Psicologia Escolar e Educacional

Fonte: ANTUNES, M., A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Campinas, v. 12, n. 2, Dec. 2008.

Autora: Paula Cerqueira

História
(Brasil)

Compromissos

Perspectivas

Dimensões

Psicologia Educacional

Psicologia Escolar

Um dos fundamentos científicos da educação e da prática pedagógica

Modalidade de atuação profissional que tem no processo de escolarização seu campo de ação

Foco na escola e nas relações que aí se estabelecem

Pressupostos

Educação (conceito): prática humanizadora, intencional, cuja finalidade é transmitir a cultura construída historicamente pela humanidade

O homem não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento ao mundo histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo (educação)

Escola

Escola (conceito): Instituição gerada pelas necessidades produzidas por sociedades que demandavam formação específica de seus membros

Adotou ao longo da história diversas formas em função das necessidades que teria que responder

Privilégio contraditório já que a concepção de escola hoje a coloca como uma das condições fundamentais para a democratização e o estabelecimento da plena cidadania a todos

Tem sido, em geral, destinada a uma parcela privilegiada da população, a quem caberia desempenhar funções específicas aos interesses dominantes de uma dada sociedade

Escola, um dos fatores necessários e contingentes para a construção de uma sociedade igualitária e justa

Tem como finalidade promover a universalização do acesso aos bens culturais produzidos pela humanidade para aprendizagem e para o desenvolvimento de todos os membros de uma sociedade

Pedagogia

Pode ser entendida como fundamentação, sistematização e organização da prática educativa

Considerada como uma sub-área da psicologia

Tem como vocação a produção de saberes relativos ao fenômeno psicológico constituinte do processo educativo

Define-se pelo âmbito profissional e refere-se a um campo de ação (processo de escolarização) tendo por objeto a escola e as relações que aí se estabelecem

Fundamenta sua atuação nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação

intrinsecamente relacionadas

Não são idênticas e nem reduzida uma a outra (cada qual sua autonomia relativa)

Uma área de conhecimento

Um campo de atuação, tendo como foco o fenômeno psicológico

Desde os tempos coloniais

Obras produzidas no período colonial identifica temas como: aprendizagem, desenvolvimento, função da família, motivação, papel dos jogos, controle e manipulação do comportamento, formação da personalidade, educação dos indígenas e da mulher

A maioria desses escritos estava comprometida com os interesses metropolitanos e expressava as mazelas de sua dominação na colônia

No século XIX, ideias psicológicas articuladas à educação foram também produzidas na pedagogia. Temas como aprendizagem, desenvolvimento,ensino e outros

Em meados do século (século XIX), essa preocupação torna-se mais sistemática e freqüente

Nos anos finais deste mesmo século (século XIX) possível perceber a incorporação de conteúdos que mais tarde viriam a ser considerados como objetos próprios da psicologia educacional

Reforma Benjamin Constant (1890), que transformou a disciplina filosofia em psicologia e lógica, que, por desdobramento, gerou mais tarde a disciplina pedagogia e psicologia

Final do século XIX mudanças profundas na sociedade brasileira: fortalecimento do pensamento liberal e em direção ao processo de industrialização (capitalismo).Novo projeto de sociedade que exigia transformação social, um novo homem, cabendo a educação responsabiliza-se pela sua educação

Escola Nova: as escolas normais passaram a ser o principal centro de propagação das novas ideias (princípios escolanovistas) com vistas à formação dos novos professores, por meio dos então inaugurados laboratórios de psicologia

Paulatinamente ocorreu a conquista de autonomia da psicologia como área especifica de conhecimento no Brasil, sendo reconhecida como ciência autonôma

Percebe-se uma interdependência entre psicologia e educação. É possível afirmar que psicologia e educação são, historicamente, no Brasil, mutuamente constituintes uma da outra, dando base para a penetração e consolidação da psicologia educacional, já desenvolvida nos EUA e Europa

1930: consolidação da psicologia no Brasil. Os campos de atuação da psicologia (atuação clínica e organização do trabalho) tiveram suas raízes na educação

A Educação continuou sendo a base para o desenvolvimento da psicologia, assim como esta permaneceu como principal fundamento para a educação, particularmente no âmbito pedagógico (especialmente para formação de professores)

O desenvolvimento da pesquisa também ganha impulso

Começam a se diferenciar psicologia educacional (saberes que pretende explicar e subsidiar a prática pedagógica - necessário para todos os educadores) e a psicologia escolar, atuação de profissionais da psicologia no âmbito da escola (inicialmente se caracterizou por adotar o modelo clínico)

O papel que a psicologia desempenhou na educação tornou-se objeto de crítica. A utilização e a interpretação indiscriminadas de teorias e técnicas psicológicas (como os testes), a responsabilização da criança e de sua família (em nome da "ordem emocional") para justificar o desempenho do aluno na escola e a redução dos processos pedagógicos, desconsiderando fatores multisociais, colaboraram para interpretações e práticas equivocadas

Esse processo culmina em 1962 com a regulamentação da profissão do psicólogo e estabelecimento de cursos para sua formação e deu base para os campos tradicionais de atuação da psicologia: educação, clínica e trabalho

Com a regulamentação da profissão, a educação que antes era base principal para o desenvolvimento da psicologia no Brasil, torna-se secundário. Um dos fatores para a adoção de uma modalidade clínico-terapêutica na ação da psicologia escolar

Hipertrofia da psicologia na educação: as relações entre educação e psicologia vão se diferenciando: psicologia educacional (foco de interesse tanto de pedagogos como e psicólogos) e psicologia escolar (atributo específico do profissional da psicologia que atua no espaço escolar no modelo cada vez mais clínico-terapêutico)

Crítica radical à Psicologia Escolar e Educacional por psicólogos escolares, pesquisadores, pedagogos e educadores em geral

Outras áreas do saber ganham espaço: relação entre desempenho escolar e condições sócio-econômicas ganhava espaço nos debates educacionais e deram bases para a superação da psicologia escolar clínico-terapêutica.

Compromisso implica três instâncias

Aquele que se compromete

Aquele com quem se compromete

Aquilo com que se compromete

Refere-se à Psicologia Escolar e Educacional

Refere-se as classes populares

A construção de uma educação democrática

Socialização dos conhecimentos produzidos pela humanidade ao longo de sua história, criando condições para que todos possam ascender do senso comum aos saberes fundamentados, articulados e sintéticos sobre o mundo

Democratização de saberes (foram historicamente privilégios): formal e de outros conhecimentos, que devem ser considerados em todas as suas expressões, da filosofia à ciência e às artes, em permanente diálogo com a cultura própria da criança

Propiciar o desenvolvimento pleno do educando, em todos os aspectos que o constitui como sujeito singular e, ao mesmo tempo, pertencente ao gênero humano

Concretização de políticas públicas de educação radicalmente comprometidas com os interesses das das classes populares: garantir pleno acesso e condições de permanência

Psicologia

Fornecer categorias teóricas e conceitos que permitam a compreensão dos processos psicológicos que constituem o sujeito do processo educativo

Assumir seu lugar como fundamentos da educação e da prática pedagógica e reconhecer educador/professor como sujeito do processo educativo

Compreender o educando educando a partir da perspectiva de classe e em suas condições concretas de vida