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O TEMPO DO DESIGN PARTICIPATIVO (Chiara Del Gaudio;Alfredo J. de Oliveira;…
O TEMPO DO DESIGN PARTICIPATIVO
(Chiara Del Gaudio;Alfredo J. de Oliveira; Carlo Franzato)
2014
DESIGN E INOVAÇÃO SOCIAL
O engajamento social não é, todavia, uma questão nova aos
designers
ORIGENS: década de 1970, quando a disseminação da conscientização sobre os problemas ambientais e sociais de amplo alcance e do seu agravamento em diversas áreas do planeta provocaram em alguns designers questionamentos sobre sua responsabilidade e papel social
as mudanças ocorridas ao longo das décadas no âmbito industrial, a evolução do papel e da percepção do usuário e a ampliação do objeto de projeto a âmbitos diferentes dos tradicionais ( como serviços e bens intangíveis )
Conduzem a um diferente entendimento da disciplina e da profissão
Mudanças na modalidade de atuação dos designers e uma reorganização do seu processo
ATUALMENTE: busca por novas possibilidades de aplicação do processo de Design. Além disso, as mais tradicionais configurações da rede de projeto e a relação entre designer e usuário têm sido discutidas
Busca por solução às consequências
negativas do consumo de massa e da produção industrial
Inovação Social
soluções multidisciplinares e flexíveis capazes de ir além dos limites institucionais, de gerar mudanças duradouras e de melhorar problemas sociais amplos
Origem bottom-up da solução, a participação das pessoas interessadas no processo e sua capacitação, que permitem uma redistribuição do poder de decisão da sociedade
Diálogo maior entre público, privado e organizações sem fins lucrativos
Valorização do usuário, sua participação,
habilidade e conhecimento do contexto
responder às necessidades cotidianas não atendidas pelo governo e pela indústria, e produzir mudanças no tecido social local
necessidade de uma redefiniçao do papel e das ações do designer.
INTRODUÇÃO
Estudos têm apontado para potencialidades de
processos co-criativos e participativos de Design
Revelam a contribuição na resolução de questões sociais e na melhoria do contexto de vida cotidiano da população envolvida.
Levaram a ampla difusão entre novos e futuros designers, assim
como entre os profissionais da área.
Estudos recentes também apresentam os limites e as dificuldades do Design Participativo
Designers: necessidade de compreender melhor os desafios a serem
enfrentados e os novos contextos de atuação
As metodologias para o
desenvolvimento de projetos participativos precisam ser adaptadas ao contexto (lugar e participantes)
Melhor compreensão das dinâmicas de implementação nestes novos territórios de atuação da disciplina
Ao atuar na ÁREA SOCIAL promovendo processos locais de Inovação Social, os designers podem encontrar um contexto diferente do próprio e que, às vezes, apresenta grandes diferenças culturais.
O artigo dá foco a um desses aspectos contextuais que determinam as
condições para a ação do designer: O TEMPO.
QUESTÃO CHAVE PARA UM PROJETO DE DESIGN PARTICIPATIVO
TEMPO: em seu sentido subjetivo (a percepção do tempo pelos diversos atores envolvidos no projeto e a necessidade de tempos diversos para um desenvolvimento proveitoso das atividades projetuais)
TEMPO: em seu sentido objetivo (o tempo efetivamente à disposição para o projeto em termos de número de horas e organização da agenda)
Compreensão deste tipo de projeto e das dinâmicas temporais de ação
A ação dos designers no âmbito social possa tornar-se viável
O TEMPO NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO
o tempo é um elemento fundamental
em um projeto, tanto no seu desenvolvimento quanto na análise
o mais comum critério de avaliação de um projeto e das atividades desenvolvidas é o alcance de objetivos temporais, ou seja, sua realização em um intervalo de tempo preestabelecido
Todos os objetivos e as atividades de um projeto apresentam um intervalo temporal de realização, definido a priori, a partir do qual seu êxito é avaliado
Aos participantes do projeto exige-se: mútua adaptação e coordenação das rotinas recíprocas.
normalmente requer a intervenção de unidades organizacionais e operacionais
contextuais,
Definição de um tempo global do projeto
dimensão local e social do tempo, que é muito importante para a compreensão do desenvolvimento de projetos de Design no e com o local.
