A Psiquiatria Preventiva trouxe ainda outra transformação importante: a formação de equipes multiprofissionais para atuarem nos programas comunitários, incluindo diferentes profissionais clínicos (psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros), além de especialistas no campo comunitário (planejadores, administradores, economistas e advogados) (Caplan, 1980), trazendo, com isso, uma ampliação do campo de atuação de diferentes profissionais, formalizando um contraponto à centralidade do poder médico do modelo anterior
A partir dessa lógica, constrói-se o imperativo de que todas as doenças mentais devam ser prevenidas, porém, para que isso ocorra, é preciso detectá-las precocemente. Com isso, seriam necessários diagnósticos precoces, que rastreariam indicadores de risco e evitariam a instalação dos “transtornos mentais”.
A epidemiologia buscou consolidar sua identidade sustentando-se na metodologia científica, por meio do uso imperativo das técnicas estatísticas, com base no pressuposto de que somente o que é mensurável é legítimo em termos científicos (Menéndez, 2009). Para tanto, no campo da saúde mental, seria necessário objetivar os sintomas, buscando uma definição funcional dos distúrbios para poder mensurá-los. Essa tarefa foi realizada por um grupo de psiquiatras ligados à Associação Americana de Psiquiatria, tendo sido desenvolvida no mesmo horizonte da Psiquiatria Preventiva. Esse grupo dedicou-se ao estudo dos transtornos mentais e à sua objetivação em termos de sinais e sintomas, resultando, em 1952, no conhecido Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders - D SM), lançado recentemente (2014)
agora o profissional deveria manter o controle sobre os
agentes náo profissionais como vizinhos, líderes comunitários, agentes religiosos, e tc, buscando a manutenção da ordem social
o modelo preventivo trouxe para o novo campo em constituição a manutenção de aspectos da velha
lógica do modelo biomédico e da psiquiatria tradicional, fazendo esse processo evoluir cravado por contradições, que fazem pane de sua dialética histórica
Com isso, se fez necessária uma intervenção nos grupos comunitários, já que as doenças mentais eram entendidas como sinônimo de desordem e, portanto, julgava-se poder prevenir e erradicar os males da sociedade ao se intervir nas famílias e nos grupos sociais (Amarante, 2007). Dessa forma, ao deslocar o lócus da intervenção, antes centrado no hospital psiquiátrico, para a comunidade, produziu-se uma tendência de "psiquiatrizaçáo do social”