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Educação Física no Ensino Fundamental (Unidades 1 e 2) - Coggle Diagram

- - - - Assim, a Educação Física adentra a escola como prática social que atende aos interesses da burguesia para impor novos padrões de conduta. Daí, a explicação de que as primeiras práticas corporais inseridas no currículo escolar são as ginásticas, organizadas a partir dos métodos ginásticos europeus, como os métodos alemão, sueco e francês; os quais estão vinculados aos movimentos nacionalistas europeus e ao militarismo.
      - Os métodos ginásticos são compostos por séries de exercícios, elaboradas a partir de critérios rígidos apoiados em conceitos de anatomia, de fisiologia e de cinesiologia. Nestas aulas de Educação Física, o professor preparava uma sequência de movimentos que deveriam ser reproduzidos pelos alunos de forma mecânica.
      - O objetivo principal da Educação Física no sistema escolar era promover a regeneração da raça (eugenia), promover a saúde, formar pessoas para servir a pátria e a indústria e desenvolver a moral dos cidadãos.
    - - No início do século XX, a instituição militar também influenciou decisivamente os princípios norteadores da Educação Física brasileira, principalmente no período do “Estado Novo”. Sob a perspectiva de fortalecer moralmente as pessoas, os rígidos métodos militares eram utilizados nas práticas corporais escolares da época para ensinar a disciplina e a hierarquia.
      - Foi durante o governo Getúlio Vargas (1930-1945) que, na legislação, a Educação Física aparece como atividade obrigatória em todas as reformas educacionais.
  - - - Durante as décadas de 1970 e 1980, prevaleceu o modelo piramidal esportivo. No qual, entendia-se que as aulas de Educação Física na escola deveriam ensinar os conhecimentos básicos do esporte, indicando aqueles que se destacassem para locais de aprimoramento técnico-esportivo e, em seguida, os “verdadeiros” talentos seriam encaminhados para os clubes para se formar atletas de alto desempenho.
      - Em 1971, é promulgada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 5.692/71). Nela, a Educação Física é tornada obrigatória, apesar de não ser considerada uma disciplina escolar. No mesmo ano, o Decreto nº 69.450/71 qualifica a Educação Física como atividade escolar regular que “por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e morais do educando”.
      - Durante a ditadura cívico-militar (1964-1985), alinhada com a política norte-americana, o esporte configurou-se como um instrumento de propaganda ideológica do governo, o que fortaleceu as relações entre Educação Física e Esporte.
    - - A crítica à esportivização da Educação Física e as concepções de Educação Física produzidas a partir de 1980.
      - Na década de 1980, o Brasil vive o processo de redemocratização do país e, ao mesmo tempo, a crise do sistema educacional. A redemocratização da sociedade brasileira influencia o debate educacional que impulsiona a produção de currículos escolares que busquem uma formação crítica e cidadã.
      - Um conjunto de pesquisadores da área produz uma profunda crítica ao currículo esportivo presente nas escolas.
        
