Aula 4 - Plano de Negócios

Tema 1 - Plano de Negócios

Vejamos o processo empreendedor descrito por Dornelas e onde o Plano de Negócios se encaixa:

  1. Plano de Negócios
  1. Quantificar e obter recursos
  1. Oportunidade
  1. Gerenciar o Negócio
  1. Ideia

Depois de elaborado e o negócio colocado em prática, o gestor poderá utilizar o PN para gerenciar o negócio, para acompanhar se aquilo que projetou/ planejou está ocorrendo ou não. Caso algo esteja fora dos padrões esperados, é possível usar o mesmo PN para fazer ajustes, adequações para que consiga realinhar o empreendimento com a realidade encontrada.

O PN dá ao empreendedor a chance de quantificar e objetivar a ideia, saindo do abstrato e partindo para o concreto, tendo condições de ver em números os recursos (materiais, financeiros, tecnológicos e humanos) que serão necessários para iniciar e tocar o empreendimento.

Com base na análise e estudo prévio das ideias, o empreendedor chegará a aquelas ou aquela que é uma oportunidade de negócio que vale a pena investir mais tempo. Aí ele deve então partir para o PN, pois somente elaborando-o de forma detalhada é que terá condições de tomar as melhores decisões.

O pontapé inicial em qualquer empreendimento são as ideias, que geralmente são numerosas, desorganizadas, confusas, empolgantes, entre outros adjetivos que podemos citar para qualificá-las. Elas devem ser pensadas e analisadas para saber em qual ou quais delas o empreendedor irá se aprofundar, irá se dedicar para conhecer mais e depois tomar a decisão de empreender de fato.

Tema 2 - Seções de um Plano de Negócios

Segundo Dornelas (2016, p. 16-17), o PN pode ser utilizado para atender aos seguintes objetivos de uma empresa:

Orientar o desenvolvimento das operações e estratégia

Atrair recursos financeiros

Testar a viabilidade

Transmitir credibilidade

Desenvolver equipe de gestão

serve para verificar a viabilidade econômica do negócio ou unidade empresarial. Caso se chegue à conclusão de que não é viável, isso é melhor do que iniciar o negócio e fracassar. Com base nesse resultado o empreendedor pode mudar a estratégia pensada, o produto/ serviço, entre outras possibilidades.

o conteúdo do PN servirá de base para o desenvolvimento da estratégia da empresa, sua colocação em prática e avaliação dos resultados.

é o meio pelo qual o empreendedor pode conseguir financiamento, sócio ou investidor, pois é um documento formal, o qual descreve detalhadamente o negócio em si.

o empreendedor ganha respeito por entenderem que ele sabe da importância do planejamento para a gestão e o crescimento de uma empresa.

um PN bem estruturado pode servir para o empreendedor negociar com talentos em potencial e, eventualmente, atrai-los para o negócio.

Existe apenas um modelo de PN? Claro que não, hoje, há uma gama enorme de modelos, tipos, formatos de PN. Se der um google, encontrará uma infinidade de possibilidades. Mas considere em sua análise se o modelo escolhido contém a maior parte das seções que citamos e descrevemos a seguir com base em Tajra (2014, p. 124-128):

  1. Mercado e comercialização
  1. Comportamento da concorrência
  1. Macroambiente
  1. Aspectos organizacionais e de gestão
  1. Descrição do processo produtivo
  1. Diretrizes estratégicas
  1. Capacitação técnica da equipe
  1. Aspectos financeiros
  1. Descrição detalhada do empreendimento
  1. Receita bruta
  1. Descrição geral do empreendimento
  1. Custos
  1. Dados dos empreendedores
  1. Resultados bruto e líquido
  1. Payback

é o espaço para descrever quem são os empreendedores responsáveis, informando dados pessoais, qual é a participação societária de cada um, atribuições e responsabilidades. Pode-se, também, especialmente se for buscar financiamento, fazer uma breve apresentação das experiências e formação de cada um deles. Isso dá credibilidade ao projeto e garante no mínimo que o PN será analisado para se ter retorno sobre a liberação ou não do crédito solicitado.

