A Arquitetura Tradicional da China e do Japão

Os princípios da arquitetura chinesa

A madeira era o principal material utilizado na arquitetura chinesa primitiva, usada principalmente em construções arquitravadas.

As estruturas das coberturas se baseavam em uma série de vigas distribuídas em fileiras paralelas.

A estrutura ficava separada do sistema de vedação externo.

As edificações chinesas costumam fazer partes de conjuntos organizados ao redor de pátios. Para funções diferentes, pavilhões diferentes, conectados por corredores.

Um pavilhão de madeira deveria possuir quatro partes: plataforma, colunas, mísulas e o telhado.

Havia três estilos de pintura: o hexi, o xuanzi e o suzhou

As orientações das edificações costumam obedecer a uma ordem hierárquica, baseando-se nos pontos cardeais. As mais importantes possuiam sua fachada voltada para sul, enquanto as secundárias voltavam-se para leste ou oeste, protegidas por vegetações ou beiras.

Os princípios do planejamento urbano

Estabeleceu-se no século V d.C. um conjunto de regras para se construir uma cidade, inspiradas nos ensinamentos de Confúcio.

Capitais implantadas de acordo com os pontos cardeais;

Planta quadrada com 1.200m de lado;

A muralha que cerca a cidade deve ter 3 portões de cada lado. Ao redor dela, fossos ajudam a proteger a cidade de inimigos externos;

A partir dos portões, iniciam-se avenidas, que estabelecem a trama da cidade;

O complexo de palácios deve ficar localizado ao norte da cidade, enquanto o templo ancestral deve ficar localizado à leste e o altar da terra, à oeste;

Não há espaços para uso público. O palácio e as quadras residenciais são cercados por muros que explicitam a hierarquia social;

A Pequim da dinastia Tang era formada por quatro áreas devidamente protegidas por suas respectivas muralhas: a Cidade Externa, retangular e construida postumamente ao sul da Cidade Interna; a Cidade Interna, quadrada e localizada ao sul do morro artificial conhecido como Colina do Carvão; a Cidade Imperial, no interior da Cidade Interna; e, por fim, a Cidade Proibida, no interior da Cidade Imperial e proibida para as pessoas comuns.

As quatro áreas se alinhavam por um estrada axial.

A distância a ser percorrida desde os portões da Cidade Externa até o interior da Cidade Proibida era de cerca de 5 quilômetros.

As casas e os jardins

As habitações eram formadas por diferentes pavilhões que se organizavam em torno de um pátio central que podia ser usado para atividades coletivas.

As entradas das habitações eram deslocadas em relação ao eixo principal do pátio central a fim de manter a privacidade da família. Além disso, um anteparo bloqueava a visão dos passantes para dentro.

O material predominante utilizado na construção das edificações era a madeira, o que dificultava o aquecimento interior nos meses de menores temperaturas.

O projeto de paisagismo era considerado muito mais intelectual do que o de arquitetura.

Princípios taoístas (yin e yang) nortearam os projetos paisagísticos, que buscavam promover ambientes pitorescos e relaxantes por meio de elementos irregulares distribuídos nos pátios centrais, como pedras com formas incomuns, árvores, areia e até corpos d'água, de forma que parecessem ter surgido naturalmente.

"Nos jardins maiores, a experiência dos visitantes é sequenciada e controlada cuidadosamente pela atenção dedicada, entre outros recursos, às texturas de piso, pontos de observação e recursos de enquadramento (portões) para controlar a vista"

A arquitetura dos templos japoneses

Os templos budistas

Os santuários xintoístas

O budismo chegou ao Japão por influência da China.

O xintoísmo era a religião oficial do Império Japonês, mas teve de competir por adeptos com o Budismo.

A madeira era o principal material dos templos budistas japoneses devido às suas grandes disponibilidade e trabalhabilidade e também porque as estruturas de madeira construídas no Japão não possuem contraventamento diagonal significativo e são mais estáveis do que as de alvenaria em caso de terremotos.

No mais antigo complexo de templos budistas do Japão, o Horyuji, os edifícios foram distribuídos de forma assimétrica, mas equilibrada, dentro de um grande pátio delimitado por um corredor interno e acessado por um portão interno. Um pagode de cinco pavimentos, que abrigava relíquias de Buda, se opõe ao chamado Pavilhão Dourado, repositório de imagens religiosas, menor em altura mas maior na planta baixa.

No monastério Todaiji, cuja construção foi promovida pelo Estado, como uma política para a construção de monastérios e todas as províncias do país, dois pagodes foram dispostos simetricamente em frente ao pátio interno que cercava o Pavilhão do Grande Buda, com sua estátua de 16 metros de altura feita de cobre e zinco.

Com o surgimento do Budismo Terra Pura, no século X, os monastérios construídos passaram a valorizar o paisagismo, além de uma arquitetura mais elaborada. Um exemplo é o Pavilhão da Fênix (Hoodo), com sua planta baixa e volumetria inspiradas na ave mitológica.

