A etimologia da palavra civilizado diz-se de indivíduo que tem civilização, aquele que pertence a uma sociedade; vemos a reverberação desse termo através da contraditória ação do civilizado ao iniciar uma guerra para impor traços seus. Já aqueles que eram atacados por sua não civilização, eram ditos como ausentes de fé, por isso diziam que era uma guerra justa, pois na tese deles, eles estavam agregando uma cultura e não a tirando-a. Neste contexto ainda não havia uma máquina repressora definida, como o Estado, mas havia sim instituições carregadas de ideologia que impunham uma ordem material do mundo, podemos reconhecer a Igreja como parte dessas instituições. A "liberdade" conquistada pela catequese, em que os índios aliados possuíam essa tal liberdade, também deve ser repensada e essa era vista como um "presente dos deuses", já que aos índios inimigos era destinada a escravidão. E como diz o livro "Aparelhos ideológicos do Estado" O civilizado "estabelece um sistema que reforça a si mesmo e infunde suas raízes na vida dos não civilizados e, com isso, molda as subjetividades, provocando uma íntima relação de dominação". Muitos sucumbiram, outros resistiram, mas de maneira alguma a colonização, a imposição de uma cultura e a negação de outra ocorreu de maneira pacífica. Já questionaria Tom Zé “Com quantos quilos de medo se faz uma tradição?”