Please enable JavaScript.
Coggle requires JavaScript to display documents.
1 ano - Cap 08: O sagrado e o profano (Filosofia da religião) - Coggle…
1 ano - Cap 08: O sagrado e o profano (Filosofia da religião)
Roger Scruton
Em sua obra:
O rosto de Deus
Trata, entre outros assuntos, das consequências, para as pessoas, da perda do sentido de sagrado.
O autor dirá que essa perda causa o detrimento do "sentido de sacrifício".
Acaba não havendo nada pelo qual as pessoas se sacrificariam, de modo que toda a atenção fica na satisfação pessoal.
Ritos de passagem
A perda dos ritos elimina da imaginação das pessoas a ideia de que há uma missão a cumprir nessa vida.
Através dos ritos, essa missão não seria mera invenção humana, mas algo verdadeiro e compartilhado com os outros..
Consequências da perda do sagrado
Outro Filósofo,
Soeren Kierkegaard
, diz que o ser humano se caracteriza justamento por um anseio, por um desejo de se dissolver em Deus.
Já o filósofo alemão
Hegel
, havia pensando sobre a solidão existencial humana.
Para ele, essa condição só poderia ser resolvida por meio da arte e da religião.
Estas seriam as maneiras pelas quais as pessoas conseguiriam se reconectar com uma realidade mais completa.
Roger Scruton, explica que os seres humanos sofrem de solidão em muitas circunstâncias da vida.
Essa solidão não seria simplesmente a falta de companhia de alguém.
Nesse sentido, muitos afirmam que é possível sentir-se sozinho numa multidão.
Portanto, não se trata de uma solidão física.
É o que poderia se chamar de
solidão existencial
ou
solidão metafísica
.
Nesse sentido, pode sentir-se sozinho devido ao fato de estarem desligadas de uma realidade extrafísica.
A religião então seria o religar-se a esfera da realidade divina.
Para Roger Scruton, a religião se propõe a ser uma cura para a solidão existencial.
Toda religião, segundo ele, descreve quais seriam os caminhos para obtê-la.
Geralmente se trata de um caminho moral, diferenciando o "puro" do "impuro".
Toda religião contém épocas, lugares e ritos através dos quais os homens podem (re)conecta-ser com a dimensão divina, extrafísica.
Filosofia e religião
Pode parecer estranho relacionar Filosofia e religião.
Alguns pensam que essas esferas não têm nada em comum.
Outros afirmam serem essencialmente contraditórias.
Entretanto, é possível dizer que há três modos fundamentais pelos quais os dois campos estabelecem vínculos entre si.
1- Pode analisar o que há em comum entre Filosofia e religião
Nesse campo a filosofia e religião estariam conectadas por dois motivos.
1 - O conteúdo da religião se aproxima do da reflexão filosófica. Ambas procuram responder questões como:
O que é o ser humano?
Qual o sentido da vida?
Qual a missão do ser humano nesta vida?
2 - Essa semelhança fez com que, em certos períodos d história da Filosofia, os limites entre um campo e outro ficassem bastante tênues.
2 - Pode-se também analisar a relação entre Filosofia e religião por meio do distanciamento ou de embates entre elas.
Nesse caso, a metafísica seria um substituto da religião.
Assim, o próprio nascimento da Filosofia com os pré-socráticos teria sido um processo de substituição do pensamento mítico-religioso.
A Filosofia sob esse olhar poderia ser entendida com uma substituta da religião.
Max Scheler irá dizer que o pensamento ocidental se caracteriza por esta disputa, na qual ciência e religião criticam a Filosofia por sua metafísica.
3 - A Filosofia também pode estudar a religião sob um ponto de vista crítico.
Estudando conteúdos como:
A relação, ou uma possível falta de relação, entre religião e valores morais;
A linguagem religiosa, suas formas e enunciados;
Os valores religiosos, comparando-os com outros valores, como os valores civis, sociais, culturais, etc;
Qual é o objeto próprio da religião, e também natureza da fundamentação que as religiões procuram dar à fé (ou a falta dessa fundamentação).
Esse conjunto de estudos forma o que se chama hoje de
Filosofia da religião
O sentido do sagrado e do profano
Parte-se do seguinte questionamento:
O que a religião traz ao mundo?
Uma resposta possível é que a religião traz ao mundo o sentido de sagrado.
O sagrado é aquilo que está dotado de sentido sobrenatural, extrafísico.
Algo que é considerado sagrado se torna especial.
Cerimônia religiosa
Um livro
Uma estátua
Um templo
Símbolos sacros
etc.
Representam conteúdos que estão além do físico
Elementos que são
sobrenaturais
,
transcendentes
.
Como se pode entender o sentido de profano?
Se o sagrado é aquilo que está dotado de extrafísico.
Profano é aquilo que não está dotado desse sentido.
Seu sentido está reduzido ao que os sentidos do corpo podem captar.
Diante disso, o que significa profanar?
Significa retirar o sentido sagrado de algo ou tratar algo (ou alguém) que esteja na esfera do sagrado como se esse sentido não existisse.
Ex: agir dentro de um templo ou outro lugar de cultura religioso de alguma forma irreverente, desrespeitosa, ou causando perturbação, seri considerado uma profanação.
A depender do tipo de ação e da legislação local, uma profanação pode configurar caso passível de penalização judicial.
Na idade média os dias santos e domingos eram considerados sagrados, enquanto o restante eram os dias profanos.
As festas religiosas são consideradas sagradas, enquanto festas gerais dos nobres e o povo eram profanas.
O desencantamento do mundo
Se a religião é responsável por dotar o mundo de um sentido de sagrado, o que ocorre quando ela deixa de estar presente?
Para o sociólogo Max Weber, o mundo moderno, pós revolução industrial, se caracteriza por ter perdido essa dimensão do sentido do sagrado, metafísico, sobrenatural.
Ele chama esse processo de
desencantamento do mundo
.
Conceito que pode ser entendido como o desaparecimento da ideia de que o universo tenha sentido.
Essa perda de sentido de algo a mais no mundo, teria sido decorrente da revolução da mentalidade científica moderna.
O pensamento científico substituiu a filosofia metafísica e a religião por um puro racionalismo materialista.
Max Weber chama isso de
racionalização
Esse tipo de mentalidade considera apenas a dimensão física da realidade.
Essa concepção também passaria para o campo político e jurídico.
Afirma que a dimensão metafísica não existe.
Assim restaria apenas a dimensão estética e erótica a trabalhar com o "sentido".