O Espaço Brasileiro no Momento da Sua Arrancada Industrial e Os Caminhos da Industrialização Brasileira:
migração e suas consequências socioculturais:
ato de emigrar significa a existência de dois problemas: tanto uma ruptura do emigrante com o seu lugar de origem quanto a necessidade de reintegração social na condição do imigrante em seu lugar de destino.
O primeiro: marcado pelo distanciamento físico nas relações familiares e de amizades, assim como pelo abandono das imagens dos lugares que marcam o cotidiano das pessoas: bairros, ruas, povoados, etc.
O segundo representa a condição de forasteiro, de estranho, e a consequente necessidade de integração com o novo espaço físico e social.
O aumento do setor secundário e a redução do setor primário significaram a transferência de muitos trabalhadores do campo para as linhas de montagem das grandes indústrias de automóveis ou então para a construção civil.
As atividades econômicas e industriais nas 5 regiões do Brasil
Maior parte dos que migram é composta por populações de baixa renda, a condição de pobreza e mesmo de miséria em que vivem, expressas pelas precárias condições das moradias, acaba transformando-os no símbolo da deterioração da vida social. Favela e cortiços passam a ser os locais de moradia da maior parte dessas populações de imigrantes. Raros são os casos daqueles que conseguem ascender na escala social.
Diferentes são as condições dos imigrantes que se destinam a regiões onde os assentamentos humanos já se apresentam fortemente consolidados. Nelas o nível de resistência aos imigrantes cria todas as situações de conflito que arrolamos.
Diferentes são também as condições dos que migram dentro de seu próprio país. No Brasil, destacam-se as grandes ondas migratórias de nordestinos para as regiões mais ricas do país, onde acabam sofrendo as mesmas segregações sofridas pelos estrangeiros do Terceiro Mundo em países da Europa e nos Estados Unidos. As resistências acabam configurando-se nos dois lados.
Tudo nos leva a crer que as transferências de populações brasileiras de uma região para outra, do campo para a cidade, foram acompanhadas por traumas e conflitos.
Emigração é produto da má distribuição dos recursos. Também falso é alegar que as calamidades naturais são as suas causas.
No caso brasileiro, as secas do Nordeste como causadoras da emigração dessa região serviram historicamente para camuflar as verdadeiras causas, que residem na precariedade de suas estruturas políticas e sociais.
Concentração e desconcentração industrial: São Paulo é centro industrial do país:
Dentre as principais características da industrialização tardia do Brasil, destaca-se o processo de concentração geográfica na região Sudeste, especialmente em São Paulo, o que acabou reproduzindo uma série de desigualdades regionais no território brasileiro.
Esse fato, contudo, não permite afirmar que as primeiras indústrias capitalistas brasileiras, no início do século 20, foram desenvolvidas de maneira concentrada naregião Sudeste. Naquele período, por exemplo, a indústria têxtil nordestina era bastante desenvolvida.
Concentração industrial
A gênese da indústria de substituição de importação esteve ligada a uma série de fatores, desencadeados, sem dúvida, pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, que acabou induzindo definitivamente à crise o complexo cafeeiro, até então a principal pauta de exportação brasileira.
A Grande Depressão de 1929, além de inviabilizar a exportação do café brasileiro, dificultava a importação de produtos industrializados no país.
Foi nesse contexto que nasceu o processo de industrialização no Brasil, com a função de substituir as importações de produtos industrializados de outros países, inclusive dos EUA.
a indústria de substituição de importação, capitalizada pela ação do Estado e com farta disponibilidade de mão-de-obra barata, vai se desenvolver especialmente no ramo das indústrias de bens de consumo não-duráveis, com destaque às indústrias têxtil e alimentícia.
No segundo grande impulso da industrialização no Brasil, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-60), houve a consolidação definitiva do capitalismo industrial brasileiro.
A indústria automobilística e toda uma cadeia produtiva de equipamentos e peças para veículos continuaram a reforçar a concentração industrial em São Paulo, em especial na região do ABC paulista.
Desconcentração industrial
O planejamento estatal desenvolveu, paulatinamente, na década de 1970, uma série de incentivos fiscais para a desconcentração industrial, levada a cabo regionalmente pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Década de 1990: desconcentração industrial se intensificou. Apoiada pela maior abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico (informática e comunicação), sem esquecer das mudanças constitucionais de 1988, esse processo de desconcentração acabou gerando o que os geógrafos chamam de "Guerra dos Lugares", ou seja, uma disputa entre estados e municípios, com a intenção de atrair grandes empresas a partir da diminuição ou isenção de impostos.
Não é correto afirmar que, nesse período, teria se iniciado um processo de desindustrialização da Grande São Paulo. A metrópole acabou se especializando em atividades mais complexas e competitivas, que exigem o emprego mais qualificado de novas tecnologias, ligadas à informática e à comunicação.
A distribuição espacial das indústrias no Brasil
Descentralização industrial que vem ocorrendo intra-regionalmente e também entre as regiões. Dentro da Região Sudeste há uma tendência de saída do ABCD Paulista, buscando menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Horizonte.
Estas áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores custos de mão-de-obra, transportes menos congestionados e por tratar-se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital quando se tratade tecno polos.
A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades-médias dotadas de boa infraestrutura e com centros formadores de mão-de-obra qualificada, geralmente universidades.
Percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, de uso intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e vestuários para o Nordeste, atraídas sobretudo, pela mão-de-obra extremamente barata.
