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Psicopato II - Leonor - O Enigma Corporal na Clínica Psicanalítica -…
Psicopato II - Leonor - O Enigma Corporal na Clínica Psicanalítica
Com o advento da globalização e do novo laço social em suas múltiplas expressões, alicerçado pela fragmentação dos valores, dos ideais e do paradigma familiar, observa-se a ocorrência de muitas transformações sociais que influenciam na construção do processo de subjetivação.
o sujeito contemporâneo, diante de uma quantidade incomensurável de informações que devem ser processadas com rapidez no cotidiano, defronta-se também com a inegável fragilidade do Nome-do-Pai na atualidade, o qual não constrói mais lei e limites.
Tal fato leva o sujeito a ser refém de uma angústia insolúvel e acaba por transformá-lo em um sujeito sem referência, que busca gozar a qualquer preço.
"nesses novos tempos apavorantes e ansiogênicos, é necessário a invenção criativa desse novo laço social que traz um novo amor,
Neste cenário, surge a imagem corporal como um construto ímpar, levando o sujeito a considerar relevante transformar o seu corpo-carne (organismo que lhe é dado geneticamente e que precisa ser reconhecido) em algo escultural, na incessante busca pela perfeição e satisfação outrora perdida
a linguagem, por meio da alíngua, que nomeia e dá uma função ao corpo.
é possível observar ainda o empenho do sujeito em construir um corpo-vitrine, o qual apresenta um caráter erótico, como apelo a uma escuta singular, buscando um olhar que o torne reconhecido.
Ao investigar o corpo que sofre e somatiza, o analista entrará em contato com os paradoxos vivenciados pelo sujeito, mediante os não ditos e mal-entendidos, buscando investigar as várias formas de sentido ai presentes,
Ao considerar a linguagem corporal como o impossível de dizer, na clínica, o sujeito apresenta a forma como vivencia seu corpo, quando muitas vezes está articulado com o sofrimento que constrói sem saber, enquanto o analista é visto como um suposto saber
é importante ressaltar na contemporaneidade, a ação surgindo no lugar da emoção, mostrando o sujeito dominado pela compulsão, na busca de prazeres imediatos.
Tal fato fará com que se apresente como um sujeito CDD – C (consome), D (destrói a si ou ao outro) e depois D (dejeta).
Atualmente, será necessário considerar o sujeito contemporâneo muitas vezes imbricado em injunções que o atrelam ao discurso capitalista, o qual não faz laço social, lançando o sujeito a um narcisismo desenfreado
apresenta a relação do sujeito com o consumo e com o gozar a qualquer preço, mostrando também estar o saber reduzido a um valor de mercado.
Na clínica, será possível inferir que o sujeito busca se fazer entender pela expressão da pluralidade de gozos que estão à sua disposição.
no texto "Introdução ao narcisismo", Freud afirmou que o corpo inteiro pode ser erogeneizado, ou seja, com a passagem do corpo autoerótico para o corpo narcísico, o sujeito toma seu próprio corpo como objeto de amor.
somente em 1926, em "Inibição, sintoma, angústia", é que Freud enfatiza a dor corporal trazendo em si um investimento narcísico, mostrando o ego como responsável pela relação entre percepção e realidade
é preciso trazer o saber psicanalítico para o debate sobre os eixos da ética e da estética
Lacan, no primeiro momento de seus estudos teóricos, afirmava que o corpo existe por meio da experiência especular (estádio do espelho), mostrando o trabalho com o corpo articulado à imagem que o sujeito construiu durante sua história de vida, sem o saber.
Isso significa que o desenvolvimento do trabalho clínico exige distanciar o sujeito de seu sofrimento (corporal) para que este possa entender a lógica da autorreferência aí contida e, posteriormente, mediante uma produção de saber, ter acesso ao não sabido, ao inconsciente.