CASO CLÍNICO A
Um adolescente de 17 anos chega ao serviço de emergência (SE) após ter desenvolvido manifestações aguda de uma dor intensa no testículo direito, há cerca de 4 horas, enquanto jogava futebol. O paciente nega ter sofrido traumatismo recente na área, febre, disúria ou secreção peniana. Embora ele esteja nauseado, não há dor abdominal nem vômito.
Ao exame, sua temperatura é de 37,5º C, PA de138/84 mmHg, a FC é de 104 bpm e a FR é de rpm. O paciente apresenta desconforto agudo em consequência da dor. Sua condição abdominal é benigna. À inspeção visual, o paciente apresenta inchaço e eritema escrotal do lado direito, na ausência de secreções ou lesões penianas. Devido à sensibilidade escrotal intensa e difusa, é difícil examinar a região de forma mais detalhada. Entretanto, não ocorre subida testicular quando a porção interna da coxa do paciente é golpeada. O exame de urina mostrou a presença de 3 a 5 leucócitos sanguíneos/campo de maior aumento (CMA).
CRIPTORQUIDIA
É uma anomalia congênita comum em neonatos, em que um dos testículos ou ambos não se encontram na bolsa escrotal
Epidemiologia: A prevalência em neonatos é de 2 a 8%. Esse índice diminui para 1 a 2% após os primeiros meses de vida.
Incidência:
- Bilateral: 33%
- Direito: 46,7%
- Esquerdo: 20%
Fisiopatologia: Tem origem intra-abdominal. Desenvolvem-se na 7ª ou 8ª semana de gestação, e o polo anterior permanece dirigido para o anel inguinal até a 28ª semana, quando iniciam sua migração para o escroto, guiados pelo mesênquima (gubernáculo). O início da migração se faz sob ação hormonal (andrógenos, fator inibidor mulleriano), fatores físicos (regressão do gubernáculo, pressão intra-abdominal) e fatores ambientais (estrógenos maternos ou substâncias antiandrogênicas).
- Migração incompleta do testículo durante a embriogênese em algum ponto do trajeto abdominal até a bolsa testicular
- Testículo ectópico ou atrófico (secundário à malformação ou torção testicular).
Etiologia:
Desconhecida, no entanto, há vários fatores
- Hormonal: anomalidades nas vias/sinalização da testosterona, substância mulleriana, fator de crescimento epidérmico e/ou estrógenos
- Toxinas ambientais ou maternas: organoclorados, estrogênios ambientais, ésteres de ftalatos e pesticidas.
- Consumo materno de bebidas alcoólicas, analgésicos e tabagismo.
- DM gestacional e/ou obesidade
- Genético: 23% hereditário, mutações específicas que incluem as que envolvem o fator 3 semelhante à insulina e seu receptor, LGR8, e as repetições CAG/GGC nos genes do receptor de androgênio.
- Mecânicos:problemas com o desenvolvimento do gubernáculo ou fibras do músculo cremastérico, um conduto peritoniovaginal patente ou pressão intra-abdominal prejudicada.
- Neuromuscular: anormalidades do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina do nervo genitofemoral ou do núcleo cremastérico
Classificação:
Testículo retrátil: pode ser puxado para dentro do escroto e permanecer aí após a liberação da tração
Testículo com criptorquidia: não pode ser puxado para dentro do escroto ou retorna rapidamente para a posição superior após ser tracionado para dentro do escroto.
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Diagnóstico:
Exame Físico:
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USG, TC, RNM e flebografia também são utilizados no diagnóstico, mas não são essências, podendo ser dispensados.
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TORÇÃO TESTICULAR
Definição: É uma emergência urológica, com quadro doloroso súbito, com aumento do volume da bolsa testicular, geralmente unilateral, com edema e rubor, podendo haver febre, sudorese, náuseas e vômitos, resultante da torção do testículo no cordão espermático, causando uma constrição do suprimento vascular e isquemia tempo dependente e/ou necrose do tecido testicular.
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