        “Deve-se ensinar o basquetebol, o voleibol (a dança, a ginástica, o jogo...) visando não apenas ao aluno presente, mas o cidadão futuro, que vai partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física. Por essa razão, na Educação Física Escolar, o esporte não deve restringir-se a um ‘fazer’ mecânico, visando a um rendimento exterior ao indivíduo, mas tornar-se um ‘compreender’, um ‘incorporar’, um ‘aprender’ atitudes, habilidade e conhecimentos, que levem o aluno dominar os valores e os padrões da cultura esportiva”
  - - - proposta pelo francês Jean Le Boulch. Esta proposta
        centrou suas peocupações com o desenvolvimento da criança em seus aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir a formação integral do aluno.
      - Compreende que há uma interdependência entre
        os domínios do comportamento
      - Concretiza-se nas escolas a partir de duas perspectivas: uma
        concepção empirista, baseada na execução de exercícios e de tarefas motoras com base em avaliações diagnósticas e outra concepção, influenciada pelas teorias construtivistas, que insere as atividades lúdicas nas intervenções pedagógicas.
    - - Os principais expoentes deste currículo são os professores
        David Gallahue e Go Tani.
      - Propôs uma organização dos conteúdos da Educação
        Física, a partir dos estudos de desenvolvimento motor das crianças e dos jovens. Assim, entendendo que o movimento é o principal meio e fim da Educação Física, o currículo desenvolvimentista visa à conquista de habilidades motoras dos níveis mais altos.
    - - Esta proposta pedagógica elege como objetivos: informar, mudar de atitudes e promover a prática sistematizada de exercícios com a finalidade de alcançar um estilo de vida ativo.
    - - é influenciado pelas teorias marxistas e pelas teorias
        críticas de educação, Soares et alli (1992) produzem uma
        proposta de Educação Física, problematizando as questões de poder e de classe social.
      - Entendem que a cultura corporal (jogos, brincadeiras, esportes, lutas, danças e ginásticas) são conhecimentos produzidos pela humanidade e devem ser ensinados, sempre, a partir de uma contextualização dos fatos e do resgate histórico.
    - - É um documento produzido pelo Ministério da Educação, no final da década de 1990, e apresenta uma proposta pedagógica preocupada com o pleno exercício da cidadania, com o princípio da inclusão e com a pluralidade cultural. De fato, propõem aulas de Educação Física que vivenciem criticamente as manifestações culturais: jogo, esportes, atividades rítmicas, ginásticas, lutas e conhecimentos sobre o corpo.
  - - - Nesta perspectiva, influenciada pelas características da pós-modernidade e apoiada nos estudos culturais e no multiculturalismo crítico, propõe-se um ensino
        comprometido com os grupos sociais subjugados. Rompe-se com a ideia de que a escola deve transmitir a cultura universal. Entende os alunos enquanto sujeitos que se apropriam da cultura produzida pela humanidade e, ao mesmo tempo, produzem cultura
      - Na perspectiva cultural, “o movimento pode ser interpretado como linguagem, ou seja, uma forma de expressar os sentimentos, as sensações, as emoções e a produção cultural de dado grupo social” (NEIRA & NUNES, 2009
        p.90). Logo, nessa proposição curricular, “os gestos compreendem formas de expressão, conduzem ideias e traduzem significados culturais”
    - - Aqui em São Paulo, observamos as propostas curriculares de Educação Física, apoiando-se nas Ciências Humanas e na elaboração de diretrizes para o ensino da disciplina. Percebe-se que a Educação Física assume a cultura corporal como conteúdo e insere-se no currículo escolar como uma forma de linguagem.
- - - - Enfim, o currículo não é neutro e está no centro de uma disputa de ideias que formam as diferentes subjetividades.
      - É nesse campo de disputas que toda a comunidade escolar (professores, gestores, famílias, alunos e funcionários) está inserida. De fato, os currículos escolares manifestam projetos de identidade ou de subjetividade. Pois eles pretendem modificar as pessoas que vão passar pelo currículo.
  - - - Os diferentes setores que participam mais diretamente na educação (professores/as, pais e alunos/as) assumem em alguma medida o que se espera da escolarização: 1) dedicação a aspectos acadêmicos; 2) direta ou indiretamente também uma preparação para o desempenho de alguma
        atividade profissional; 3) atenção aos aspectos da educação moral, cívica e social, e; 4) uma certa atenção a aspectos pessoais relacionados com o bem-estar físico, emocional, estímulo à expressão pessoal, auto-realização
        [sic] etc.
    - - Considerar que o ensino se reduz ao que os programas oficiais ou os próprios professores/as dizem que querem transmitir é uma ingenuidade. Uma coisa é o que dizem aos professores/as o que devem ensinar, outra é o que eles acham ou dizem que ensinam e outra diferente é o que os alunos/ as aprendem. (GIMENO SACRISTÁN & PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 131)
    - - Diante disso, a unificação de conhecimentos a serem ensinados significa homogeneizar identidades, apagando diferenças.
  - - - Todavia, a partir da promulgação da LDB da Educação Nacional , as escolas, os docentes e a comunidade escolar possuem o direito de participarem da elaboração e execução das propostas pedagógicas – sempre respeitadas as normas comuns, ampliando a participação democrática nos ambientes escolares.
        
        Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
        I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
        II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
      - PPP (Projeto Político Pedagógico)
        
        Como as escolas manifestam e tornam públicas suas propostas pedagógicas? O instrumento comumente utilizado é o Projeto Político-Pedagógico (PPP), que se trata de uma carta de intenções da escola – baseado nela que se elabora o currículo escolar.
        
        O PPP deve ser produzido com a participação democrática de
        todos os segmentos da comunidade escolar (professores, funcionários, famílias, alunos e gestores). Este se trata do principal do documento da escola, portanto, sua elaboração deve contemplar uma sistemática que permita que todos os sujeitos da escola possam colaborar com suas análises e suas proposições.
        
        Se a sua construção exige a participação de todos, quais são os momentos e os espaços que a escola deve oferecer para a produção deste referencial? Entendemos que o espaço principal para o debate do PPP deve ser o Conselho de Escola – colegiado composto por representantes eleitos das famílias, dos alunos, dos professores, dos funcionários e dos gestores da escola.
        
        A nomenclatura “Projeto Político-Pedagógico” não é ocasional tampouco decorativa. É “Projeto”, pois lança à frente desejos e anseios de uma comunidade. É “Político”, pois envolve escolhas e decisões numa intensa disputa simbólica para definir quais serão princípios, os valores e os objetivos das ações realizadas pela escola. É “Pedagógico”, pois prevê qual será o conjunto de ações e estratégias utilizado para alcançar os objetivos traçados.
        
        Mas o que deve compor o Projeto Político-Pedagógico? A “coluna vertebral” desta proposição inclui os princípios norteadores da prática pedagógica e a definição de quais sujeitos e identidades a escola deseja formar que devem ser referência para o planejamento de todas as ações realizadas pela escola.
        
        Composição do PPP
        
        O PPP, minimamente, deve ser composto de um diagnóstico, de metas e de avaliação do processo. A construção do Projeto Político-Pedagógico de uma escola deve partir de um diagnóstico que identifique os principais problemas enfrentados pela escola e pela comunidade. A partir desse diagnóstico, a escola deve criar canais de debate e discussão para a elaboração de ações pedagógicas que busquem a superação dos principais desafios da escola. Concomitantemente, é necessário que o planejamento contemple momentos de avaliação conjunta das ações desenvolvidas para possíveis ajustes.
        
        Assim, a construção democrática do PPP passa pelo reconhecimento dos códigos culturais e sociais trazidos pelos alunos. Dessa forma, qualquer diagnóstico da realidade deve ser realizado em parceira com os alunos. Eles devem dizer como é a vida deles. As experiências e as vivências dos professores também devem ser levadas em consideração durante a discussão e elaboração do PPP. Tanto os professores quanto os alunos devem ser tratados como protagonistas do projeto da escola.
        
        O diagnóstico também deve levar em consideração os indicadores externos (dados dos órgãos governamentais e avaliações externas de rendimento escolar) e
        internos (dados de análise da realidade, de desempenho escolar e elementos sobre a gestão pedagógica da escola), ou seja, uma síntese da situação atual da escola.
        
        Para o sucesso de qualquer plano, é fundamental que seja previsto, no PPP, um cronograma com a descrição das ações previstas num calendário anual e plurianual.
        
        Nele, destrincham-se as metas do ano, apontando índices qualitativos e quantitativos de mensuração semestrais, bimestrais e mensais. O cronograma e a minúcia no planejamento do Projeto Político-Pedagógico são elementos que colaboram para que as ações da escola se efetivem.
        
        Por fim, é importante apontar os períodos de avaliação para que as atividades pedagógicas possam ter continuidade ou ser redimensionadas para o alcance das metas estabelecidas ou para maior participação da comunidade nas atividades sistematicamente realizadas.