A proposta de criação de uma moeda comum para os países do Mercosul usarem em transações comerciais existe desde a fundação do bloco, em 1991. Contudo, nunca houve um plano concreto que desse andamento de fato a essa ideia.
Desde que o Mercosul foi criado, Brasil e Argentina, as duas maiores economias da região, passaram por grandes crises econômicas, incluindo desvalorização da moeda.
As primeiras discussões sobre o tema ocorreram nos governos de José Sarney (1985-1990) e Raúl Alfonsín (1983-1989), da Argentina, mas de modo incipiente.
Em 1997, essa ideia foi novamente aventada pelos então presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e Carlos Menem (1989-1999), da Argentina, que citaram a criação de moeda única, mas destacando que seria algo para o futuro.
Em dezembro de 2002, dias antes de assumir o primeiro mandato, Lula defendeu a criação de moeda comum ao Mercosul após reunião com o então presidente argentino Eduardo Duhalde (2002-2003), em Buenos Aires. “Para nós, o Mercosul deve se transformar em uma efetiva união aduaneira, em um Estado de convergência de políticas industriais e agrícolas. Buscamos uma verdadeira integração, com o exemplo da União Europeia, respeitando nossas particularidades”, disse Lula na época.
A proposta voltou a ser aventada em 2019, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o então homólogo argentino Mauricio Macri. Na ocasião, Bolsonaro sugeriu a criação de uma moeda comum entre os países, chamada de peso real, creditando a ideia ao então ministro da Economia Paulo Guedes.
Em abril de 2022, Fernando Haddad, que viria a ser ministro da Fazenda, e Gabriel Galípolo, que se tornou o secretário-executivo da Fazenda, publicaram um artigo no jornal Folha de S.Paulo defendendo a moeda para acelerar a integração regional.
Em 3 de janeiro de 2023, Haddad, já ministro da Fazenda, reuniu-se com o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, e os dois falaram sobre o assunto. Segundo Scioli, o objetivo é fortalecer o bloco comercial e ampliar o vínculo entre os países da região.
Lula e Fernández assinaram um artigo, publicado no sábado (21), no jornal argentino Perfil, defendendo o fortalecimento do Mercosul e a criação da moeda. Sergio Massa, ministro da Economia argentino, afirmou no domingo (22) ao jornal britânico Financial Times que Brasil e Argentina começariam as preparações para adoção de uma moeda comum.
O sur, possível nome da moeda, não seria uma moeda única, como é o euro para nações que compõem a União Europeia, mas uma moeda comum para transações comerciais e financeiras entre os países. Ou seja, a nova moeda não substituiria as moedas brasileiras e argentinas – real e peso, respectivamente -, que continuariam sendo usadas no dia a dia dos países, mas seria uma alternativa ao dólar nas transações internacionais.
para a adoção de uma moeda comum a Brasil e Argentina, seria necessário uma série de acordos em relação a paridade da moeda, a cooperação entre os dois Bancos Centrais e aprovação nos respectivos Congressos, entre outras coisas. Nada disso está claro ainda.
A criação de uma moeda comum pode beneficiar economicamente a Argentina,
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, enquanto que o Brasil é o maior da Argentina. O saldo da balança comercial foi positivo em US$ 2,2 bilhões para o Brasil em 2022 — foram US$ 15,3 bilhões em exportações contra US$ 13,1 bilhões em importações.
Com uma moeda única, os ganhos brasileiros são geopolíticos. “O Brasil ganha influência regional
o projeto é “interessante”, porém destacou que se trata de algo a longo prazo. O Chile é um membro convidado do Mercosul. Os demais países da região ainda não se manifestaram.
a criação de um instrumento monetário comum é um processo complexo e demorado