brasileira de Saúde Mental só foi consolidada em 6 de abril de 2001. É importante lembrar que esta lei foi aprovada com alguns ajustes à anterior minuta da Lei de Paulo Delgado. Foi a partir da publicação de leis estaduais e municipais, posteriores a esta grande lei, que houve avanços significativos no processo de reforma psiquiátrica em todo o contexto brasileiro.
        
        O Sistema Único de Saúde – SUS – é o único em todo o território do país. Em 2011, foi promulgada a Portaria nº 3.088, que instituiu “a Rede de Atenção Psicossocial às pessoas com sofrimento ou transtorno mental” (BRASIL, 2011).
        
        Os dispositivos de atendimento para a Assistência em Saúde Mental no país.
        
        O Sistema Único de Saúde - SUS - é o único em todo o território do país. Em 2011, foi promulgada a Portaria nº 3.088, que instituiu “a Rede de Atenção Psicossocial às pessoas com sofrimento ou transtorno mental” (BRASIL, 2011).
        
        A Política Nacional de Saúde Mental busca mudar o modelo de Atenção à Saúde Mental no SUS. Propõe ampliação e qualificação do atendimento nos serviços comunitários, em bases comunitárias e territoriais. A implementação concomitante de serviços de atenção psicossocial foi de extrema importância para alimentar e materializar a conquista da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
        
        A reflexão sobre o campo da saúde mental exige e é orientada pela viabilidade de desenvolver uma análise baseada nas diversas áreas do conhecimento. Ianni (1986, p. 3) considera que as reflexões que vão sendo reveladas são como descobertas que enriquecem cada vez mais a realidade. Eles absorvem muito do que havia no início e os recolocam no caminho a ser seguido
        
        1 more item...
- - - - A nova organização dos serviços de saúde mental pós-reforma, prevista pelo Ministério da Saúde para o SUS, visa garantir os direitos conferidos pela Lei nº 10. 21.601, o direito do paciente de ser tratado preferencialmente em um serviço comunitário de saúde mental serviço. Os pacientes internados por um longo período estarão sujeitos a uma política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida.
        
        A Lei nº 7.082.003 criou a possibilidade de pagamento de benefício assistencial mensal temporário de R$ 240,00, por meio do Programa Retorno para Casa. O valor do benefício é fixado em R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), que poderá ser reajustado pelo Poder Executivo conforme disponibilidade orçamentária. Em relação à redução dos hospitais psiquiátricos, houve uma consequente redução de aproximadamente 30 mil leitos.
        
        A Lei nº 10.1.262.001 garantiu o direito à reinserção social dos pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos. Impulsionou o atual modelo de atendimento aos pacientes psiquiátricos. Neste novo modelo, o Ministério da Saúde implementou também serviços residenciais terapêuticos em saúde mental, entendidos como “habitações ou casas localizadas, preferencialmente, na comunidade”
        
        Centros de Atenção Psicossocial - CAPS
        
        Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS – visam viabilizar a organização de uma rede substituta do Hospital Psiquiátrico no território brasileiro. O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população, realizar acompanhamento clínico e reinserção social dos pacientes por meio do acesso ao trabalho, ao lazer, ao exercício dos direitos civis e ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
        
        Atualmente, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Distrito Federal conta com 18 CAPS em funcionamento, entre as diferentes modalidades, sendo elas:
        
        1 more item...
- - - - A Política Pública de Saúde Mental no Brasil começou com o atendimento e assistência aos trabalhadores. O movimento militar, ocorrido em 1964, tornou-se um marco na segmentação entre a assistência prestada aos portadores de transtornos mentais e aos que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Neste período houve um aumento significativo no número de espaços sócio-ocupacionais para funcionamento do Serviço Social.
        
        Na década de 1970 a profissão de Serviço Social, no Brasil, viveu um período de questionamentos dentro da própria categoria profissional. Este Movimento, entre outros, refutou as metodologias utilizadas no âmbito da Política de Saúde Mental. Apesar deste aumento significativo dos espaços sócio-ocupacionais em que atua o Serviço Social, não houve demanda específica para o trabalho do assistente social.
        
        O Serviço Social de hoje foi influenciado pelo Movimento Institucionalista e Sanitário. No campo da psiquiatria, pode-se dizer que a profissão também foi influenciada pelo Movimento de Reforma Psiquiátrica. Os programas resultantes do modelo de saúde mental na maioria dos países ocidentais estão organizados em duas frentes de financiamento e estruturas de assistência política, que incluem a política de saúde e a política de assistência social.
        
        Silva (2014) defende que o trabalho dos assistentes sociais no campo da saúde mental se apresenta num momento de desconstrução e reconstrução. O trabalho realizado na atenção à saúde mental requer atuação interdisciplinar e complexa, pois o profissional de Serviço Social compreenderá o coletivo da equipe docente do ensino superior, que atua na área da saúde.
        