A concentração industrial no sudeste
A distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concentração em São Paulo, foi determinada pelo processo histórico, já que no momento do início da efetiva industrialização, o estado tinha, devido à cafeicultura, os principais fatores para instalação das indústrias a saber: capital, mercado consumidor, mãodeobra e transportes.
A cidade de São Paulo, o ABCD(Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) e centros próximos, como Campinas, Jundiaí e São José dos Campos possuem uma superconcentração industrial, elaborando espaços geográficos integrados à região metropolitana de São Paulo. Esta área tornou-se o centro da industrialização, que se expandiu nas seguintes direções: para Baixada Santista, para a região de Sorocaba, para o Vale do Paraíba –Rio de Janeiro e interior, alcançando Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Sudeste: é a região que possui a maior concentração industrial do país. Os principais tipos de indústrias são: automobilística, petroquímica, de produtos químicos, alimentares, de minerais não metálicos, têxtil, de vestuário, metalúrgica, mecânica, etc. É um centro polindustrial, marcado pela variedade e volume de produção. Outras atividades estão muito ligadas à vida urbana e industrial: comércio, serviço público, profissionais liberais, educação, serviços
bancários, de comunicação, de transporte, etc. Quanto maior a cidade, maior variedade de profissionais aparecem ligados às atividades urbanas.
Sul: Sua industrialização tem muita vinculação com a produção agrária e dentro da divisão regional do trabalho visa o abastecimento do mercado interno e as exportações. Com as transformações espaciais ocasionadas pela expansão da soja, o Sul passou a ter investimentos estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas. A reorganização e modernização da indústria do sul necessitam também de uma política nacional que possibilite o aproveitamento das possibilidades de integração da agropecuária e da indústria, à implantação e crescimento da produção de bens de capital (máquinas, equipamentos), de indústrias de ponta em condições de concorrência com as indústrias de São Paulo.
Nordeste: A industrialização dessa região vem se modificando, modernizando, mas sofre a concorrência com as indústrias do Centro-Sul, principalmente de São Paulo, que utilizam um maquinário tecnologicamente mais sofisticado. A agroindústria açucareira é uma das mais importantes, visando sobretudo a exportação do açúcar e do álcool. As indústrias continuam a tendência de intensificar a produção ligada à agricultura (alimentos, têxteis, bebidas) e as novas indústrias metalúrgicas, químicas, mecânicas e outras. A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe para a região indústrias ligadas à produção refino e utilização de derivados do petróleo. O sistema industrial do Nordeste, concentrado na Zona da Mata, tem pouca integração interna. Encontra-se somente em alguns pontos dispersos e concentra-se sobretudo nas regiões metropolitanas: Recife, Salvador e Fortaleza.
Centro-Oeste: Na década de 1960, a industrialização a nível nacional adquiriu novos padrões. As indústrias de máquinas e insumos agrícolas, instaladas no Sudeste, tiveram mercado consumidor certo no Centro-Oeste, ao incentivarem-se os cultivos dos produtos de exportação em grandes áreas mecanizadas. A partir da década de 1970, o Governo Federal implantou uma nova política econômica visando a exportação. Para atender às necessidades econômicas brasileiras e a sua participação dentro da divisão internacional do trabalho, caberia ao Centro-Oeste a função de produtor de grãos e carnes para exportação. O Centro-Oeste tornou-se a segunda região em criação de bovinos do País, sendo esta a atividade econômica mais importante da sub-região. Sua produção de carne visa o mercado interno e externo. Existem grandes matadouros e frigoríficos que industrializam os produtos de exportação. O abastecimento regional é feito pelos matadouros de porte médio e matadouros municipais, além dos abates clandestinos que não passam pela fiscalização do Serviço de Inspeção Federal. Sua industrialização se baseia no beneficiamento de matérias-primas e cereais, além do abate de reses o que contribui para o maior valor de sua produção industrial. As outras atividades industriais são voltadas para a produção de bens de consumo, como: alimentos, móveis, etc. A indústria de alimentos, a partir de 1990, passou a se instalar nos polos produtores de matérias-primas, provocando um avanço na agroindústria do Centro-Oeste.
Norte: A atividade industrial é pouco expressiva, se comparada com outras regiões brasileiras. Porém, os investimentos aplicados, principalmente nas últimas décadas, na área dos transportes, comunicações e energia possibilitaram à algumas áreas o crescimento no setor industrial, visando à exportação. Grande parte das indústrias está localizada próxima à fonte de matérias-primas como a extração de minerais e madeiras, com pequeno beneficiamento dos produtos. A agroindústria regional dedica-se basicamente ao beneficiamento de matérias-primas diversas, destacando-se a produção de laticínios; o processamento de carne, ossos e couro; a preservação do pescado, por congelação, defumação, salga, enlatamento; a extração de suco de frutas; o esmagamento de sementes para fabricação de óleos; a destilação de essências florestais; prensagem de juta, etc. Tais atividades, além de aumentarem o valor final da matéria-prima, geram empregos. As principais regiões industriais são Belém e Manaus. Na Amazônia não acontece como no Centro-sul do país, a criação de áreas industriais de grandes dimensões.
Como a implantação de uma indústria pode alterar na cultura e nas relações de trabalho na região em que foi implantada
Quando uma indústria é implantada em determinada região, várias mudanças acontecem, dentre elas, mudanças no espaço geográfico, mudanças culturais, e principalmente, mudanças na economia.