ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA - Ao Desde o século XV com a consolidação dos estados nacionais e o advento das grandes navegações, evidenciou-se, com a Revolução Francesa em fins do século XVIII, a tomada e a conquista do poder político por parte da burguesia europeia, classe social que já era economicamente hegemônica. Segundo Engels e Marx (2003, p. 47-48) Apud SALUM, 2021) “Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu todas as relações feudais, patriarcais, idílicas. Dilacerou impiedosamente os variados laços feudais que ligavam o ser humano a seus superiores naturais, e não deixou subsistir de homem para homem outro vínculo que não fosse o interesse nu e cru, o insensível “pagamento em dinheiro”. Afogou nas águas gélidas do cálculo egoísta os sagrados frêmitos da exaltação religiosa, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca e no lugar das inúmeras liberdades já reconhecidas e duramente conquistadas colocou a liberdade de comércio sem escrúpulos. Numa palavra, no lugar da exploração mascarada por ilusões políticas e religiosas colocou a exploração aberta, despudorada, direta e árida”. (ENGELS;MARX, 2003, p. 47-48).
Neste mesmo sentido, outra passagem relevante para entender o declínio do teocentrismo no advento da modernidade ocidental capitalista pode ser encontrada nos estudos de Berman apud Salum (1986, p. 131-132) ao analisar o posicionamento de Marx em relação à modernidade:.
“[...] a vida se torna inteiramente dessantificada. De vários modos, Marx sabe que isso é assustador: homens e mulheres modernos podem muito bem ser levados ao nada, carentes de qualquer sentimento de respeito que os detenha; livres de medos e temores, estão livres para atropelar qualquer um em seu caminho, se os interesses imediatos assim o determinarem. Contudo, Marx também divisa as virtudes de uma vida despida de halos: esta desperta a condição de igualdade espiritual. Com isso, a moderna burguesia pode deter amplos poderes materiais sobre os trabalhadores e quem quer que seja, mas jamais recuperará a ascendência espiritual que as antigas classes dominantes tinham como tácita. Pela primeira vez na história, todos con-frontam a si mesmos e aos demais em um mesmo e único plano” (BERMAN, 1986, p. 131-132).