Nas atuais condições, os arranjos espaciais não se dão apenas através de figuras formadas de pontos contínuos e contíguos. Hoje, ao lado dessas manchas, ou por sobre essas manchas, há, também, constelações de pontos descontínuos, mas interligados, que definem um espaço de fluxos reguladores. As segmentações e partições presentes no espaço sugerem, pelo menos, que se admitam dois recortes. De um lado, há extensões formadas de pontos que se agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região. São as horizontalidades. De outro lado, há pontos no espaço que, separados uns dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da economia. São as verticalidades. O espaço se compõe de uns e de outros desses recortes, inseparavelmente.
As verticalidades podem ser definidas, num território, como um conjunto de pontos formando um espaço de fluxos. (...). Esse espaço de fluxos seria, na realidade, um subsistema dentro da totalidade-espaço, já que para os efeitos dos respectivos atores o que conta é, sobretudo, esse conjunto de pontos adequados às tarefas produtivas hegemônicas, características das atividades econômicas que comandam este período histórico.
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1- As técnicas são mediadoras da relação sociedade-natureza, logo da produção do Espaço Geográfico. Na maior parte da história da humanidade, tivemos um desenvolvimento técnico não muito elevado, o que levou os grupos humanos a uma grande dependência das condições naturais. Esses grupos escolhiam partes da superfície terrestre mais adequadas para ocupação e atendimento de suas necessidades, tratava-se de um Meio Natural, o que não significava ausência das técnicas. A revolução industrial marcou o avanço das máquinas e da mecanização do território, configurou-se o Meio Técnico, com aceleração dos tempos e maior rapidez para percorrer maiores distâncias. A partir da 2ª guerra mundial, mais notadamente a partir da década de 70, ocorreu a Revolução Técnico Científica e a ideia de aceleração do tempo tornou-se cada vez mais intensa, com avanço da circulação imaterial e a constituição do MTCI.
O avanço das técnicas causou grande modificação na produção e estruturação do Espaço Geográfico ao longo da história.
O papel das técnicas nas modificações no espaço intraurbano das principais cidades do mundo
2- SEGREGAÇÃO 2- Essas mudanças ao longo da história tiveram grande impacto nos espaços urbanos. De cidades compactas, muitas vezes amuralhadas, ocupando áreas mais propícias para isso pela proximidade com a água ou por alguma característica do relevo, passamos a ter tecidos urbanos cada vez mais extensos, pois o avanço na velocidade da circulação viabilizou ampla periferização. Esse processo ocorreu com a instalação de uma série de equipamentos de circulação como bondes, ferrovias e rodovias. Com essa periferização, a tendência foi de ampliação da segregação espacial, ou seja, diferentes grupos sociais ocupando áreas distintas do tecido urbano. Além disso, os avanços técnicos viabilizaram uma concentração demográfica muito grande em uma pequena extensão das áreas centrais com o processo de verticalização das construções.
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O panorama intraurbano nas cidades globais nas últimas décadas.
CIDADES DE COMANDO: 3-Com o avanço da integração da economia mundial e com a segmentação da produção, diversas áreas urbanas do mundo passaram a concentrar, cada vez mais, tarefas de comando da produção globalizada. Essas cidades, muitas delas antigas metrópoles industriais, vivenciaram intensa valorização imobiliária, notadamente em suas áreas centrais, concentradoras de atividades do setor terciário superior. A globalização foi acompanhada de mudança no perfil das metrópoles que, em substituição às atividades industriais, passaram a sediar empresas de prestação de serviços altamente especializados, ligados em sua maioria ao setor financeiro e da informação e de origem quase sempre transnacional. Se, por um lado, as metrópoles pareciam caminhar para um futuro incerto, por outro, readquiriam importância estratégica como locais destinados ao setor terciário, acompanhando a mudança de direção da economia mundial. Não se tratava, portanto, da perda de sua centralidade econômica, mas de sua ressignificação no interior do sistema produtivo internacional. Antigas metrópoles industriais passam a ser cidades globais.
DECISÕES EXTERNAS
5- Determinadas partes das principais cidades do mundo estão sendo estruturadas com base em ações e objetivos externos e não, necessariamente, aos interesses de parte expressiva da população local. Nos conceitos de Milton Santos passamos a ter prioridade às verticalidades em detrimento das horizontalidades.
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