Em 1951, o antigo ditador Getúlio Vargas retornou ao poder, eleito democraticamente. Sua política internacional apoiava-se em duas idéias básicas: 1) as relações econômicas externas deveriam contribuir para o desenvolvimento econômico e 2) a manutenção do alinhamento político e militar com o Ocidente.23
Vargas tentou reeditar sua política do início da II Guerra Mundial, condicionando esse alinhamento com os EUA a concessões favoráveis ao desenvolvimento nacional. Foi, nesse sentido, a sutil atuação do o chanceler João Neves da Fontoura, na IV Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores do continente, realizada em março de 1951, em Washington, para discutir a defesa do hemisfério frente ao comunismo.
Nessa ocasião, Fontoura defendeu a necessidade da promoção do desenvolvimento econômico como a melhor forma de impedir o avanço comunista na América Latina.24
No início dos anos 1950, em plena Guerra da Coréia, não havia margem para negociar alinhamento, pois a hegemonia norte-americana no continente era tal que dispensava maiores atenções por parte de Washington.25
Na década de 1930, era real a possibilidade de um estreitamento de vínculos entre o Brasil e a Alemanha, mas na ordem bipolar dos anos 1950, não era crível que Vargas se aproximasse da União Soviética, caso os Estados Unidos não acatassem as reivindicações do Brasil. Esta possibilidade também era inviabilizada pela correlação de forças políticas internas, desfavorável, a partir de 1953, aos setores que apoiavam o Vargas.
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