espaço para explicar detalhadamente a origem da ideia, quem a teve, em qual contexto, como o negócio foi pensado inicialmente, para quem estará voltado, quais os diferenciais que se pretende colocar em prática na gestão. Deve-se destacar quais são as matérias-primas ou insumos que serão utilizados. Principais produtos e/ ou serviços oferecidos. Qual é o público-alvo que se pretende atingir. Também se deve apresentar uma projeção de quanto tempo de vida útil o produto terá, para que se deixe claro que houve estudos para se planejar e implantar tal empreendimento.

deve-se apresentar se o produto ou serviço é inovador, se já foi testado, resultados já alcançados, suas vantagens competitivas sobre a concorrência, se este deverá seguir algum padrão ou norma, se está vinculado a algum fator legal.

se inicialmente foi exposto o currículo dos sócios/ empreendedores, nesta seção é momento de descrever quem é a equipe técnica, seu know how, experiência e como fará a diferença no empreendimento.

como está organizado, quais máquinas e equipamentos serão necessários, quais matérias-primas serão utilizadas, riscos e cuidados necessários.

espaço para expor qual ambiente o empreendimento estará enfrentando, quanto às questões econômicas, políticas, legais e culturais.

estratégias comerciais que serão adotadas, perfil dos clientes do empreendimento.

apresentação das principais características dos competidores, suas estratégias, seus pontos fortes e fracos.

apresentar a estrutura organizacional por meio de organograma, demonstrando as hierarquias, distribuição de trabalho e comunicação, bem como as atribuições das pessoas que trabalharão nela.

por meio da elaboração da missão, visão, valores, objetivos organizacionais e estratégias para a definição do planejamento estratégico. Apresentar a Matriz SWOT.

detalhamento do cronograma físico-financeiro, custos críticos do empreendimento, investimentos e capital dos sócios em caso de alguma emergência.

para cada produto/ serviço relacionado, deve ser informado o preço unitário e a previsão anual de vendas.

apresentar quais serão os custos fixos e variáveis.

após o levantamento da receita bruta, devem ser lançados todos os custos. Esse resultado é chamado de lucro operacional. Em seguida, devem ser subtraídos os impostos que incidem diretamente sobre a receita para obter o resultado líquido, ou seja, o lucro líquido.

Com base no lucro líquido, efetue o cálculo do tempo para o retorno do capital investido.

Para Dornelas (2016, p. 21-24), a estrutura de um PN deve conter:

a. Sumário executivo

g. Marketing e vendas

f. Estrutura operacional

h. Estratégia de crescimento

e. Produtos e serviços

i. Finanças

d. Equipe de gestão

j. Indicadores financeiros

c. Mercado e competidores

k. Anexos

b. Conceito do negócio

é a apresentação do negócio em si, com todos os aspectos mais relevantes para que o leitor queira continuar lendo e explorando o PN.

visão, missão e valores, porque é uma oportunidade, produtos e serviços a serem oferecidos, aspectos legais e composição societária, certificações, licenças, regulamentações necessárias, localização e abrangência, parcerias e terceiros.

análise do setor, mercado-alvo que se pretende atingir, análise dos competidores e vantagens competitivas.

descrição dos principais executivos.

descrição, diferenciais, tecnologia e ciclo de vida.

organograma funcional, máquinas e equipamentos, processos de produção, fornecedores, infraestrutura física e tecnológica.

posicionamento do produto/ serviço e 4 Ps.

SWOT, cronograma e riscos do negócio.

investimentos, composição dos custos e despesas, evolução dos resultados financeiros, demonstrativo de resultados, fluxo de caixa, balanço.

taxa de retorno, valor presente líquido, breakeven e payback, necessidade de aporte e contrapartida, cenários alternativos e plano de expansão.

currículo da equipe de gestão/ sócios, dados complementares, detalhamento das pesquisas de mercado, detalhamento das projeções financeiras.

