Ao final do século XIX e início do XX, verificou-se um intenso processo de formação de grandes monopólios,
que passaram a limitar a oferta e a aumentar os preços. Em 1890, nos Estados Unidos, voltou-se a Lei Sherman
contra os trustes, declarando-se ilegal o monopólio da indústria e do comércio, bem como o conluio para a fixação
de preços. Assim, já no início do século XX, passou-se a regular a atividade econômica, colocando-se em dúvida o
papel da “mão invisível”, de Adam Smith, para conduzir os mercados a responder satisfatoriamente aos problemas
fundamentais da economia: o que produzir, como e para quem. Isso ficou claramente demonstrado com o crack da
Bolsa de Nova York, em 1929, e a posterior Grande Depressão dos anos 1930. Desse modo, a partir dos anos 1920, devido particularmente aos elevados níveis de desemprego
observados nos países capitalistas, o Estado acrescentou às funções tradicionais de justiça e segurança a de
ofertante de bens públicos — eletricidade, saneamento, rodovias, ferrovias, portos, dentre outros. Essas novas
funções econômicas do Estado ampliaram-se, sem dúvida alguma, a partir da publicação da Teoria Geral de
Keynes, em 1936. Em praticamente todos os países capitalistas, observou-se expressivo aumento nos gastos
públicos, crescente participação do Estado na produção nacional e ampla gama de leis que buscavam a
regulamentação da atividade econômica.
Assim, ao longo da história recente, a participação do Estado na economia vem crescendo, entre outras,
pelas seguintes razões:
✔️crescimento da renda per capita:
o aumento da renda per capita gera aumento da demanda de
bens e serviços públicos (lazer, educação, saúde etc.);
✔️mudanças tecnológicas:
a invenção do motor de combustão significou maior demanda por rodovias
e infraestrutura, que passou a ser ofertada pelo Estado, porque, de um lado, a iniciativa privada,
via de regra, não dispunha de capitais suficientes e, de outro, era uma forma de proteger e
encorajar o crescimento de diversos setores econômicos;
✔️ desemprego:
os elevados níveis de desemprego (milhões de pessoas desempregadas)no início dos
anos 1930 conduziram o governo à realização de obras de infraestrutura que absorvessem
contingentes elevados de mão-de-obra;
✔️mudanças populacionais:
alterações na taxa de crescimento populacional conduzem a aumentos
nos gastos do Estado, em virtude do crescimento de suas despesas com educação, saúde etc.;
✔️efeitos da guerra:
durante períodos de guerra, a participação do Estado na economia aumenta
(portanto aumenta o gasto público). Entretanto, o interessante é que, quando o conflito bélico
termina, o gasto público se reduz, mas não a ponto de voltar ao nível existente antes da guerra;
✔️fatores políticos e sociais:
novos grupos sociais passaram a ter maior presença política,
demandando assim novos empreendimentos públicos (por exemplo, escolas, creches etc.);
✔️mudanças da Previdência Social:
inicialmente a Previdência Social foi concebida como um meio de
o indivíduo autofinanciar sua aposentadoria. Posteriormente, essa instituição constituiu-se em um
instrumento de distribuição de renda. Isso levou a uma maior participação do Estado (aumentando
o gasto público) no mecanismo previdenciário
Aliada a esses fatores, a própria evolução da economia mundial no século XX acarretou o desenvolvimento
dos mercados financeiros e do comércio internacional que tornaram mais complexas as relações econômicas,
adicionando elementos de incerteza e de especulação, praticamente inexistentes anteriormente, o que motivou o
alargamento das funções econômicas do Estado.