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Transtornos mentais orgânicos Delirium, Tem duração limitada, em geral…
Transtornos mentais orgânicos
Delirium
Correspondem uma série de transtornos mentais reunidos, tendo em comum uma etiologia demonstrável como doença, lesão cerebral ou outro comprometimento que leva à disfunção cerebral.
A disfunção pode ser primária, em ação direta sobre o sistema nervoso, ou secundária.
Ocorre comprometimento das funções cognitivas (memória, linguagem, atenção), por vezes precedida de deterioração do controle emocional, do comportamento social ou da motivação.
Delirium ou estado confusional agudo é uma síndrome clínica caracterizada por:
Delírios pouco estruturados e fugazes.
Déficit de memória de fixação e relativa preservação da memória remota.
Distúrbio da capacidade de compreensão e de abstração.
Desorientação (mais comum no tempo).
Distúrbios da percepção (distorções, ilusões e alucinações).
Comprometimento da atividade psicomotora (aumento ou redução).
Comprometimento da atenção.
Alteração do ciclo sono-vigília.
Rebaixamento súbito do nível de consciência.
Transtornos emocionais (depressão, ansiedade, medo, irritabilidade, euforia, apatia, perplexidade), com início abrupto dos sintomas e flutuação ao longo do dia, tendendo a piorar à noite.
Etiologia
Abstinência de substâncias:
: álcool (delirium tremens); anfetaminas e relacionadas; sedativos; hipnóticos e ansiolíticos e outras substâncias.
Medicamentos:
anestésicos; cardiovasculares; analgésicos; antimicrobianos; antiasmáticos; anticonvulsivantes; antiparkinsonianos; anticolinérgicos.
Causas intracranianas
: infecções como meningite e encefalite; encefalopatia hipertensiva; sequelas de traumatismo craniano.
Toxinas:
anticolinesterase; dióxido de carbono; organofosforados; substâncias voláteis; monóxido de carbono; combustíveis ou tintas.
Causas extracranianas:
infecções sistêmicas; transtornos metabólicos; hipóxia; hipercapnia; desequilíbrio eletrolítico.
Epidemiologia
É bastante frequente, principalmente em pacientes internados.
Pode acometer até 80% dos pacientes criticamente enfermos sob ventilação mecânica.
70% dos casos não são reconhecidos pelos médicos, levando ao aumento das taxas de mortalidade e morbidade, declínio da capacidade funcional e prolongamento das internações hospitalares.
Subtipos
Delirium hiperativo e seu extremo, o subtipo excitado:
inquietação, agitação e labilidade emocional, sendo mais facilmente detectado.
Delirium misto:
alternância entre os tipos hipo e hiperativo.
Delirium hipoativo e seu extremo, o subtipo catatônico:
apatia e redução da capacidade de respostas. Associado a maior mortalidade é o menos diagnóstico e usualmente confundido com quadro depressivo.
Delirium prolongado ou persistente:
presenciado em diversos cenários, inclusive após a alta hospitalar, geralmente em pacientes com comprometimento cognitivo basal ou com sequelas.
Delirium subsindrômico:
pouco reconhecido, preenche apenas parcialmente os critérios diagnósticos.
Diagnóstico
É essencial tentar encontrar e tratar a causa-base, que deve ser o foco principal do manejo.
É importante a solicitação de todos os exames laboratoriais, pois sempre haverá causa orgânica no delirium.
Exames básicos:
hemograma completo com diferencial de leucócitos; eletrólitos; índices renais e hepáticos; glicemia; testes de função da tireoide; teste sorológico para sífilis e HIV; análise de urina; ECG; triagem para drogas no sangue e na urina.
Exames adicionais:
cultura de sangue; urina; concentração de ácido fólico e B12; TC ou RNM do cérebro; punção lombar e exame de liquor.
O CAM é um instrumento para diagnóstico de delirium que se apoia em 4 critérios:
Critério 2:
desatenção.
Critério 3:
pensamento desorganizado.
Critério 1:
início agudo ou curso flutuante.
Critério 4:
nível alterado de consciência.
Tratamento
O tratamento da condição médica que induz à agitação é primário.
Posteriormente, se necessário, deve-se sedar com neuroléptico de alta potência e baixa interferência em parâmetros vitais (haloperidol 5mg, IM a cada 30 minutos, até obter sedação, com a possibilidade de dose máxima entre 45 e 100mg em 24h).
Pode-se utilizar neuroléptico atípico, como risperidona 1 a 2mg, VO ou ziprasidona 40mg, VO.
Deve-se manter cerca de metade da dose inicialmente eficaz, IM ou oral com redução progressiva á medida que os sintomas remitem.
A dose de manutenção em idosos deve ser menos, 1mg VO a cada 12h.
Tem duração limitada, em geral dias ou semanas e os sintomas desaparecem quando o fator de causa é identificado e tratado.
O diagnóstico de delirium requer a presença dos critério 1 e 2 associados aos critérios 3 ou 4.
A utilização de um exame do estado mental á beira leito (como o MMSE) pode ser útil para documentar o comprometimento cognitivo e para obter um parâmetro de comparação evolutiva.
Diagnósticos diferenciais:
Demência:
o curso é mais lento e insidioso e não há rebaixamento do nível de consciência. Porém, ambas as condições podem coexistir.
Mania ou outro transtorno psicótico:
o paciente também apresenta alucinações, delírios, pensamento desorganizado e agitação, mas não tem alteração da consciência.
Depressão:
confunde sobretudo com o subtipo sonolento de delirium.