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RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Capítulos "O que é lugar de…
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Capítulos "O que é lugar de fala?" e “Todo mundo tem lugar de fala".
"Lugar de fala não é impedir alguém de falar, é dizer que outra voz precisa falar."
Não se trata de afirmar experiências individuais, e, sim, entender como o lugar social que certos grupos ocupam implica na forma de caminhar pela vida. É a essa perspectiva de ‘lugar de fala’ como construção social que Djamila e o livro estão posicionados.
Desse ponto de vista, os estudos centrados nas análises dos lugares de fala colocam em destaque as estruturas sociais que atravessam as experiências coletivas vivenciadas por grupos.
Trata-se de problematizar as relações sociais de sexo/gênero, raça e classe social a partir de uma perspectiva estrutural, e não pós-moderna/identitária, como equivocadamente a crítica em relação ao conceito tem sido apresentada
Dito de outro modo, os tipos de opressões e controles que operam, por exemplo, sobre a população em situação de rua, ainda que a experiência de racismo institucional seja da ordem do singular, revelam profundas relações com um passado escravocrata-colonial-patriarcal.
- Lugar de fala representa uma ruptura com o pensar hegemônico, ao comunicar narrativas de diferentes pontos de vista.
- A marcação do lugar de fala é imperativa para que se reconheçam as realidades que foram desconsideradas na pauta hegemônica
- Reduzir lugar de fala somente a vivências individuais é um grande erro, visto que se trata de uma discussão estrutural. Nesse caso, não se nega a perspectiva individual, mas a ênfase é depositada no lugar social ocupado com referência à matriz de dominação.
- “Todo mundo tem lugar de fala” que versa sobre a necessidade de responsabilização dos grupos de poder. Ou seja, que aquelas/es que ocupam posições privilegiadas - não só podem, como devem - estudar, debater e teorizar sobre questões de pessoas subalternizadas, refletindo criticamente a partir do local social que ocupam.
A autora usa uma abordagem histórica
para construir uma crítica sobre a competição entre opressões e os feminismos hegemônicos.
Todos aqueles feminismos fortemente ligados à reprodução de um feminismo eurobranco
que exclui inúmeras mulheres, especialmente as mulheres negras.
As mulheres negras, por meio de autodefinição e ressignificação, podem romper com a visão colonial que as produziu e desumanizou.
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É fundamental pensarmos o lugar de fala como lugar onde “o falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas de existir, [de ter reconhecida a própria humanidade]”.
Lugar de fala não é uma autorização discursiva relacionada ao conceito de representatividade (só um sujeito x pode falar da comunidade à qual pertence).
Afirmar isso possibilita falas e diálogos sobre opressões por parte dos mesmos opressores, ou seja, não só xs oprimidxs podem falar das opressões que sofrem, mas xs mesmxs opressorxs deveriam falar cada vez mais das opressões que veiculam, consciente ou inconscientemente.
Através da ferramenta do lugar de fala, “se quer questionar a legitimidade conferida a quem pertence ao grupo localizado no poder”.
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