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As Consequências da Modernidade - Coggle Diagram
As Consequências da Modernidade
Introdução
"Modernidade" refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência
As instituições sociais modernas são, sob alguns aspectos,
únicas — diferentes em forma de todos os tipos de ordem tradicional
As Descontinuidades da Modernidade
Existem indiscutivelmente descontinuidades em várias fases do desenvolvimento histórico — como, por exemplo, nos pontos de transição entre sociedades tribais e a emergência de estados agrários
Sobre o plano extensional, elas serviram para estabelecer
formas de interconexão social que cobrem o globo
em termos intensionais, elas vieram a alterar algumas das mais íntimas e pessoais características de nossa existência cotidiana
Mesmo aquelas teorias que enfatizam a importância de transições descontinuístas, como a de Marx, vêem a história humana como tendo uma direção global, governada por princípios dinâmicos gerais
As civilizações tradicionais podem ter sido consideravelmente mais dinâmicas que outros sistemas pré-modernos, mas a rapidez da mudança em condições de modernidade é extrema
Conforme diferentes áreas do globo são postas em interconexão, ondas de transformação social penetram através de virtualmente toda a superfície da Terra
Algumas formas sociais modernas simplesmente não se encontram em períodos históricos precedentes — tais como o sistema político do estado-nação, a dependência por atacado da produção de fontes de energia inanimadas, ou a completa transformação em mercadoria de produtos e trabalho assalariado
Os modernos assentamentos urbanos freqüentemente incorporam os locais das cidades tradicionais, e isto faz parecer que meramente expandiram-se a partir delas
Segurança e Perigo, Confiança e Risco
Não apenas a ameaça de confronto nuclear, mas a realidade do conflito militar, formam uma parte básica do "lado sombrio" da modernidade no século atual
Se um conflito militar ainda que limitado eclodisse, a perda de vidas seria estarrecedora, e um conflito total entre superpotências pode erradicar completamente a humanidade
O mundo em que vivemos hoje é um mundo carregado e perigoso. Isto tem servido para fazer mais do que simplesmente enfraquecer ou nos forçar a provar a suposição de que a emergência da modernidade levaria à formação de uma ordem social mais feliz e mais segura
Marx via a luta de classes como fonte de dissidências fundamentais na ordem capitalista, mas vislumbrava ao mesmo tempo a emergência de um sistema social mais humano.
Durkheim acreditava que a expansão ulterior do industrialismo estabelecia uma vida social harmoniosa e gratificante, integrada através de uma combinação da divisão do trabalho e do individualismo moral
Na esteira da ascensão do fascismo, do Holocausto, do stalinismo e de outros episódios da história do século XX, podemos ver que a possibilidade de totalitarismos é contida dentro dos parâmetros da modernidade ao invés de ser por eles excluída
Sociologia e Modernidade
Diagnóstico institucional da modernidade
Para autores influenciados por Marx, a força transformadora principal que modela o mundo moderno é o capitalismo
O caráter móvel, inquieto da modernidade é explicado como um resultado do ciclo investimento-lucro-investimento que, combinado com a tendência geral da taxa de lucro a declinar, ocasiona uma disposição constante para o sistema se expandir
O "Capitalismo racional" como Weber o caracteriza, compreende os mecanismos econômicos especificados por Marx, incluindo a transformação do salário em mercadoria
A "racionalização", conforme expressa na tecnologia e na organização das atividades humanas, na forma da burocracia, é a tônica
A modernidade, sugiro, é multidimensional no âmbito das instituições, e cada um dos elementos especificados por estas várias tradições representam algum papel
Sociedade
Nas perspectivas não-marxistas, particularmente aquelas relacionadas à influência de Durkheim, o conceito de sociedade é ligado à definição da própria sociologia
Ao explicar a natureza das sociedades modernas, temos que capturar as características específicas do estado-nação — um tipo de comunidade social que contrasta de maneira radical com os estados pré-modernos
As sociedades modernas (estados-nação), sob alguns aspectos, de qualquer maneira, têm uma limitação claramente definida
Devemos olhar com alguma profundidade como as instituições modernas tornaram-se "situadas" no tempo e no espaço para identificar alguns dos traços distintivos da modernidade como um todo
Conexões entre conhecimento sociológico e as características da modernidade às quais se refere este conhecimento
O conhecimento sociológico mantém uma relação instrumental
com o mundo social com o qual se relaciona
O desenvolvimento do conhecimento sociológico é parasítico dos conceitos dos leigos agentes; por outro lado, noções cunhadas nas metalinguagens das ciências sociais retornam rotineiramente ao universo das ações onde foram inicialmente formuladas para descrevê-lo ou explicá-lo
A sociologia (e as outras ciências sociais que lidam com seres humanos) não desenvolve conhecimento acumulativo da mesma maneira que, pode-se dizer, o fazem as ciências naturais
Modernidade, Tempo e Espaço
O calendário, por exemplo, foi uma característica tão distintiva dos estados agrários quanto a invenção da escrita
Invenção do relógio mecânico e sua difusão entre virtualmente todos os membros da população (um fenômeno que data em seus primórdios do final do século XVIII)
Todos seguem atualmente o mesmo sistema de datação: a aproximação do "ano 2.000", por exemplo, é um evento global.
