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1 Ano - Cap 9: Transcendência e imanência, Ha duas posturas básicas pelas…
1 Ano - Cap 9:
Transcendência e imanência
1 - O que é transcendência? E o que é imanência?
Transcendência
se refere a um plano extrafísico sobrenatural.
Dimensão que a religião busca resgatar e lançar no mundo físico.
Nesse aspecto, o transcendente está acima do imanente.
Na esfera transcendente, haveria um ser que estaria acima dos demais. Um ser absoluto que grande parte das manifestações religiosas costuma identificar como
Deus
- algumas religiões creem em vários deuses.
Esse é o sentido de transcendência tanto quando se fala de
Deus
no
plano religioso
, como quando se fala em
transcendência metafísica
no plano da
Filosofia
.
Imanente
seria aquilo que não está além, ou seja, é o contrário da transcendência.
A transcendência de Deus
Foram desenvolvidas várias teses para explicar esse conceito.
Segundo uma dessas teses, Deus é absolutamente transcendente ao mundo.
Isso significa que existe um abismo entre Deus e o mundo.
Somente Deus poderia transpor esse abismo, se assim o quisesse.
Outra tese afirma que se Deus é distante do mundo, a ligação entre imanente e transcendente estaria em risco.
Seria preciso, assim, uma ponte entre para ligar os dois.
Há diversos pontos de vista que procuram traçar o que seria essa "ponte".
Há a tradição que considera Deus como criador e o Universo com criação - é o caso da fé cristã, por exemplo.
Ha ainda a tradição que compreende Deus como Princípio Primeiro e todas as coisas do Universo como sendo emanadas dele - é a tradição das filosofias de Aristóteles e de Platão, por exemplo.
Essa relação entre as duas dimensões, nesses casos, seriam as "pontes".
Essas duas formas de compreender partilham a noção de
transcendente
- noção que poderia ser chamada também de
metafísica
ou
teológica
.
Em comum, elas entendem que
transcendente
é "aquilo que está fora do mundo".
1 more item...
Spinoza
, filósofo de origem holandesa, considera que
Deus
é imanente ao mundo, ou imanente à natureza.
Na visão dele Deus é a natureza
Essa concepção diz que tudo é Deus, de modo que Deus e o mundo significam uma única realidade.
Outra forma de expor esse raciocínio seria o seguinte: Deus seria a soma de tudo quanto existe.
Essa visão de Spinoza se enquadra numa concepção
panteísta
, doutrina segundo a qual existe uma identificação total, ou uma aproximação extrema, entre Deus e o Universo.
Pode-se perceber que a visão
filosófica
de alguns pensadores e das
religiões
reveladas (judaísmo, cristianismo e islamismo) estão mais próximas do mundo
transcendental
Já as visões que se aproximam de um
materialismo
ou mesmo a negação da divindade (
ateísmo
) estão mais próximas da concepção de que o mundo é
imanente
.
2 - As três religiões do livro
Judaísmo, cristianismo e islamismo são chamadas "religiões do livro".
São baseadas em revelações consideradas divinas contidas em livros sagrados.
Todas as três nasceram na mesma região do globo: o Oriente Médio.
São as maiores religiões monoteístas do mundo.
As três compartilham a crença na imortalidade da alma.
Pregam, cada uma a seu modo, que deve haver solidariedade entre os seres humanos.
Todas as três ainda partilham a concepção de uma divindade transcendente.
Mas há diferenças fundamentais entre as modalidades dessa concepção.
A teologia judaica
Apresenta os seguintes temas fundamentais:
Deus é o criador;
Há um povo eleito por Deus (para quem foi revelada a lei divina, que deve ser seguida);
A alma humana é imortal;
Espera-se um Messias (um salvador que inauguraria um novo tempo, o "tempo messiânico");
Haverá a ressurreição dos mortos.
A teologia islâmica
Há uma única divindade, Alá;
Maomé é o maior dos profetas, recebeu a revelação de Alá;
Alá julgará as ações da humanidade no final dos tempos (juízo final).
Pode-se dizer que o monoteísmo islâmico resulta de certa influência do judaísmo e do cristianismo sobre o fundador da religião, Maomé.
Teologia cristã
Deus é transcendente e imanente ao mesmo tempo;
Depois de criar o mundo e os seres humanos, Deus, sem deixar sua natureza divina, torna-se também humano, em Jesus Cristo, para salvar a humanidade.
Desse modo, o abismo entre Deus e o mundo estaria preenchido, porque o próprio Deus entrou no mundo.
Portanto, com a teologia cristã, a Filosofia teve que desenvolver uma nova maneira de compreender a relação entre imanência e transcendência do ser.
Desde o surgimento do cristianismo, inúmeras correntes cristãs tentaram explicar como essa questão se processava.
A explicação aceita oficialmente pela Igreja foi a desenvolvida no chamado
Concílio de Niceia
, no ano 325.
O problema central da teologia cristã era a questão da natureza divina de
Jesus Cristo.
O concílio niceno definiu que Jesus é uma só pessoa, porém com duas naturezas: uma humana e uma divina. Ele seria
consubstancial
a Deus, ou seja, ele tem a mesma essência de
Deus Pai
.
A noção de
transcendente
nas
religiões do livro
implica esforços para
explicar
exatamente sua natureza e sua
relação
com o mundo
imanente
.
3 - Conceitos de Deus na visão das filosofias gregas antigas
Do ponto de vista da
Filosofia
, o conceito de
realidade transcendental
começa a ficar claro a partir da filosofia de
Platão
.
Platão concebe a realidade de forma dualista:
Existe uma
dimensão sensível
, material, sujeita a constante transformação e possível de ser captada pelos sentidos;
Existe outra dimensão,
inteligível
, imaterial, que seria imutável e captável pelo intelecto.
Nessa dimensão inteligível estariam as "ideias" e também aquilo que o filósofo chama de
ideia do Bem
.
Todas as ideais possuem algo em comum, que é justamente o fato de serem "ideias", algo abstrato.
Portanto, há uma essência comum nas ideias. Isso que Platão denominou de
ideia do Bem
, ou
ideia suprema
. Seria o princípio de explicação de todas as coisas.
Platão
ilustra esse conceito em sua obra
"A República"
, na qual apresenta a chamada
"Alegoria da caverna"
.
Aristóteles
desenvolve um pouco mais essa ideia de uma realidade transcendente responsável pelo surgimento do mundo sensível.
Aristóteles considera que há um
Primeiro Motor
Este seria o "princípio primeiro e a causa primeira" do movimento do mundo (universo).
Todas as coisas que estão se transformando e toda transformação seriam efeitos de uma causa.
Para Aristóteles, era preciso haver uma causa primeira, que por sua vez, não seria movida por nada.
Essa causa primeira, ele denomina de
motor imóvel.
Motor
porque gera as transformações.
Imóvel
porque é a primeira causa.
O motor imóvel, para Aristóteles, é divino, ou seja, é suprassensível, extrafísico, é eterno e incorruptível, é imóvel, é ato puro.
Ha duas posturas básicas pelas quais os seres humanos lidam com o mundo e vivem nele.
1 - Postura
imanentista
: considera que o sentido das coisas se resume à sua dimensão física.
2 - Postura
transcendentalista
: considera que o sentido do mundo estaria em uma dimensão extrafísica.