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1.2 As dimensões econômicas e sociais da
América Portuguesa.
– Gilberto Freyre
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Casa Grande & Senzala é a obra de interpretação do Brasil mais conhecida no país e mais traduzida e editada no exterior;
Freyre introduz na análise racionalmente conduzida uma forte quantidade de afetividade e subjetividade;
O seu estilo é oral, coloquial: uma introspecção meticulosa e emocionada do passado;
Freyre quis demonstrar que houve uma solução brasileira para um acordo entre diferentes tipos de vivência, diferentes padrões culturais;
Freyre teve formação basicamente norte-americana e encontrou grandes afinidades com a sociologia weberiana (a interpenetração de seus tipos inconciliáveis se faz pelo símbolo;
Franz Boas, seu orientador, deu ênfase ao conceito de cultura, combatendo o evolucionismo biológico. A raça não seria determinante sobre o meio cultural. Boas negava o determinismo, o evolucionismo e enfatizava a cultura e a relatividade dos valores;
Freyre prossegue o caminho inaugurado por Varnhagen na defesa do passado colonial:
sua interpretação do Brasil é continuísta, conservadora, lusófila, patriarcalista, escravista, colonizadora. É o olhar de um branco aristocrático, elitista, mas sofisticado;
O pensamento social marxista brasileiro pensa o Brasil com os conceitos de “classe social” e “luta de classes” e se opõe à visão idílica do Brasil colonial produzida por Freyre;
Sua história do Brasil despreza tudo da história política-administrativo-militar por uma vida rotineira, por uma história do cotidiano. Renovação das fontes: receitas culinárias, livros de etiquetas, fotografias, festas, brinquedos, cantigas de roda, lendas. Mas não negligencia as fontes institucionais.
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Casa grande & senzala é um reelogio da colonização portuguesa: o Brasil é visto como uma sociedade original e multirracial nos trópicos, obra do gênio português;
Freyre apoia as opções pelo latifúndio e pela escravidão, pois ele aceitou a presença negra no Brasil. O latifúndio e a escravidão não foram erros, obstáculos, problemas: foram opções corretas que tornaram possível o sucesso do português nos trópicos;
Diferente de Varnhagen, ele não pensava mais o Brasil em termos raciais, mas em termos culturais.
O primeiro capítulo:
Características gerais da colonização do Brasil: sociedade agrária, escravista e híbrida e síntese de suas teses sobre o Brasil;
Os quatro outros capítulos desenvolverão essas teses quanto ao índio, ao português e ao negro;
Cinco teses que “dão conta” de toda a sua ideia-intuição-mensagem-interpretação-compreensão do Brasil. As teses oferecem a estrutura do pensamento de Freyre sobre o passado colonial brasileiro;
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O brasileiro é dominado por um tempo lento e lúdico, preguiçoso. Gosta de mandar fazer e de viver no ócio;
A natureza, ele a aceita, e se adapta; o outro, ele domina, e se adapta;
As relações entre negros e brancos foram sempre cordiais, e a solução brasileira para as relações raciais foi a mais inteligente, promissora e humana;
A história brasileira não é compreendida em termos de ruptura, conflitos, mudanças bruscas. Ela é vista como uma história pacífica, tranquila, integradora das diferenças;
O Brasil é um modelo para a humanidade. Aqui, o senhor é ameno com o escravo, o branco com o negro e o índio, mas se o escravo se rebelar, o senhor esquecerá suas boas maneiras;
Finalmente, o Brasil tem seu futuro aberto, não há nada que o torne inviável, que o ameace no horizonte – desde que ele seja mais passado do que futuro, mais continuidade do que mudança.
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O tempo Histórico de Freyre
Casa grande & senzala
A Sociedade Colonial
TESES
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A primeira tese responde à pergunta: Como se deu o encontro entre as três raças constituidoras do povo brasileiro?
