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Geografia Ambiental e Física - Coggle Diagram

- - - - Áreas de proteção permanente são áreas com função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e de flora, o solo e o bem-estar das populações humanas (art. 1º, § 2º, II, definição de 2001). Concretamente, são as áreas situadas (art. 2º): às margens de rios e cursos d'água; no topo de morros, montes, montanhas e serras; em encostas ou parte delas; em restingas; em bordas dos tabuleiros ou chapadas; em altitude superior a 1.800 metros
      - Insere-se no contexto de primeiras medidas pontuais para preservação do meio ambiente, incorpora os mecanismos de áreas de proteção permanente e de reservas legais, que têm relevância até hoje. O Código estabeleceu que todas as florestas de "reconhecida utilidade" para as terras as quais revestem são bens de interesse comum, ou seja, o direito de propriedade é sim exercido, mas limitado pela lei
      - Reserva legal: é uma área situada dentro de uma propriedade privada, exceto áreas de proteção permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, e que deve ser preservada pelo proprietário
  - - - Contudo, na prática, o país não conseguiu cristalizar a adoção de um modelo de desenvolvimento pautado no compromisso com a sustentabilidade, não sendo raro o advento de vários retrocessos. Grande parte desse impasse deveu-se a conflitos de interesse dentro do próprio Executivo e à resistência de parte do Legislativo
      - Na entrada dos anos 2010 o Brasil havia adotado medidas ambiciosas, avançado em diversos quesitos e se consagrado como uma liderança mundial em questões ambientais. Assim, o país havia conseguido reduzir significativamente suas emissões, aumentar as áreas de conservação (segundo o PNUMA, o país é responsável por quase 75% de toda a área protegida estabelecida desde 2003 no mundo), manter uma matriz energética com grande parcela de fontes renováveis, fomentar a defesa do patrimônio genético nacional
      - Novo Código Florestal (2012): marcado pelo embate entre os que defendiam a manutenção dos avanços que vinham sendo conquistados e os que defendiam a flexibilização da lei (bancada ruralista), sendo um grande exemplo dos recuos percebidos no período. Desde a década de 1980 iniciaram-se esforços pela revisão do Código de 1965, mas a pauta não avançou no Legislativo, até que a bancada ruralista se apropriou do projeto a fim de promover uma reforma que flexibilizasse a lei. Assim, consagrou-se o princípio da ocupação consolidada (áreas já ocupadas e produtivas até 2008, mesmo que derivadas de desmatamento ilegal, não poderiam ser desocupadas, o que anistiou grande parte dos desmatadores), formaram-se os planos de recuperação ambiental (a recomposição florestal passou a ser incumbência dos estados, que foram muito mais coniventes com o desmatamento do que o governo federal) e diminuíram as áreas de preservação permanente. Além disso, os pontos que poderiam significar um avanço não foram implementados na prática. Alguns partidos em conjunto com a PGR entraram com Ações Diretas de Inconstitucionalidade sobre vários pontos do Código
      - Novo Marco Legal da Biodiversidade (2015): consagrou alguns avanços, como a regulamentação da pesquisa científica (marco legal anterior gerou problemas, com alguns pesquisadores sendo acusados de biopirataria), mas também deu margem para retrocessos (e. g. mecanismos de repartição de benefícios menos abrangentes do que os de Nagoia)
- - - - Ação da mPa sobre os litorais nordestino e do Sudeste: gera as chuvas frontais, causadas quando a mPa, ao chocar-se com a mTa, empurra esta para cima, causando seu súbito resfriamento e gerando precipitação (são precedidas por ventanias justamente devido a esse movimento das massas). Além desse tipo de chuvas, o Brasil ainda conta com chuvas de convecção (lugares muito quentes fazem com que a água evapore, aumentando a umidade do ar até que sature e haja precipitação) e chuvas de relevo/orográficas (quando uma massa de ar quente vem do oceano, bate em um relevo e sobe, se resfriando rapidamente e gerando precipitação)
      - Quase todas as massas presentes no verão se contraem, com exceção da mTa, que não diminui tanto, mas mesmo assim perde influência devido à expansão da mPa, que atinge o Centro-Oeste, o sul da região Norte, o Sudeste e parte do litoral nordestino, possuindo três vertentes de ação
      - Ação da mPa sobre o Sul e parte do Sudeste: acarreta geadas no Sul e ondas de frio no Sudeste, sendo que não consegue se expandir em direção ao centro do país devido a barreiras de relevo
      - Ação da mPa ao longo da fronteira ocidental brasileira: a massa se desloca ao longo da planície que corresponde ao Pantanal brasileiro e chaco sul-americano, atingindo, em alguns casos, até mesmo o estado de RO, causando as chamadas "friagens" (quedas abruptas de temperatura na Amazônia Ocidental)
    - - Massa equatorial atlântica (mEa): é quente e úmida, vem do Oceano em direção ao litoral das regiões Nordeste e Norte
      - Massa tropical continental (mTc): entra em território brasileiro a partir da região do Paraguai, é quente e seca e abrange o MS e o PR. Não tem tanto impacto, pode causar períodos mais secos no Cerrado
      - Massa tropical atlântica (mTa): é quente e úmida, vem do oceano em direção aos litorais do Sul, Sudeste e Nordeste, abrangindo grande parte do litoral brasileiro
      - Massa equatorial continental (mEc): quente e úmida, forma-se sobre a Amazônia e leva calor e umidade para boa parte do território brasileiro, exceto o Sul, de forma que os impactos sobre o bioma da região têm comprometido a umidade disponível em várias áreas do país
      - Massa polar atlântica (mPa): é fria e seca, exerce pequena influência durante o verão, restrita ao extremo sul do RS
    - - Tropical
        
