ECTOSCOPIA
Paciente em bom estado geral, lúcido e orientado em tempo e espaço. Ativo e colaborativo. Postura e face atípica. Eupineico, hidratado, normocorado, afebril, acianótico, anictérico.
SINAIS VITAIS
FC: 113bpm, FR: 17irpm SAT: 99% Tax: 35,8°C PA: 121x74mmHg
EXAME FÍSICO
CABEÇA E PESCOÇO
Pescoço com mobilidade ativa e passiva normais. Ausência de lesões ou linfonodomegalias. Tireóide de tamanho normal, indolor, sem nódulos, móvel a deglutição e sem sopros. Mobilidade da traqueia normal.
APARELHO RESPIRATÓRIO
Tórax atípico, eupneico, sem esforço respiratório. Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV palpável bilateralmente. Som claro timpânico a percussão. Murmúrio vesicular universalmente audível sem ruídos adventícios.
APARELHO CARDIOVASCULAR
Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 1 polpa digital, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR em 2T com bulhas normofonéticas.
ABDOME
Abdome plano, sem lesões de pele ou cicatrizes. Ruídos hidroaéreos presentes nos quatro quadrantes. Anel umbilical fechado. Flácido, indolor a palpação superficial e profunda, sem presença de massas palpáveis ou visceromegalias.
GENITÁLIA E REGIÃO INGUINAL
Testículos tópicos e simétricos. Presença de hérnia inguinoescrotal à direita, com sinal da seda positivo. Sem hidrocele. Transiluminação negativa.
PRINCIPAL HIPÓTESE DIAGNÓSTICA Hérnia inguinal à direita
A hérnia inguinal é definida como sendo uma protusão dos conteúdos do abdome ou da pelve que passa por um anel inguinal interno dilatado ou um assoalho inguinal adelgaçado para dentro do canal inguinal e para fora do anel inguinal externo, causando abaulamento visível ou facilmente palpável.
-
FISIOPATOLOGIA
As hérnia inguinais indiretas são as mais comuns na faixa etária pediátrica. Elas podem ser congênitas (proximamente aderentes ao canal deferente) ou adquiridas (nas estruturas do cordão, mas anatomicamente separadas do canal). Vão ocorrer por causa de um conduto peritoniovaginal persistente decorrente de uma falha na regressão normal, que deixa um saco peritoneal vazio no canal inguinal. A hérnia torna-se clinicamente evidente quando o intestino ou outro conteúdo abdominal preenche e alarga o saco vazio, criando uma protuberância visível. Nos homens, o saco herniário acompanha o cordão espermático, podendo estender-se até o saco escrotal.
EPIDEMIOLOGIA
É uma doença muito frequente e acontece em mais de 1 em cada 100 crianças, acometendo 4 vezes mais os meninos do que as meninas. É muito comum em prematuros, quase um terço deles tem a doença.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Geralmente, o que se nota é um "caroço" ou "inchaço" na região inguinal (virilha), principalmente quando a criança faz força (choro ou evacuações nos bebês)
-
-
DIAGNÓSTICO
A maioria das hérnias inguinais é diagnosticada clinicamente pela observação e palpação. Observa-se uma protuberância e/ou massa palpável visível na virilha que pode ou não ser redutível.
Sinal da seda de Gross: Sinal da seda de Gross: é um espessamento sedoso palpável do cordão que as vezes pode ser observado colocando-se um único dedo paralelo ao canal inguinal ao nível do tubérculo púbico e esfregando-o de um lado para o outro
INVESTIGAÇÕES ADICIONAIS
USG da virilha: pode ser útil em caso de incerteza diagnóstica.
TC: útil em caso de paciente muito obesos.
Assim que constatada a doença, é necessário fazer a cirurgia para correção, pois 75% das complicações graves das hérnias inguinais (estrangulamentos), acontecem nos bebês, principalmente nos três primeiros meses de vida.
Um estrangulamento (hérnia estrangulada) acontece quando uma víscera qualquer (em geral um pedaço do intestino) fica presa no canal por onde a hérnia sai, e passa a ter seu suporte sanguíneo comprimido e insuficiente, correndo o risco de necrosar dentro da hérnia.
CONDUTA: HERNIORRAFIA INGUINAL
Avaliação pré-operatória
- Dieta zero a partir de meia noite
- Exames laboratoriais: hemograma e coagulograma.
- Ausculta cardiopulmonar
- Sinais vitais
Prescrição para a cirurgia
- Dieta zero
- Acesso venoso salinizado
- Glicose 5% 500ml EV 08/08h
- Dipirona 500mg/ml 1,5ml EV 06/06h
- Ondasetrona 5,8mg EV 08/08h (se náuseas ou vômitos)
Orientações pós-operatória
- Em caso de herniorrafia sem complicações, o paciente fica em observação por algumas horas e recebe alta no mesmo dia do procedimento cirúrgico.
- Deambulação precoce, limpeza e curativo no local da incisão cirúrgica e retorno na consulta médica no ambulatório, para avaliação e retirada dos pontos.
- Evitar brincadeiras e exercício físicos nos primeiros dias pós-operatórios.
- Em caso de sinais de infecção, como febre, dor excessiva no local operado, vermelhidão, calor local ou secreção, orientar retorno ao cirurgião pediátrico assim que observar quaisquer desses sinais.