O "esvaziamento do tempo" é em grande parte a pré condição para o "esvaziamento do espaço" e tem assim prioridade causal sobre ele.
O deslocamento do espaço do lugar não é, como no caso do tempo, intimamente relacionado à emergência de modos uniformes de mensuração.
O mapeamento progressivo do globo que levou à criação de mapas universais, nos quais a perspectiva desempenhava um pequeno papel ria representação da posição e forma geográficas, estabeleceu o espaço como "independente" de qualquer lugar ou região particular
Por que a separação entre tempo e espaço é tão crucial para o extremo dinamismo da modernidade?
Em primeiro lugar, ela é a condição principal do processo de desencaixe
Em segundo lugar, ela proporciona os mecanismos de engrenagem para aquele traço distintivo da vida Social moderna, a organização racionalizada
Em terceiro lugar, a historicidade radical associada à modernidade depende de modos de "inserção" no tempo e no espaço que não eram disponíveis para as civilizações precedentes
Desencaixe
A mudança de sistemas de pequena escala para civilizações agrárias e, então, para sociedades modernas, de acordo com esta concepção, pode ser vista como um processo de progressiva diferenciação interna
Por desencaixe me refiro ao "deslocamento" das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço
Criação de fichas simbólicas
Por fichas simbólicas significam meios de intercâmbio que podem ser "circulados" sem ter em vista as características específicas dos indivíduos ou grupos que lidam com eles em qualquer conjuntura particular
Dinheiro
O dinheiro permite a troca de qualquer coisa por qualquer coisa, a despeito dos bens envolvidos partilharem quaisquer qualidades substantivas em comum
Segundo Talcott Parsons, o dinheiro é um dos diversos tipos de "meio de comunicação circulante" nas sociedades modernas, além do poder, da linguagem e outros
Uma transição básica é iniciada quando reconhecimentos de
débito podem ser substituídos por mercadorias tais como no acordo das transações
O dinheiro, pode-se dizer, é um meio de retardar o tempo e assim separar as transações de um local particular de troca
A condição de desencaixe proporcionada pelas economias monetárias modernas é imensamente maior do que em qualquer das civilizações pré-modernas em que existia dinheiro
O dinheiro não se relaciona ao tempo (ou, mais precisamente, ao tempo-espaço) como um fluxo, mas exatamente como um meio de vincular tempo-espaço associando instantaneidade e adiamento, presença e ausência
Uma das formas mais características de desencaixe na era moderna, por exemplo, é a expansão dos mercados capitalistas (incluindo os mercados monetários), que ocorrem relativamente cedo num escopo internacional
Sistemas Peritos
Sistemas Peritos referem-se a sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que vivemos hoje
Quando saio de minha casa e entro num carro, penetro num cenário que está completamente permeado por conhecimento perito — envolvendo o projeto e construção de automóveis, estradas, cruzamentos, semáforos e muitos outros itens
Os sistemas peritos são mecanismos de desencaixe porque, em comum com as fichas simbólicas, eles removem as relações sociais das imediações do contexto
Todos os mecanismos de desencaixe implicam uma atitude de confiança
Confiança
A principal definição de "confiança" no Oxford English Dictionary é descrita como "crença ou crédito em alguma qualidade ou atributo de uma pessoa ou coisa, ou a verdade de uma afirmação"
A confiança pressupõe consciência das circunstâncias de risco, o que não ocorre com a crença. Tanto a confiança como a crença se referem a expectativas que podem ser frustradas ou desencorajadas
Na concepção de Luhmann, quando se trata de confiança, o indivíduo considera conscientemente as alternativas para seguir um curso específico de ação
Alguém que compra um carro usado, ao invés de um novo, arrisca-se a adquirir uma dor de cabeça
A confiança está relacionada à ausência no tempo e no espaço
Diz-se que a confiança é "um dispositivo para se lidar com a liberdade dos outros",30 mas a condição principal de requisitos para a confiança não é a falta de poder, mas falta de informação plena
A confiança está basicamente vinculada, não ao risco, mas à contingência. A confiança sempre leva à conotação de credibilidade em face de resultados contingentes, digam estes respeito a ações de indivíduos ou à operação de sistemas
A confiança não é o mesmo que fé na credibilidade de uma pessoa ou sistema; ela é o que deriva desta fé. A confiança é precisamente o elo entre fé e crença, e é isto o que a distingue do "conhecimento indutivo fraco"
A confiança pode ser definida como crença na credibilidade de uma pessoa ou sistema, tendo em vista um dado conjunto de resultados ou eventos, em que essa crença expressa uma fé na probidade ou amor de um outro, ou na correção de princípios abstratos (conhecimento técnico)