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AP - Fran - Psicoterapia & Relações Humanas - O Funcionamento Ótimo da…
AP - Fran - Psicoterapia & Relações Humanas - O Funcionamento Ótimo da Personalidade
Se nossa ação de terapeutas tivesse o sucesso que desejamos, qual seria o tipo de pessoa que se desenvolveria?
Qual é o ponto final hipotético, o termo último do processo terapêutico?
Perspectiva da Definição
Para alcançar os resultados por mim imaginados, seria necessário:
Do ponto de vista do Terapeuta
que se tenha conduzido com este, não como homem de ciência ante o objeto de sua investigação, nem como o médico diante do diagnóstico e do tratamento do caso, mas como uma pessoa em face de uma outra pessoa;
que tenha tratado o cliente como um ser portador de um valor intrínseco, incondicional - qq que fosse o estado, o comportamento ou a atitude deste;
que o terapeuta se tenha mostrado disponível ao cliente e que, em consequência, tenha sido capaz de compreendê-lo;
que nenhum obstáculo interior tenha impedido o terapeuta de participar das experiências do cliente, em qq momento do processo, e que, numa certa medida, tenha conseguido comunicar esta compreensão empática ao cliente;
que o terapeuta tenha sido capaz de ter plena confiança nas forças de crescimento que operam no indivíduo;
que tenha tido confiança nestas forças, apesar de não poder prever a direção que tomariam, contentando-se em criar um clima suscetível de liberá-las, e, desta forma, de permitir ao cliente ser ele mesmo.
que o terapeuta tenha sido capaz de se empenhar numa relação profundamente pessoal com seu cliente;
Do ponto de vista do Cliente
que ele se entregou a uma exploração progressiva de pensamentos e de sentimentos comportando aspectos novos e ameaçadores, exploração possível apenas porque ele percebia cada vez mais claramente que o terapeuta o aceitava de modo incondicional.
o cliente tornou-se capaz de de tomar consciência de certos dados de sua experiência que havia interceptado à consciência pq pareciam potencialmente perigosos para a manutenção de seu "eu" .
ele experimenta a significação de modo tão pleno e intenso, no decorrer de sua exploração, que ele vive ou é verdadeiramente este medo, esta angústia, esta ternura, ou esta força cujo acesso à consciência havia sido recusado por ele.
o cliente se toma capaz de experimentar plenamente a significação dos dados experienciais assim descobertos.
À medida que experimenta, em toda sua intensidade, a diversidade destes sentimentos, ele descobre seu verdadeiro eu; descobre que ele é ele mesmo o conjunto destes sentimentos e experiências.
Constata que seu comportamento modifica-se favoravelmente de modo a se harmonizar com este "eu" novamente descoberto.
Pouco a pouco, ele se dá conta de que não há razão para temer os dados de sua experiência, quaisquer que sejam eles; que pode acolhê-los livremente como uma parte inerente de um eu em vias de transformação e de desenvolvimento.
I. Características da Mudança Terapêutica Ótima
Atitude Aberta Ante a Experiência
se refere a uma atitude que está no polo oposto à atitude de defesa.
a atitude de abertura permitiria a todo excitante, quer ele seja de origem externa, quer interna, se introduzir livremente através do organismo sem sofrer deformação alguma pela ação de mecanismos de proteção.
o cliente torna-se mais receptivo, mais acolhedor ante certos estados fisiológicos e afetivos
atitude de disponibilidade que permite a entrada na consciência da totalidade do dado orgânico.
O que importa em tudo isto, não é o grau de consciência refletida, mas a ausência de barreiras, de inibições suscetíveis de dificultar a percepção completa daquilo que é organicamente dado.
Esta disponibilidade à consciência constitui precisamente um excelente indício da ausência de barreiras.
Funcionamento Existencial
A pessoa perfeitamente aberta à sua experiência e totalmente liberta de manobras defensivas viveria cada experiência como fresca e nova.
a imagem do eu emergiria - constantemente mutável - da experiência
o indivíduo em vez de se empenhar em controlar suas experiências, se tornaria parte inerente e consciente de um processo constante de experiência organísmica completa.
o que se experimenta é uma impressão de ser constantemente levado para frente, numa direção que parece ser a do progresso
Os traços mais constantes da personalidade consistiriam precisamente em um estado de abertura à experiência e em um esforço flexível e equilibrado para satisfazer as necessidades presentes nas condições dadas.
Um Organismo Digno de Confiança
a pessoa poderia confiar nos dados de seu organismo e se conduzir de modo ótimo em cada situação dada
Seu comportamento estaria sempre em harmonia com sua organização
interna imediata e, em consequência, estaria adaptado ao máximo ao conjunto de suas necessidades presentes
Como esta pessoa estaria perfeitamente aberta à sua experiência, ela teria acesso a todos os dados da situação: as exigências sociais, suas próprias necessidades — complexas e, às vezes, antagônicas — suas lembranças de situações similares, sua percepção do caráter único e novo da situação.
o comportamento corresponderia à satisfação de todas as suas necessidades, tanto pessoais quanto sociais
Os resultados deste processo de avaliação, de comparação e de compromisso, representariam a melhor linha de conduta possível, considerando-se os dados existentes.
dada a atitude aberta à experiência, todo erro e todo comportamento inadequado seriam prontamente assinalados e corrigidos
A Pessoa que Funciona Plenamente
Unificação das 3 características anteriores
capaz de experimentar e de aceitar plenamente todas as suas experiências — pensamentos, sentimentos, reações.
