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A sociedade como realidade objetiva III: legitimação - Coggle Diagram
A sociedade como realidade objetiva III: legitimação
A legitimação enquanto processo é melhor definida dizendo-se que se trata de uma objetivação de sentido de
"segunda ordem"
. A função da legitimação consiste em tornar objetivamente acessível e subjetivamente plausível as objetivações de "primeira ordem", que foram institucionalizadas.
A legitimação "explica" a ordem institucional outorgando validade cognoscitiva a seus significados objetivados. A
legitimação justifica a ordem institucional dando dignidade normativa a seus imperativo práticos.
Em outras palavras, a legitimação não é apenas uma questão de "valores". Sempre implica também "conhecimento".
A legitimação não apenas diz ao indivíduos por que deve realizar uma ação e não outra; diz-lhe também por que as coisas são o que são.
Os universos simbólicos constituem também a legitimação. São corpos de tradição teórica que integram diferentes áreas de significação e abrangem a ordem Institucional em uma totalidade simbólica. Em síntese, os processos simbólicos são
processos de significação que se referem a realidades diferentes das pertencentes à experiência da vida cotidiana
.
O universo simbólico é concebido como a matriz de todos os significados socialmente objetivados e subjetivamente reais.
Assim, o universo simbólico é evidentemente construído por meio de objetivações reais.
Os universos simbólicos são produtos sociais que têm uma história.
Se quisermos entender seu significado temos de entender o contexto de sua produção
. Pois, estando evidente a esfera a que pertencem todas as formas de conduta e papéis institucionais, o universo simbólico fornece a legitimação final da ordem institucional, outorgando a esta a primazia na hierarquia da experiência humana.
Outra função legitimadora estratégica dos universos simbólico para a biografia individual é a
"localização" da morte.
A experiência da morte dos outros e, consequentemente, a antecipação da sua própria morte estabelece a situação limite por excelência para o individuo.
O universo simbólico defende o indivíduo do supremo terror, outorgando uma legitimação fundamental às estruturas protetora da ordem institucional.
O universo simbólico também ordena a história. Localiza todos os acontecimentos coletivos numa unidade coerente. que inclui o passado, o presente e o futuro.
Com relação ao
passado
, estabelece uma "memória" que é compartilhada por todos os indivíduos socializados na coletividade
Em relação ao
futuro
, estabelece um quadro de referência comum para a projeção das ações individuals.
Um problema intrínseco apresenta-se com o processo de
transmissão do universo simbólico de uma geração a outra.
A socialização nunca é completamente bem sucedida. Alguns indivíduos "habitam" o universo transmitido de maneira mais definida que os outros.
O aparecimento de um outro possível universo simbólico representa uma ameça porque sua simples existência demonstra empiricamente que o
nosso próprio não é inevitável.
Indivíduos ou grupos de nossa própria sociedade podem ser tentados a "emigrar" do universo tradicional ou, transformar a velha ordem à imagem da nova
O material do qual são feitas as legitimações de conservação do universo é principalmente uma elaboração posterior, em, um nível mais alto de integração teórica, das legitimações das várias instituições.
Sendo produtos históricos da atividade humana, todos os universos socialmente construídos modificam-se. e a transformação é realizada pelas ações concretas dos seres humanos.
A realidade é socialmente definida. Mas as definições são sempre encarnadas, isto é,
indivíduos concretos e grupos de indivíduos servem como definidores da realidade.
Uma primeira consequência disso é a emergência da teoria pura. Como os peritos universais
operam num nível abstrato em relação ao cotidiano, tanto eles os outros quanto eles próprios podem concluir que
suas teorias não têm qualquer relação com a vida corrente da sociedade
, mas
existem numa espécie de céu platônico de ideação histórica e social.
Uma segunda conseqüência é o fortalecimento do tradicionalismo, nas ações institucionalizadas que são assim legitimadas, isto é, o reforço da tendencia inerente da institucionalização à inércia.
O hábito e a institucionalização limitam por si mesmos a flexibilidade das ações humanas
. As instituições tendem a perdurar, a menos que se tornem "problemáticas". As legitimações supremas reforçam inevitavelmente esta tendência.
Estar na sociedade implica, portanto, a aceitação desta tradição.
Os especialistas na tradição recebem o devido reconhecimento virtualmente por parte de todos os membros da sociedade e não tem competidores reais com quem se defrontar.
Nesta situação a tradição monopolista e seus ministradores especialistas são sustentados por uma estrutura unificada de poder. Aqueles que ocupam as posições decisivas de poder estão prontos para usar seu poder a fim de impor as definições tradicionais da realidade à população submetida à sua submetida.
É possível, por conseguinte, dizer que as
igrejas, consideradas como combinações monopolistas de peritos, na definição religiosa da realidade são inerentemente conservadoras, logo que conseguem estabelecer seu monopólio em uma dada sociedade.
Inversamente, os grupos dominantes que tem interesse na manutenção do status quo politico são essencialmente eclesiásticos em sua orientação religiosa e, como prova, verifica-se desconfiarem de todas as motivações na tradição religiosa.
Em síntese é importante ter em mente que a
maioria das sociedades modernas são pluralistas.
Isto significa que compartilham de um universo que é o seu núcleo, aceito como indubitável, e têm diferentes universos parciais coexistindo em um estado de mútua acomodação.