Tema 3 - Desenvolvendo um Plano de Negócios

Para Dornelas (2016, p. 26), um PN é iniciado pela análise da oportunidade, na sequência, passa-se para uma criteriosa análise do mercado, do público-alvo e dos concorrentes. Depois disto feito, o empreendedor deve se dedicar a:

a. Definir o seu modelo de negócio (o que vender, o que é o negócio, como vender, para quem, a que preço, o plano de marketing) e projeções iniciais de receita;

b. Estabelecer os investimentos iniciais necessários;

c. Verificar a necessidade de recursos humanos;

d. Projetar custos, despesas e receitas ao longo do tempo;

e. Fechar o modelo de negócio cruzando necessidade de recursos com resultados;

f. Criar demonstrativos financeiros;

g. Fazer análises de viabilidade por meio de índices de retorno sobre investimento, rentabilidade etc.;

h. Revisão completa de todos os passos;

i. Concluir a redação do plano e fechamento do modelo.

Aspectos a serem considerados para o Desenvolvimento do Plano de Negócios, segundo Dornelas (2016):

  1. Análise da oportunidade:
  1. Análise de mercado:
  1. Modelo de negócio:
  1. Investimentos:
  1. Demonstrativos financeiros:
  1. Conclusão:

público-alvo para a ideia de negócio, ciclo de vida do produto, potencial de crescimento do mercado, tempo de recuperação do investimento, estudo de pesquisas sobre o público-alvo, barreiras de entrada, competidores, tamanho do mercado em números, potencial de lucro e necessidade de capital, ponto de equilíbrio e retorno do investimento.

análise do setor no qual o negócio se encaixa, estudos sobre o nicho de mercado escolhido, caracterização detalhada do público-alvo e estudo dos concorrentes.

o que vender, como, para quem, a que preço: prévia do plano de marketing e previsão de receitas.

o que será necessário inicialmente em termos de recursos humanos, custos, despesas e infraestrutura.

análise de viabilidade e rentabilidade.

finalização do plano, revisar as premissas, projeções, cenários e desenvolver o sumário executivo.

Para Tajra (2014), são necessárias as seguintes informações para se elaborar um PN:

Tipo de empreendimento:

Recurso financeiro:

Localização e mercado consumidor:

Carga tributária:

Registros e licenças:

Gestão:

Equipe:

Insumos:

Marca:

escolha algo que tenha proximidade, experiência, isso facilitará a elaboração, os estudos, a implementação e avaliação do negócio;

consiste em um levantamento detalhado sobre quais recursos são necessários para se iniciar e bancar o empreendimento até que este alcance o ponto de equilíbrio;

tratando-se de varejo, a localização é um dos fatores determinantes para o sucesso do empreendimento. Estudar o mercado consumidor é uma obrigação, só assim se elencarão propostas de valor atrativas.

consultar um contador para entender quais são as opções mais adequadas e econômicas para a ideia de negócio.

consiste na busca junto a órgãos públicos e privados sobre o que é necessário em termo de registros e licenças necessárias para o tipo de negócio escolhido.

levantamento dos aspectos mais importantes para se fazer uma gestão profissional que traga os resultados esperados.

levantamento dos profissionais que serão necessários para se iniciar e fazer a gestão da empresa.

identificação dos materiais e matérias-primas necessários para o empreendimento.

criação de uma marca que represente a empresa adequadamente. O ideal é contar com a ajuda de um profissional da área de marketing.

Tema 4 - Sócio: ter ou não ter?

Sócio-administrador

Sócio quotista

é aquele que investe na empresa, coloca capital para permitir que a empresa inicie suas atividades e alcance o ponto de equilíbrio.

é aquele que fica responsável por todas as atividades da empresa, executando-as ou gerenciando, tem a responsabilidade por fazê-las.

Investidor-anjo

é caracterizado por pessoa física ou jurídica que investe seu próprio dinheiro em empreendimentos com alta capacidade de rentabilidade. Geralmente, investem em empresas nascentes ou em estágio inicial, com grande potencial de retorno.