Seus templos geralmente eram menores e mais modestos.

Os santuários Geku e Naiku são cercados por quatro conjuntos de cercas concêntricas e possuem edificações distribuídas simetricamente de cada lado de um eixo central. A arquitetura desses santuários é considerada a verdadeira arquitetura japonesa.

Os celeiros agrícolas eram melhor edificados do que as próprias habitações, considerando sua importância para a sobrevivência da comunidade.

Elementos que surgiram como reflexos práticos das necessidades de construção se tornaram expressões de simplicidade altamente refinadas, exigindo o máximo de cuidado até nos mínimos detalhes

As casas e os castelos japoneses

Construídas em materiais não-duráveis, as casas das capitais e de algumas cidades do interior do Japão não sobreviveram aos dias de hoje. Todavia, pinturas em pergaminhos da época revelam a arquitetura do período.

"A construção é simples, com pilares de madeira apoiados em fundações de pedra sustentando uma cobertura de tábuas com duas águas. Os pisos eram de terra, embora a maioria das casas costumasse ter um tabuado elevado de madeira em pelo menos um cômodo. As paredes externas eram de pau a pique ou outra vedação leve, com cortinas penduradas nas portas de entrada para se ter um mínimo de privacidade. As janelas voltadas para a rua ficavam acima da altura dos olhos para permitir a entrada de luz e, ao mesmo tempo, impedir as pessoas de olharem para dentro. Ás vezes havia um pequeno jardim atrás da casa."

As casas se dispunham em fileiras na rua e, nos cômodos voltados para a rua, haviam lojas.

As casas tradicionais (minka), encontradas nas cidades do interior do país, abrigam os materiais e as técnicas de construção utilizados na arquitetura do século XIX. Elas "ilustram a diversidade regional e as condições de vida pré-modernas das pessoas comuns". Possuiam "coberturas com grande caimento feitas de sapé, casca de árvore, bambu rachado ou telhas chatas de madeira" afim de proteger seu interior da chuva e sustentar a neve acumulada. Além disso, podiam abrigar tanto pessoas quanto animais e, em sua forma mais comum, o espaço de estar consistia de duas áreas:

"[...] uma zona com piso de terra batida ao redor de uma fogueira central - a principal fonte de calor e centro para o preparo de alimentos [...]" No teto, aberturas nas empenas permitiam a saída da fumaça

"[...] e uma zona de estar com piso elevado de madeira, para proteger da umidade do solo [...]"

"[...] As minka são modulares, e as dimensões do tatame (esteiras de piso de palha de arroz trançada com cerca de 90 x 180 cm) determinavam a proporção e o tamanho dos cômodos.[...] ". Seus programas eram flexíveis, em boa parte devido à sua simplicidade no que se refere à quantidade de móveis.

O Castelo de Himeji (Castelo da Garça Branca) "tem várias características de defesa comuns aos castelos de alvenaria da Europa medieval: localização estratégica sobre um promontório, fundações colossais para a torre de menagem central, portais extremamente fortificados e muralhas protegidas por fossos.". Todavia, diferentemente de outras fortificações, os castelos japoneses tinham como principal material estrutural a madeira, tendo apenas as fundações e as primeiras fiadas de pedras.

O castelo é formado por camadas concêntricas de muralhas e fossos. Na camada externa, abrigam residências diversas; na intermediária, aposentos dos criados da corte; e, na interna, a torre de menagem com quatro torres menores cercadas por um labirinto.

A arquitetura zen-budista e suas derivadas

"[...] O Jizodo de Shofukuji (1404) é o templo zen mais antigo do Japão e pode ser usado para ilustrar a linguagem de arquitetura típica do estilo. Como no estilo Grande Buda, as colunas de madeira são perfuradas por tensores horizontais, mas a construção da cobertura difere consideravelmente por usar uma estrutura dupla, ou 'oculta', que contém caimento e perfil no interior, além de beirais, e um exterior diferente, mais inclinado, nos quais ficam ocultos os apoios do telhado externo. O caimento mais suave dos beirais confere uma sensação de horizontalidade à edificação[...]"

[...] O leiaute dos monastérios zen também veio a adquirir características próprias: sua simetria bilateral e a distribuição previsível das estruturas com diferentes funções refletiam fisicamente a disciplina mental que se espera dos monges.

"Em muitas edificações budistas posteriores, há pouca distinção entre a arquitetura sagrada e a secular."

A arte japonesa da cerimônia do chá era realizada em pequenas edificações raramente simétricas ou regulares, mas construídas de maneira expressiva para incorporar qualidades como harmonia, reverência, pureza e silêncio. " [...] Elementos rústicos, como montantes de madeira ainda com casca ou peças de madeira de forma irregular podem ser incorporados à casa de chá como uma extensão do mundo natural, uma vez que a cerimônia do chá almeja a fusão do espiritual com o natural [...]"