Para Freyre, foi um encontro fraterno, solidário, generoso, democrático, viabilizado pela miscigenação. Vencedores militar e tecnicamente de indígenas e negros, os portugueses tiveram, no entanto, de transigir com eles quanto à vida familiar e social;
É uma confraternização tensa, sadomasoquista, que não tornou iguais senhores e escravos;
Mas as relações entre vencedor e vencido se adoçaram com a necessidade dos colonos de constituir família;
Para os colonos, a satisfação sexual era fácil. O problema era a solidão, a carência de relações paternais/filiais, a necessidade de companheira no sexo, na vida cotidiana e na dor. Na ausência de brancas, os colonizadores se enamoraram de negras e índias;
O branco tratou o escravo com bondade, suavidade e ternura. A negra o iniciava na vida sexual quando adolescente. O negro, ele o teve como companheiro em brincadeiras infantis;
Para que um regime de apartheid seja eficaz, é preciso manter as crianças brancas e negras separadas em colégios, creches, festas e nas brincadeiras. Não foi o caso brasileiro;
A casa grande não era um mundo à parte, aristocrático, distante. Ela integrava todas as atividades e tipos humanos do mudo colonial. O português foi inigualável em sua miscibilidade: onde chegava, misturava-se gostosamente com as nativas. Eram poucos e, por causa desse seu modo democrático de ser, puderam povoar terras vastíssimas;
Suas investidas pela África e Ásia os tornaram especialmente atraídos por mulheres não-brancas. Graças à sua miscibilidade, a colonização portuguesa foi a primeira europeia a constituir uma sociedade moderna nos trópicos com características nacionais e permanentes;
Os outros europeus não se misturavam com as mulheres de cor. O português venceu o clima, o solo, e miscigenou-se, criando uma população mestiça plenamente adaptada ao clima e a geografia;
Houve o encontro, a intercomunicação e a fusão harmoniosa de tradições diversas de cultura;
Enfim, a invasão, escravização e estupro de negras e índias pelos portugueses não foi “seca”: foram lubrificados pela doçura africana, pela forte excitaçãoda mulher indígena, pelos presentes e novidades dos brancos, pela adaptabilidade, aclimatabilidade, miscibilidade, plasticidade e falta de orgulho da raça do português.
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Por que, vitoriosos militarmente, os portugueses não se isolaram orgulhosa e aristocraticamente, apenas extraindo trabalho dos escravos e estuprando negras e índias? Por que foi possível a miscigenação com relação ao português?
Foi possível porque, segundo Freyre, a predisposição psicofisiológica do português, o seu passado étnico e cultural a favoreciam;
Impuro étnica e culturalmente, ele estava predisposto à colonização híbrida e escravista;
É um povo bicontinental: culturalmente, o ar da África amolece as instituições européias, desossando o cristianismo, o feudalismo o direito, a língua, o caráter do povo;
Místicos, políticos, aventureiros, vivem em uma indolência oriental. Por ser assim, o português foi o melhor dos colonizadores europeus;
A relação senhor/escravo é doentia, sadomasoquista, e trouxe más conseqüências para a miscigenação. Mas esta, em si, é só um bem;
A avaliação otimista que Freyre faz da miscigenação foi um alívio para as elites brasileiras: lhes devolveu a autoconfiança que as teorias racistas do final do século XIX lhes tinham tirado.
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Qual será o palco, a sede, o lugar central em que se dará este encontro feliz entre as três raças, sob a liderança do português?
Esta confraternização ocorrerá na casa grande que não se separa da senzala, mas a inclui. Ela é uma construção tipicamente brasileira. O português tornou-se luso-brasileiro e foi o criador de um novo tipo de habitação, símbolo da nova civilização;
O português criou uma colônia de plantação, caracterizada pela base agrícola e pela permanência do colono na terra;
Não foram aventureiros: vieram, venceram, ficaram e colonizaram. (Sérgio Buarque fala em aventureiros, que venceram e arruinaram a terra em busca de riqueza fácil e rápida);
Para Freyre a colonização não foi obra do Estado e sim da família rural portuguesa. Foi a iniciativa particular e não a oficial que promoveu a mistura de raças, a agricultura latifundiária, a escravidão;
A aristocracia rural venceu a Igreja e dominou o Brasil quase sozinha: dono das terras e da população;
Varnhagen enfatiza a ação da família real, Freyre da família rural;
Freyre toma como fonte tudo o que o homem colonial brasileiro produziu, acreditou, pensou, cantou, rezou, pintou, brincou, falou, construiu, comeu, adoeceu, lutou, defendeu, expulsou, plantou, escravizou: a Casa grande & senzala foi o centro da história colonial brasileira. Nela morou seu verdadeiro sujeito, o senhor patriarcal, cercado de sua família extensa e ilegítima, seus escravos domésticos, seus agregados, sua capela, sua plantação e escravos, sobre os quais exercia um poder absoluto, sem apelo.