contexto cultural: desempenha um papel
fundamental no influenciar e no definir os elementos temporais
o tempo como fenômeno social: um projeto é resultado das instituições que atuam nele. Cada uma é caracterizada por seu próprio tempo e, com isso, influencia-se o “tempo global”
ATORES DE UM MESMO AMBIENTE: compartilhamento de regras e métodos de comportamento em nível temporal
ESTUDOS DE CASO
Aprofundamento do fenômeno do tempo em projetos de DP
Design Participativo no Complexo de Favelas da Maré
Projeto desenvolvido pelos autores em março e outubro de 2012
OBJETIVOS: compreender melhor as dinâmicas de desenvolvimento de um projeto de PD em área urbanas que sofrem por marginalização e de aprofundar o potencial do Design de promover redes colaborativas locais e processos de cidadania ativa, ou seja, processos de Inovação Social
LOCAL:
Complexo de favelas da Maré, favela do Rio de Janeiro
em colaboração com uma ONG local
Realizações: aplicados métodos de criação participativos para renovar uma praça pública local
envolver os moradores locais no redesign do lugar, de empoderá-los através do processo de Design e de promover atitudes democráticas
três fases
principais
integração no contexto e na organização parceira
seleção do objeto de projeto e definição das principais estratégias
realização de dois encontros para discutir e promover atividades co-criativas.
Ao final: surgiram problemas de integração temporal entre os diferentes atores e discrepâncias entre os resultados expectados e alcançados.
A experiências dos designers profissionais
Passos:
Foram entrevistadas três designers que contaram suas próprias experiências no desenvolvimento de projetos participativos: Fernanda de Oliveira Martins, Jeanine Torres Geammal e Samara Tanaka.
Fernanda de Oliveira Martins
: "designer gráfico há trinta anos que recentemente tem focado sua atividade no Design para a sustentabilidade, concentrou-se em particular em um projeto realizado para a Associação de Artesãs Ver-as-Ervas e na sua atuação como um consultora do SEBRAE em diferentes projetos que envolvem comunidades artesãs, em particular o projeto para a Associação Comunitária dos Artesãos e Lapidários de Floresta do Araguaia (ACOALFA) e para o grupo Cardume de Mães – um projeto da ONG Arrastão de São Paulo"
Em seus projetos foram usadas metodologias participativas para inserir a comunidade no mercado, e que promovessem a sua autoestima, o reconhecimento e a valorização de sua identidade cultural
Jeanine Torres Geammal
: "designer e professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ) no curso de Desenho Industrial, tem experiência no âmbito do Design artesanal e na atuação com grupos e comunidades para melhorar produtos e processos "
Entrevista concentrou-se no projeto que ela desenvolveu juntamente com as Mulheres da Palha, uma comunidade de mulheres artesãs que trabalham com a palha da carnaúba em Juazeiro do Norte
OBJETIVO "PONTUAL": melhorar o produto feito pelas artesãs e na realização de ações mais amplas para influenciar e promover a organização e integração do grupo.
MEIO: experiências participativas com o objetivo de aumentar os recursos sociais e econômicos deste grupo e de permitir uma troca e partilha de conhecimento entre estudantes e artesãs.
Samara Tanaka
: designer carioca, realiza pesquisas e projetos independentes sobre a Inovação SociaL
ENTREVISTA BASEOU-SE EM: atividade Design Aberto P2P que realiza pela MECCA Rede, bem como nas suas pesquisas independentes, em especial as realizadas no Complexo do Lins, uma favela do Rio de Janeiro
NO PROJETO: a designer usa as ferramentas e o processo de Design para promover um maior ativismo da comunidade em relação à realização de seus próprios desejos e à satisfação de suas necessidades.
CONCLUSÕES: O TEMPO NO PD
A análise das experiências relatadas permitiu aprofundar as dinâmicas temporais que caracterizam projetos de Design baseados em abordagens participativas que buscam promover processos locais de Inovação Social e que são desenvolvidos no lugar de implementação
projetos de natureza interinstitucional
No caso do Complexo de favelas da Maré, por exemplo, havia três atores: o designer, a ONG e o contexto. A ONG e o contexto, ou seja a população e todos os elementos que influenciam suas dinâmicas e evoluções, pertenciam ao mesmo ambiente institucional; enquanto o designer é o ator regulado por percepções e normas temporais diferentes