        Os assistentes sociais contemplam a temática da saúde mental nos seus debates e na sua formação profissional, para que esta procura seja de facto qualificada pelos Serviços Sociais. O assistente social atua em diversos projetos e programas dentro de unidades psiquiátricas, como já evidenciado, sua prática se transformou nesta área ao longo do tempo.
        
        A questão Social e a Saúde Mental
        
        1 more item...
- - - - A família e seus conflitos em relação aos transtornos mentais. Reiteramos os conhecimentos já discutidos nas aulas anteriores, que relatam a identificação de pessoas com transtorno mental como ‘loucas’. A justificativa para esta situação baseou-se na ideia de que o usuário com transtorno mental seria uma ameaça para a família, causando perigo para toda a estrutura familiar.
        
        A identificação de uma doença crónica ou de uma incapacidade permanente no contexto familiar é vista como um período de luto e crise. Para Soares e Munari (2007, p. 358) um momento de “desequilíbrio entre a demanda por ajuste e os recursos disponíveis para lidar com a questão”.
        
        O período crítico mais difícil para as famílias, diante do sofrimento psíquico, parece ser a mudança pela qual passa o usuário com transtorno mental. Em meados da década de 1990, os familiares passaram a ser vistos “como usuários dos serviços e como sujeitos políticos do processo de reforma psiquiátrica brasileira, em curso no país, como dirigentes políticos”.
        
        O trabalho do assistente social com as famílias das pessoas com transtorno mental
        
        O assistente social articula o trabalho com os grupos familiares com a intersetorialidade, pois tem que atuar em conjunto com outras políticas públicas. Vale lembrar que todos os profissionais da equipe de saúde mental atuam diretamente com as unidades familiares. Contudo, é o assistente social quem tende a ter maior dedicação a este grupo na sua intervenção diária.
        
        Em Bussula, Oliveira e Volpato (2009) a discussão se dá a respeito da intervenção do assistente social junto aos usuários com sofrimento psíquico. Seus familiares precisam estar em convivência com as necessidades dos pacientes, de forma que desenvolva autonomia, emancipação e garantia do exercício de direitos.
        
        1 more item...
- - - - A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) caracteriza-se como forte aliada na superação do antigo modelo de Atenção à Saúde Mental. A RAPS também contribui para a integração de usuários em condições de sofrimento mental nos territórios das cidades. O aprofundamento do conhecimento da RAPS deverá consolidar o fortalecimento da saúde como direito de cidadania.
        
        A RAPS foi pensada e implementada para pessoas em condições de sofrimento psíquico (transtorno mental) e com vulnerabilidades decorrentes do uso de substâncias psicoativas. Foi instituído através da Portaria nº. redes do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2017). A RAPS foi anteriormente legalizada através do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011.
        
        A atuação do Serviço Social na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): reflexão
        e criticidade
        
        O desmonte do SUS tem consequências diretas na implementação da Política de Saúde Mental e da Política de Drogas. Essa situação traz impactos no mercado de trabalho do Serviço Social, uma vez que os profissionais dessa categoria são contratados tanto na rede pública quanto na privada. Neste contexto, é necessário abordar a interdisciplinaridade nesta parte como fator de intersecção de saberes multidisciplinares.
        
        A intersetorialidade ocorre por meio da inter-relação entre as diferentes áreas que compõem as políticas públicas e os direitos sociais, tais como: Outras políticas, a fim de atender globalmente as demandas das pessoas usuárias dos serviços da RAPS. Em relação ao Serviço Social, percebe-se que os profissionais desta área consideram a equipe de atenção e cuidado aos usuários com sofrimento psíquico o principal articulador intersetorial.
        
        O Serviço Social tem a responsabilidade de dialogar com os demais profissionais, gestores, coordenadores e usuários em prol da saúde mental comunitária e territorial. Apesar do aumento significativo de profissionais na rede de atenção psicossocial devido à crescente demanda, vale destacar que o conhecimento em torno do tema continua sendo pouco discutido.
        
        1 more item...
- - - - O trabalho na emergência psiquiátrica acaba ficando à mercê dessa modalidade de atuação, pois acaba reduzido à subordinação, obediência às normas impostas pela unidade, dificultando a possibilidade de acesso aos direitos dos pacientes. Os usuários são atendidos pela assistente social por meio de atendimentos, orientações e esclarecimentos individuais.
        
        É interessante salientar que esse tipo de orientação revela as precárias condições de vida e sobrevivência enfrentadas pelos usuários com transtornos mentais e seus grupos familiares usuários do Sistema Único de Saúde. Outro ponto importante a ser relatado diz respeito ao perfil dos usuários que solicitam atendimento na instituição. Esses usuários são em grande parte negros, pobres e em condições de vulnerabilidade social e sofrimento psicológico.
        
        Dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde - SUS, a população negra representa 67%, e a população branca, 47,2% do total da população atendida. Os dados reportados pelo IPEA (2011) e complementados por Barbosa et al, (2021, p. 354) confirmam. Nos serviços de saúde, pode-se observar racismo institucional.
        