        Abrange boa parte do país e pode ser dividido em: 1) tropical típico/continental; 2) tropical semiárido; 3) tropical de altitude; 4) tropical litorâneo/atlântico/úmido
        
        Tropical típico/continental: é o que abrange o maior espaço no território brasileiro, sendo bem característico no Cerrado. Possui duas estações bem definidas (verão chuvoso e inverno seco), média térmica amena de 21°C, amplitude térmica de 7ºC e pluviosidade de 1500mm em média. O inverno seco no meio do ano é causado, sobretudo, pela retração da mEc, enquanto que os altos índices pluviométricos no verão são causados pelo avanço da mEc
        
        Tropical
        semiárido
        
        Há duas hipóteses que buscam explicar o regime de chuvas: 1) o Planalto da Borborema serve como barreira à entrada da mEa, deixando o sertão seco (explicação desacreditada porque há outras barreiras maiores e mais altas em outros locais brasileiros, o que não gera climas semiáridos, além do que o Planalto não impediria uma umidade trazida pela mEc); 2) a pressão atmosférica relativamente alta da região faz com que as massas de ar sejam dispersas para o entorno, o que impede que a umidade seja levada à região. Para que uma massa de ar consiga adentrar a região do semiárido brasileiro, é necessário que ela seja muito forte
        
        Possui temperaturas mais elevadas do que o tropical típico (média de 26-27°C), baixa amplitude térmica, pluviosidade mais baixa (750mm em média), sendo que a estação chuvosa, de fevereiro a julho, é mais curta e irregular do que no tropical típico
        
        Irregularidade pluviométrica: é explicada pela influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT, área de mínima latitude para onde a umidade converge graças ao regime de circulação do ar, que leva umidade dos trópicos para o equador), de forma que, quando a ZCIT por algum motivo (geralmente devido ao advento d'El Niño) não se desloca mais para o sul ao longo do verão nesse hemisfério, a mEc não fica tão forte e não consegue adentrar a região do semiárido (pode causar longos períodos de seca, como o ocorrido na década de 1870)
        
        Mudanças climáticas: o padrão de drenagem de rios é influenciado pelos divisores de águas, de forma que o curso de drenagem das águas é direcionado aos vales de planaltos ao longo do território brasileiro. O Planalto Central direciona a drenagem das águas ocasionadas pela mEc em direção às bacias do Sudeste (Rio Paraná), Nordeste (Rio S Francisco) e Norte (Rio Tocantins), de forma que o desmatamento na Amazônia gera a perda de força da mEc e prejudica o volume de águas nessas bacias, gerando períodos de estiagem (Rio Paraná sofreu com isso durante 2021)
        
        Tropical litorâneo/atlântico/úmido: não há estação seca, mesmo o inverno, no meio do ano, é úmido devido ao choque entre a mPa e a mTa (chuvas frontais). Graças à maritimidade, a amplitude térmica é baixa (cerca de 4-5°C, água como regulador térmico)
        
