Ademais dos ganhos econômicos que a ampliação do Mar Territorial de 350 milhas representa, essa nova fronteira marítima constitui elemento de grande importância para aumentar a influência geopolítica brasileira no Atlântico Sul. Além de poder explorar os recursos pesqueiros e a biodiversidade marinha – o que hoje se traduz em elemento de poder, pois quem controla tecnologia foge à dicotomia de poder imposta pelo digital divide – o Brasil estará mais próximo, fisicamente, de seus vizinhos do Atlântico Sul. Foi por isso que, durante a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, realizada em Montego Bay, na Jamaica, em 1982, a delegação brasileira, em conjunto com os representantes da Marinha do Brasil, insistiram em comprovar não apenas a posse dos rochedos de São Pedro e São Paulo – localizados no Atlântico Sul, à grande distância do litoral brasileiro, e que contam apenas com uma torre de observação da Marinha – , mas também o fato de que, nos períodos de cheia, esses rochedos não ficam submersos. Esse detalhe, aparentemente irrelevante, é de extrema importância para determinar o alargamento do Mar Territorial do Brasil na área que circunscreve os rochedos. De acordo com o Direito Internacional e as Convenções que regulam o Direito do Mar, entre elas a de Montego Bay, se a área não submerge durante os períodos de cheia, pode ser considerada terra firme, e o País que exerce soberania sobre a região terá o Mar Territorial aumentado naquele entorno. Com a ampliação do Mar territorial de 100 para 350 milhas em alguns pontos do litoral, o Brasil contará com mais um elemento a favor de sua diretriz de política externa de ampliar as parcerias sul-sul, da qual o IBAS, grupo que reúne Índia, Brasil e África do Sul, é um exemplo de êxito.
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