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Pressupostos epistemológicos e metodológicos da pesquisa participativa: da…
Pressupostos epistemológicos e metodológicos da pesquisa participativa: da observação participante à pesquisa-ação - Peruzzo
A pesquisa participante é um tipo de investigação controversa: prestigiada por uns e vista com desdém por outros.
Ambas as posições se relacionam a própria visão que se tem sobre o papel da pesquisa e do que se considera como sendo conhecimento científico.
Assim, este texto desenvolve uma perspectiva didática, ou seja, objetiva sistematizar os principais conceitos de modo a evidenciar distinções entre suas vertentes.
O sentido, ou a razão de ser, da pesquisa participante
A pesquisa participante consiste numa investigação efetivada a partir da inserção e na interação do pesquisador ou da pesquisadora no grupo, comunidade ou instituição investigado.
a) Na presença constante do observador no ambiente investigado, para que ele possa “ver as coisas de dentro”.
Os itens a, b dizem respeito diretamente a duas modalidades – observação participante e participação observante – ao mesmo tempo
b) No compartilhamento, pelo investigador, das atividades do grupo ou do contexto que está sendo estudado, de modo consistente e sistematizado – ou seja, ele se envolve nas atividades, além de co-vivenciar “interesses e fatos”.
c) Na necessidade, segundo autores como Mead e Kluckholn, de o pesquisador “assumir o papel do outro” para poder atingir “o sentido de suas ações” (Haguette, 2005:72-73).
A ideia de “assumir o papel do outro” (item c), por exemplo, não cabe na observação participante tradicional em que se observa o ambiente de estudo com intencional distanciamento do mesmo.
d) Na necessidade de o pesquisador não só vivenciar o contexto e as atividades, mas possibilitar ao investigado participar da realização da pesquisa cujos resultados revertem em benefício do próprio grupo pesquisado.
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No campo da Comunicação Social, a pesquisa participante se desenvolve em duas linhas de pesquisa principais:
a) O estudo de “fenômenos”, especialmente os ligados a experiências populares e comunitárias de comunicação, no contexto dos movimentos sociais, voltados para o desenvolvimento social, até então pouco expressivos ou até ausentes no âmbito da pesquisa acadêmica no Brasil.
b) Estudos de recepção de conteúdos dos meios de comunicação que ultrapassassem os padrões então predominantes focados na pesquisa de audiência e nas hipóteses sobre os efeitos dos meios nas pessoas, e pudessem apontar para outras dimensões do consumo midiático.
Observação participante
Este tipo de pesquisa remonta aos estudos clássicos de comunidades desenvolvidos por antropólogos, psicólogos e sociólogos, entre outros, e que se tornaram conhecidos como estudos etnográficos e amplamente aceitos.
a) O pesquisador ou a pesquisadora 9 se insere no grupo 10 pesquisado, participa de suas atividades na condição de observador/a, ou seja, acompanha as situações de vida do ambiente investigado.
b) O observador pode ser “revelado” ou “encoberto”, ou seja, o grupo pode ter ou não conhecimento de que está sendo investigado. A estratégia mais usual é que seja relevado, até porque é de bom tom pedir a permissão ao grupo, comunidade, movimento social ou instituição para se realizar alguma pesquisa.
Participação observante
Participação observante 16 é um neologismo de “pesquisa participante” como forma de clarificar sua distinção de observação participante
pois trata-se de um enfoque que admite e pressupõe um nível mais elevado de participação ou envolvimento do investigador no grupo pesquisado, mas não atinge os níveis de envolvimento do investigador prevista pela pesquisa-ação.
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