        Um número significativo de usuários que chegam em serviço já são reincidentes, geralmente deslocados de outros municípios, localidades que não possuem tais unidades de atendimento. Essa situação ocorre devido às condições precárias e/ou falta de investimento em políticas públicas de saúde mental. Os usuários consideram os hospitais psiquiátricos as únicas possibilidades viáveis de atendimento, pois muitos ainda consideram a internação de “longa duração” como a única solução.
        
        A falta de condições ou a prestação de forma precária dificulta o planejamento dos trabalhos, a plena execução das atividades, a segurança dos processos e o sigilo profissional. Em geral, no plantão hospitalar psiquiátrico, os registros são feitos durante o atendimento e sistematizados em documento próprio do hospital, que acaba sendo compartilhado por outros profissionais da equipe.
        
        Dessa forma, a insuficiência de instrumentos específicos, como instrumentos indiretos escritos para o assistente social organizar as atividades práticas, acaba por dificultar uma articulação entre a prática profissional e o projeto ético-político do Serviço Social. Souza (2008), em seus estudos destaca a importância da sistematização do trabalho profissional.
        
        1 more item...
- - - - A teoria do Serviço Social na área da saúde mental pode ser considerada iniciante. Dois entrevistados indicaram falta de conhecimento sobre o tema no processo de formação profissional. O Serviço Social deve orientar-se pela criticidade dos elementos sociais do fenômeno saúde-doença e fundamentar-se no projeto ético-político profissional.
        
        É preciso ir além das limitações que a psiquiatria estabeleceu sobre a loucura, entendendo-a como uma variável meramente biológica. Os dados coletados na literatura infelizmente informam o quão pouco preparados, teórica e metodologicamente, são os profissionais para atuar na área da saúde mental. Muitas destas pessoas não sabem o que são serviços de saúde mental substitutos.
        
        Os serviços sociais são responsáveis por todas as questões genéricas e contextuais consideradas sociais, pois escapam ao plano biológico ou psicológico. É muito importante que os estudantes de Serviço Social tenham acesso ao conhecimento, durante os estudos, sobre saúde mental e serviços substitutivos. São inúmeras as possibilidades de esses profissionais contribuírem para o modelo de atenção aos usuários com transtornos.
        
        A disciplina de estágio constitui um importante campo de aquisição de experiência. Através desta prática é possível adquirir uma apropriação de conhecimentos na área específica, em que o aluno começa a intervir. As práticas realizadas nos campos de estágio devem possibilitar e exercitar a compreensão e a reflexão das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa.
        
        A sistematização do trabalho no campo da saúde mental
        
        O processo de sistematização do trabalho é um importante recurso para evidenciar a dimensão crítico-investigativa da profissão. Pelo que está exposto no esquema e nas análises sobre o tema, confirmamos que o processo de formação do assistente social requer espaço para o conhecimento do processo histórico da política de saúde mental, da reforma psiquiátrica e do fenômeno da loucura.
        
        1 more item...
- - - - Para implementar plenamente a Reforma Psiquiátrica, precisamos fazer grandes progressos no campo da saúde mental. É importante relatar que o cuidado em saúde exige a compreensão do indivíduo de forma integral. A assistência prestada às pessoas com sofrimento psíquico não deve ficar restrita apenas aos serviços de saúde mental, mas também estar ligada a outros serviços.
        
        A atual situação de precariedade que afeta a saúde mental no país tem impactado diretamente na assistência prestada aos indivíduos que procuram esses serviços. O indivíduo em sofrimento psíquico acaba tendo sérios prejuízos no seu tratamento. É preciso romper com a trajetória das internações hospitalares em psiquiatria, e compreender que o hospice “não trata e seus muros que isolam não cuidam”.
        
        Principais Dificuldades Apresentadas no Cotidiano da Prática Profissional
        
        São inúmeras as situações de precariedade na política de saúde mental, suscitando preocupações quanto ao esgotamento do trabalho, à falta de recursos e de coordenação dos profissionais do serviço social. Neste cenário, assistimos ao desmantelamento do Estado nacional, situação político-económica presente desde o final da década de 1980 e com maior intensidade na década de 1990.
        
        Trabalhar com a família é uma exigência histórica imposta à profissão. Para o profissional de Serviço Social surgem inúmeras possibilidades de atuação no espaço social de reconhecimento familiar. No atual cenário da política de Saúde Mental, a família representa um elemento essencial para a consolidação da autonomia, da iniciativa e da efetivação dos direitos dos indivíduos.
        
        Os assistentes sociais têm ficado à mercê dos ditames da psiquiatria, cedendo lugar ao apoio familiar em torno dos cuidados e ações terapêuticas dentro dos equipamentos. As novas práticas presentes na política de Saúde Mental demonstram ações terapêuticas para todos os profissionais dos serviços de saúde mental. Esses profissionais precisam entender que possuem um espaço legítimo no campo da Saúde Mental.
        
        1 more item...