Já nos primeiros contatos com os habitantes do continente americano, os portugueses iniciaram o escambo, troca de produtos e serviços dos indígenas por mercadorias. Um navegador francês chamado Binot de Gonneville, que esteve na colônia entre 1503 e 1504, afirmou em seus relatos de viagem que os indígenas trocavam diversos artigos que interessavam aos europeus, como peles de animais, plumagens, madeira, etc., por “pentes, facas, machados, espelhos, miçangas e outras bugigangas, quinquilharias e coisas de baixo preço” .
Aos olhos do europeu, parecia um absurdo que os povos nativos aceitassem objetos de pouco valor em troca de objetos valiosos na Europa, como o pau-brasil. Mas essa troca, aos olhos dos indígenas, tinha outra lógica. Se para os europeus espelhos ou machados de metal não representavam quase nada, para os indígenas eram objetos úteis, valiosos, que eles não sabiam fabrica
Por sua vez, não pareceria mais incompreensível que os europeus fizessem uma longa e arriscada viagem para obter uma simples madeira, usada para tingir tecidos de ver- melho? Não ocorria aos próprios portugueses questionar se, para os nativos, o seu comportamento também não poderia ser visto como tolo e sem sentido?