Como sistema, o familismo tende a instaurar alguma forma de bilateralidade, ainda que incipiente e instável, entre favor e proteção, não só entre o pai e seus dependentes, mas também entre famílias diferentes entre si,criando um sistema complexo de alianças e rivalidades. No tipo de sociedade analisado em Casa-grande e senzala, o patriarcalismo familial se apresenta em forma praticamente pura, com o vértice da hierarquia social ocupado pela figura do patriarca.
Do ponto de vista do patriarca existe, uma série de motivos “racionais” para aumentar na maior medida possível seu raio de influência por meio da família poligâmica. Existe toda uma gama de funções de “confiança”, no controle do trabalho e caça de escravos fugidos, além de serviços“militares” em brigas por limites de terra, etc., que seriam melhor exercidas por membros da “família ampliada” do patriarca. Enquanto esse tipo de serviço de controle e guarda era exercido nos EUA exclusivamente por brancos, no Brasil havia predomínio de mestiços.
Havia, também, uma interessante forma religiosa também familial. Existia impressionante familiaridade entre os santos e os homens, cumprindo àqueles, inclusive, funções práticas dentro da ordem doméstica e familiar. Nesse contexto, mais importante ainda é que o culto aos santos se confundia também com o culto aos antepassados, conferindo ao“familismo” como sistema uma base simbólica própria.