        Tropical de altitude: possui médias térmicas mais baixas (entre 18-21°C) graças à altitude, mas não há um padrão de regime de chuvas (depende da proximidade com o litoral). O meio do ano é o período mais seco
      - Equatorial: corresponde à boa parte do bioma amazônico, com exceção de uma porção de RR e do PA. Há pouca variação térmica (temperaturas elevadas constantemente, entre 25-28°C), pouca variação pluviométrica (chove demais ao longo de todo o ano, mesmo nos meses mais secos do meio do ano, podendo a chegar a 4000mm/ano). O clima é dominado pela influência da mEc
      - Subtropical: abrange as regiões de maior latitude do território (toda a região Sul), possui 4 estações do ano mais marcadas. Possui chuvas bem distribuídas, com média pluviométrica de 1200mm (meio do ano é mais seco mas não chega a ser um período de seca), apresenta temperaturas mais baixas (média de 18°C) e grande amplitude térmica
- - - - Cerca de 20% da área original do domínio já foi desmatada (apesar de não ser o índice mais alto do país, é muito significativo em termos absolutos), sendo que a maior parte ocorreu a partir de 1970 (integração física, abertura de áreas para a expansão rodoviária). Houve uma aceleração a partir dos 1990s (avanço da pecuária, que é a maior responsável pelo desmatamento). A partir de 2004, com o PPCDAm, os níveis caíram até 2016, quando houve uma retomada. Pará é a grande fronteira de expansão do desmatamento hoje, seguido de MT, RD, AM, MA e AC
      - É monitorado pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), administrado pelo INPE e responsável por fornecer os dados consolidados de desmatamento na região
      - Atividades ligadas ao desmatamento: extrativismo madeireiro (é relevante, mas os instrumentos de controle desde meados de 1990 têm sido eficazes), agropecuária (grande responsável pelo desmatamento, sendo o gado o principal vetor e a soja o vetor secundário. A concertação entre compradores para não adquirir soja oriunda de novas áreas, chamada moratória da soja, contribuiu para diminuir o desmatamento por este vetor) e eixos viários, já que os padrões de desmatamento seguem a expansão da malha rodoviária, sobretudo pavimentada (destaque para a BR-010, Belém-Brasília, grande impulsionadora de desmatamento no século passado, à BR-364, BR-163, e à BR-230)
      - Impactos: perda de biodiversidade (implica a perda do potencial de inserção internacional do país como potência que explora sua biodiversidade para gerar cadeias de alto valor, Bertha Becker) não cumprimento de compromissos voluntários (inventário de emissões líquidas brasileiro já indica um aumento das emissões a partir da mudança de uso da terra e das florestas desde 2016) interrupção da ciclagem de nutrientes e degradação do solo (fica mais exposto às intempéries e é mais lixiviado)
      - Mineração: como é feita da superfície para baixo, em camadas, promove grande erosão do solo e desmatamento, além de, uma vez esgotadas as jazidas, é abandonada uma cratera sem vida na área explorada. Além disso, o processo de mineração contamina o solo, já que envolve a separação entre material rochoso com valor comercial e resíduos por meio da aplicação de químicos. O produto disso (resíduos + químicos) são jogados em tanques de decantação (as barragens), o que pode gerar contaminação do solo e de águas, além de impactos socioambientais como em Brumadinho e Mariana. Além disso, o carvão vegetal, muito utilizado na atividade mineradora, também impulsiona o desmatamento
  - - - Cerca de metade da área original já foi desmatada, sendo que o domínio sofre pressão da pequena agricultura (extração de madeira para lenha devido à precariedade do fornecimento de energia, o que aponta para o fato de que as políticas ambientais para a Caatinga devem ter um forte viés social) e da pecuária. Recentemente, a agricultura irrigada tem gerado riscos, como os de salinização do solo (como o domínio tem muita capacidade de gerar evapotranspiração, a água direcionada à região logo se evapora, deixando camadas de sal sobre o solo, o que impede a produção)
      - Desertificação: principal risco ligado ao desmatamento na região, deriva tanto do processo de arenização (retirada da vegetação de um solo que já é arenoso, contribui para a menor penetração da água e para a maior degradação do solo) quanto do déficit hídrico da região. Cerca de 20% da área original de Caatinga já apresenta desertificação ou risco de desertificação
  - - - Mais da metade da área original de Cerrado já foi perdida e 70% já foi degradada (perda de qualidade do solo, perda parcial de vegetação), a partir dos anos 1960, com a pecuária, e dos anos 1970, com a expansão da soja. As maiores fronteiras de expansão do desmatamento são as bordas da Amazônia na região do MT, e em direção ao MATOPIBA. Os índices de desmatamento vêm caindo, seja graças às políticas públicas destinadas a este fim, seja graças ao fato de que há menos áreas para desmatar (mesmo assim, o nível de desmatamento continua alto e subindo em áreas de conservação). Além da produção de carvão vegetal e da abertura de áreas para pastagem, a mineração é uma grande causadora de desmatamento
      - Impactos sobre a biodiversidade: segundo a ONG Conservação Internacional, o Cerrado é um dos hotspots de biodiversidade (área com grande biodiversidade e que sofre risco de degradação)