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Psico II - Leonor - As Categorias do Sujeito na Contemporaneidade
Na modernidade - séc XIX até meados do séc XX - a subjetividade era regulada pelo conflito psíquico, que indicava uma oposição entre as pulsões e as interdições morais.
Os tempos atuais seriam regidos por formas diferentes de regulação social, nas quais imperam a exigência da performance e da iniciativa individual.
Em vez de interdição , observa-se hoje uma incitação à ação.
Na subjetividade atual, a categoria de espaço teria substituído a dimensão da temporalização e, intimamente ligado a isso, o fato de que a
dor tem sido, às expensas do sofrimento, a marca dos padecimentos atuais.
Apesar de serem frequentemente vistas como sinônimos, essas duas experiências são descritas
de formas diferenciadas
enquanto na dor o sujeito fica entregue ao excesso que o acossa, no sofrimento há a presença do outro, justamente com uma função apaziguadora face ao excesso.
Paralelamente a isso, observa-se que o sujeito se defronta cada vez mais com a experiência do desalento, em que o domínio do pesadelo toma o lugar da dimensão do sonho.
A potência do sonho teria sido atingida pela supremacia do pesadelo.
A capacidade de sonhar encontra-se desvitalizada, na medida em que se esvazia a dimensão do desejo e entram em cena os registros da
dor e do trauma.
A experiência do sonhar
configura processos de simbolização cuja condição de possibilidade é a temporalidade.
Já no pesadelo, assistimos a um
curto-circuito da elaboração onírica, pois o trauma que o constitui carreia o susto, o horror e a surpresa, fazendo irromper o inesperado, aquilo para o qual o psiquismo não estava preparado.
Trata-se de uma experiência de angústia que leva o sujeito a despertar de maneira abrupta e assustada, retirando-o da proteção que experimenta quando acalentado pela elaboração onírica e pela capacidade de sonhar.
O sujeito atual estaria inscrito muito mais na ordem do espaço do que no registro do tempo.
As relações entre as categorias do espaço e do tempo fornecem indicações importantes acerca da estruturação do sujeito.
A inflação da imagem e a presença maciça do narcisismo trazem miragens de um eterno presente, marcado pela repetição do mesmo, apagando a temporalização e, a reboque, todo horizonte de futuro.
Vive-se uma era da pressa e da aceleração
que abole em uma só tacada o tempo, o futuro e o desejo, já que este último tem como condição a inscrição psíquica dos dois primeiros.
A subjetividade se confronta com a experiência do desalento, que lança o sujeito no abismo do
solipsismo
, da solidão e do vazio afetivo, sem qualquer oportunidade de interlocução, sendo -lhe subtraída a possibilidade de fazer apelo ao outro.
De maneira diferente do desamparo, que permite ao sujeito o exercício de demandar ao outro e, desse modo, estabelecer trocas afetivas e produzir sentidos para a sua vida, o desalento é marcado pela aridez da alteridade, da presença do outro como suporte do psiquismo.
A precariedade da dimensão alteritária faz com que os padecimentos do sujeito na contemporaneidade se expressem como dor e não como sofrimento.
A dor que acomete a subjetividade atual não encontra este destinatário e produz padecimentos que se manifestam pelas somatizações, pelas compulsões, pela despossessão de si e pelo vazio no existir.