Os investidores-anjo são profissionais que têm experiência em gestão, com seus próprios empreendimentos, e servem como apoio, mentores dos empreendedores dos quais acabaram de se tornar sócios. A vantagem de se ter um investidor-anjo no negócio é que ele divide com o novo empreendedor/ negócio seu know how, suas expertises, sua rede de relacionamentos, a infraestrutura de seus negócios para fazer com que o novo negócio no qual investiu prospere.

Pense bem qual é o percentual que irá disponibilizar, lembrando que alguns investidores têm claro o quanto da empresa em termos de percentuais exigem para alocar recursos. Antes de sentar para negociar, tenha claro o quanto de poder está afim de dividir. Lembre-se: é melhor ceder para contar com dinheiro e know how do que ter poder total e ter problemas com o negócio, não obtendo sucesso.

Pesquise a vida pessoal e profissional dos interessados em ser seu sócio, isso evitará decepções futuras.

Compreenda qual é o perfil dos interessados, formação, experiência, vivência na gestão de negócios, estilo de gestão, objetivos de vida e profissionais, hábitos e forma da pessoa organizar e administrar sua vida.

Liste coisas que você admira nos profissionais com quem trabalha ou já trabalhou, pontue o que mais lhe agrada e incomoda nas pessoas com quem se relaciona profissionalmente. Utilize esses pontos na análise do seu futuro sócio.

Tenha claro quais são suas qualidades, defeitos, deficiências e expertises. Procure no outro aquilo que te complemente, não caia na besteira em acreditar que depois ajustará isso, que depois tudo se acertará, que o outro melhorará ou se superará. Isso pode nunca ocorrer.

Tecnicamente, encontre alguém que complemente aquilo que você não sabe, mas especialmente aquilo que é importante para a empresa; não confunda seus desejos com as necessidades da empresa.

Tema 5 - Fontes de financiamento

As fontes de financiamento para negócios novos são escassas e em muitos casos inexistentes, pois as instituições financeiras não possuem linhas de créditos para quem só tem uma boa ideia; é preciso já tê-la colocado em prática, ter números que comprovem a viabilidade do negócio para conseguir dinheiro para ampliar, modernizar, relocalizar o negócio. Sei que essa informação é meio desanimadora, mas é a realidade nua e crua.

Não pense que terá uma ideia, identificará uma oportunidade, fará um BMG Canvas, depois um bem-elaborado Plano de Negócios que conseguirá facilmente dinheiro para transformar sua ideia em algo concreto. Faça o seguinte: depois de ter o BMG elaborado e revisado, procure as instituições financeiras e conheça quais são os critérios adotados por elas para conceder financiamentos.

O ideal é economizar, poupar, investir em bens que possam ser vendidos para se transformar em capital para dar início ao negócio e não ficar contando com dinheiro emprestado. Nunca se desfaça de imóvel residencial, especialmente se tiver um apenas para investir naquela ideia e oportunidade maravilhosa que você identificou, pois todo negócio tem risco e você pode perder algo que levou uma vida inteira para conquistar.

Um dos caminhos que o futuro empreendedor pode seguir é procurar uma incubadora. Nelas, terá suporte técnico, material tecnológico e até mesmo de gestão, aumentando as chances de sucesso do empreendimento. E mais: uma vez incubada, isso favorece para que se consiga financiamento para transformar o negócio em algo maior, que possa sair da incubadora e andar com suas próprias pernas. Cada incubadora tem regras específicas para aceitar novos negócios para serem incubados. Tipos de negócios que aceitam, tipo de suporte que oferecem, custos, assim o melhor é pesquisar e encontrar aquela em que haverá maiores chances de ter seu negócio aceito para ser desenvolvido.

O BNDES, a Fomento Paraná, o BRDE são instituições que possuem linhas de crédito, porém, cabe uma visita ao site ou à própria instituição para conhecer o que eles oferecem e o que exigem de contrapartida. Não crie grandes expectativas, pois pode se frustrar rapidamente, geralmente são muitas exigências, pouca flexibilidade e muita propaganda.

O Sebrae desenvolveu um material intitulado Como obter financiamento. Vale a leitura para estar preparado para esse momento importante que é transformar a ideia em algo concreto por meio de financiamento.