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3ª tese
2ª tese
1ª tese
Os anos iniciais da colonização (1500-1530)
A diferença entre recursos encontrados por portugueses e espanhóis;
O arrendamento para a exploração do
pau-brasil;
Aplicação do sistema de feitorias:
Já em
1519 havia feitorias em Cabo Frio, Pernambuco e Rio de Janeiro
;
O sistema era
semelhante ao aplicado na África e na Ásia
, exceção feita à mão de obra.
A
rejeição
do princípio do
mare clausum
pelas demais
potências europeias
;
As primeiras disputas com franceses e espanhóis;
As
missões de Cristóvão Jacques
.
Os objetivos da missão:
combater os traficantes franceses
;
penetrar nas terras na direção do Rio da Prata
para procurar metais preciosos;
estabelecer núcleos de povoamento no litoral
Os poderes dados a Martim Afonso de Sousa;
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Missões
recursos
ECO
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À época da independência, a economia colonial podia ser descrita de maneira simplificada. Era composta por: latifúndios voltados para a produção de mercadorias exportáveis, como o açúcar, o tabaco, o algodão; fazendas dedicadas à produção para o mercado interno (feijão, arroz, milho) e à criação de gado, estas sobretudo no norte e no sul; e centros mineradores já em fase de decadência. Acrescente-se, ainda, grande número de pequenas propriedades voltadas para a agricultura e a pecuária de subsistência. Nas cidades costeiras, capitais de províncias, predominavam o grande e o pequeno comércio. Os comerciantes mais ricos eram os que se dedicavam ao tráfico de escravos.
A única alteração importante nessa economia deu-se com o desenvolvimento da cultura do café. Já na década de 1830, o produto assumira o primeiro lugar nas exportações. Mas o café não mudou o padrão econômico anterior: era também um produto de exportação baseado no trabalho escravo.
Esse modelo sobreviveu ainda por mais cem anos. Só começou a ser desmontado após 1930.
As consequências da hegemonia do café foram principalmente políticas. O fato de se ter ela estabelecido a partir do Rio de Janeiro ajudou a consolidar o novo governo do país sediado nesta província. Se não fosse a coincidência do centro político com o centro econômico, os esforços da elite política para manter a unidade do país poderiam ter fracassado.
J. M. de Carvalho. Fundamentos da política e da sociedade brasileiras. In: L. Avelar e A. O. Cintra (orgs.). Sistema político brasileiro: uma introdução. Rio de Janeiro: Fundação Konrad-Adenauer- Stiftung; São Paulo: Fundação UNESP, 2004, p. 23.
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O processo de colonização do Brasil, tal como o ocorrido nas demais
colônias ibero-americanas, subordinou-se, em linhas gerais, ao processo de surgimento do capitalismo europeu de base mercantil e de sua afirmação ao longo da Idade Moderna.
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Latifúndio, escravidão e monocultura foram os traços definidores da colonização portuguesa em terras americanas, nela prevalecendo a produção voltada para o mercado externo.
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A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa; - A maior realização dos europeus, na segunda metade do século XV, foi contornar o obstáculo otomano; - A miragem do ouro pesou na decisão de realizar enorme esforço para conservar as terras americanas; - Coube a Portugal encontrar uma forma de utilização econômica das terras que não fosse a fácil extração de metais preciosos; - Início da exploração agrícola das terras americanas: primazia nesse empreendimento.
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A economia colonial nos séculos XVI e XVII
Latifúndio, escravidão e monocultura
mercantil