Utilizaria conscientemente todos os dados que seu sistema nervoso fosse capaz de fornecer - sem deixar de reconhecer que há, às vezes, mais sabedoria em se deixar guiar pelos dados do organismo total do que unicamente pelos da consciência.
Confiaria em si mesmo, não pq fosse infalível, mas, pq - estando plenamente aberto às consequências de cada uma destas decisões - está em condições de corrigir as que se revelam inadequadas.
comprometida no processo pelo qual se torna, cada vez mais, ela mesma.
Existiria totalmente no momento presente e descobriria que este modo de vida se revela, como o tempo, o mais satisfatório.
II. Corolário desta Concepção
Esta Concepção Explica a Experiência Clínica
Nos casos bem sucedidos, o cliente tende a situar no eu a função de avaliação da experiência.
satisfação particular em ser e em se tornar ele mesmo
capaz de experimentar uma gama muito mais extensa de sentimentos, inclusive de sentimentos que eram anteriormente geradores de angústia.
Presta-se a Hipóteses Operacionais
Ainda que a definição do funcionamento ótimo seja especulativa, ela parece ser suscetível de ser traduzida em termos de hipóteses rigorosas e operacionais.
Parece ser possível acreditar que estas hipóteses seriam de ordem universal, independentes de fatores do meio.
Explica Certas Contradições Desconcertantes
Após análise do teste Rorschach aplicado pré e pós terapia em 10 pacientes, um diagnosticador competente declarou não identificar prova alguma de mudança positiva.
Ao contrário, outro examinador, terapeuta, analisou os mesmos dados e reconheceu neles indicações muito nítidas de progresso.
um esboço de explicação é que tais contradições são devidas ao caráter "fluido" da personalidade que se beneficiou apreciavelmente de uma terapia do tipo em questão.
os resultados dos testes revelam certas características que o examinador de orientação terapêutica considera como provas de progresso, enquanto que o examinador de orientação diagnóstica os considera como sinais de desorganização, de uma espécie de caos.
Poderia ocorrer que os dados que pareçam ao terapeuta indicadores de um estado de abertura à experiência, de adaptabilidade de vida existencial, sejam precisamente aqueles que pareçam ao diagnosticador reveladores de desvio da média de singularidade.
Favorece a Atividade Criadora
Graças a sua atitude acolhedora em face da realidade interna e externa, e graças à sua capacidade de modificar suas relações com seu meio, este tipo de pessoa teria uma existência criadora e liberaria efeitos criadores.
Não seria necessariamente adaptada a seu meio cultural e, certamente , não seria conformista.
Sua atitude criativa tornaria capaz de utilizar com proveito tantos os novos quanto os antigos elementos de uma situação dada.
representaria um digno precursor do futuro humano
Afirma a Natureza Positiva do Ser Humano
a concepção do homem em que se baseiam estas opiniões é a de um ser fundamentalmente construtivo e digno de confiança - com a condição de que lhe seja possível se desenvolver sem dificuldade.
Quando o terapeuta consegue libertar o indivíduo de sua atitude de defesa, e torná-lo mais aberto à extensa gama de suas necessidades, assim como às múltiplas exigências de seu meio e da sociedade, este indivíduo se comportará de modo positivo, construtivo, e sua conduta se orientará no sentido do progresso.
Quando estas condições são realizadas não devemos mais nos preocupar com o problema de sua socialização, pois uma de suas características mais profundas é sua necessidade de associação e de comunicação com os demais.
Se lhe é dado ser plenamente ele mesmo, não há perigo de que se comporte de maneira antissocial.
o comportamento do ser humano é admiravelmente racional e se orienta com uma complexidade sutil e ordenada para os fins que seu "organismo" lhe propõe.
Revela o Caráter Ordenado Mas Não-Previsível do Comportamento
a configuração particular dos excitantes internos e externos existentes em um momento determinado e que agem sobre a pessoa que funciona plenamente, é sempre nova no sentido que tal configuração nunca existiu de forma idêntica em um momento anterior.
a pessoa estará absolutamente segura de que reagirá de maneira perfeitamente adequada, ainda que não possa prever qual será sua reação.
à medida que o indivíduo se aproxima do funcionamento ótimo seu comportamento se torna cada vez menos previsível - ainda que seja sempre determinado e ordenado.
a ciência psicológica, em seu nível mais elevado, seria uma questão de compreensão, não uma questão de predição.
Explica as Relações entre a Liberdade e o Determinismo
na terapia ótima, o cliente tem a mais plena e a mais válida experiência de uma liberdade completa e absoluta.
Determina, isto é, escolhe a linha de conduta que representa para ele o vetor mais "econômico" de comportamento, tendo em conta todos os excitantes externos e internos em causa.
Escolhe esta linha de conduta pq esta parece lhe prometer a mais profunda satisfação de suas necessidades mais fundamentais na situação dada.
Por outro lado, a pessoa cujo comportamento está determinado por mecanismos de defesa, escolhe uma linha de conduta mas se revela incapaz de a colocar em prática.
Em consequência, seu comportamento deixará necessariamente de a satisfazer e se afastará da linha de conduta que ela se tinha proposto.
O comportamento dessa pessoa é determinado mas ela é incapaz de fazer escolhas adequadas.
Ao contrário, a pessoa que funciona plenamente está em condições, não somente de experimentar mas também de utilizar a mais completa liberdade quando escolhe espontânea, livre e voluntariamente aquilo que, sob um outro ponto de vista, é absolutamente determinado.