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TREVISAN, Ricardo. Cidades Novas. 2020., 1 - CIDADES NOVAS E O DESEJO,…

- - - - "Lançar mão da história para compreender as CNs sob o ponto de vista urbanístico permite-nos entender sua confguração atual, criticá-las e projetar seu desenvolvimento a partir de um conhecimento contemporâneo. A pesquisa histórica não se restringe apenas em entender o processo de desenvolvimento de uma cidade, mas pode trazer à tona exemplos urbanísticos que nos auxiliam em seu planejamento." p.32
      - "Com o objetivo central de construir os parâmetros necessários para a conceituação de CNs, por análises históricas, discussões conceituais e estudos de casos, esta pesquisa foi buscar as peças necessárias para a constru- ção desta versão de um quebra-cabeça provisório" p.32
- - - - "Resumidamente, conceituo CNs como núcleos urbanos criados: 1) pelo desejo do poder público ou da iniciativa privada e concretizado em ações específcas; 2) para buscar atender, ao menos de início, a uma ou mais funções dominantes (administrativa, de colonização, ferroviária, de realocação, balneária, satélite etc.); 3) em um sítio previamente escolhido; 4) a partir de um projeto urbanístico; 5) por agente(s) defnido(s) – eventualmente profssional(is) habilitado(s); e 6) em um limite temporal determinado, implicando, inclusive, em um momento de fundação razoavelmente preciso." p. 28
- - - - "O slogan nacionalista, mais do que expressar a tomada do continente mediante sua ocupação e colonização, permitia ao governo aliviar as tensões e os conflitos sociais existentes nas grandes cidade. para o Estado, a criação de CNs incentivaria ou instigaria o imaginativo dos mais aflitos a começar uma nova vida, teoricamente em melhores condições." p. 106
      - Vargas + interiorização = colonizar e expandir fronteiras econômicas "o propósito do governo Vargas era iniciar um processo de inversão na relação de dependência entre campo e cidade" p. 107
        
        "Com a derrocada do café nos anos 1920, o impulso à industrialização e, consequentemente, à urbanização alinhava-se ao empenho governamental em promover a interiorização do país e em reforçar as defesas de nossas fronteiras, como o próprio presidente Vargas afirmou na época. (...) 'o verdadeiro sentido da brasilidade é a marcha para o Oeste.' " p. 106
        
        "Ocupar o interior, rumo ao ocidente, facilitaria ao governo apossar de seu território como um todo e garantir tanto a proteção do espaço nacional quanto expandir a rede urbana." p. 107
    - - Cidades com traçado marcado pela regularidade e homogeneidade: Franca (1921); Jales (1928); Tupã (1929); Andradina (1932); Adamantina (1939); Londrina (1929); Arapongas (1935).
        
        Paralelo com o tipo de Cidade Linear do espanhol Arturo Soria y Mata (1844-1920) "Cidade ideal" que se estrutura a partir da linha férrea
      - "No conjunto, eram CNs projetadas por topógrafos, agrimensores, engenheiros e/ou arquitetos, financiadas por companhias privadas ou iniciativas individuais com o intuito de especular a terra agrícola" p. 109
- - - - 1º - ocupar e colonizar; espectro da atuação do setor privado
      - 2º - símbolo; de poder e organização; refletindo em seu traçado e arquitetura
    - - Investimentos diretos, quando planejadas para a comercialização da terra recém-urbanizada
      - Investimentos indiretos, quando base para outras atividades econômicas
  - - - Ervin Y. Galantay - Uma Cidade Nova é "uma comunidade planejada e conscientemente criada como resposta clara a objetivo estatais" p. 116
      - Necessário poder para assegurar o sítio (recursos primários) e Controle até que atinja um tamanho viável.
      - Estado
        
        Pierre Bloc-Duraffour (1998) - O Estado é o responsável por: fixar um quadro legislativo (prevê financiamento e aprova o plano); definir projetistas; incluir operadores privados; titular o município
        
        CONQUISTA DE TERRITÓRIO
        
        "o Estado age em tempos precisos da história em função de necessidades momentâneas"
        
        "Marcha para o Oeste"
        
        Conversão de esforços para o planejamento do território a partir de um ou vário projetos especiais.
        
        Michael Safier (1977) - categorias de programas governamentais que dão origem a CNs
        
        programas de planejamento rural (repartição de serviços que auxiliem o planejamento de comunidades rurais e melhoramento da agricultura);
        
        programas de planejamento de recursos regionais 9infraestrutura necessária para a execução de grandes projetos visando a uma exploração futura, como hidroelétrica ou jazida mineral);
        
        programas de planejamento industrial (implantação equilibrada sobre o território); e
        
        programas de planejamento urbano (descentralização das atividades presentes nas grandes cidades em favor de uma rede mais racional na repartição de empregos, moradias, equipamentos e meios de transportes).
        
        Empreendidas por Estados totalitários ou desenvolvimentistas, em qualquer um dos casos tornam-se "instrumentos criados em razão de ações políticas" p.117
        
        "países em desenvolvimento assumiram a criação de CNs visando à exploração de recursos minerais, verificável no Brasil dos anos 1950 a 1980" p.124 mais nos capítulos 2 e 6
        
        "defesa de fronteiras, colonização de regiões desabitadas, expansão agrícola etc."
        
        principais motivações e resultados
        
        Governos ditatoriais
        
        URSS (1922-1991) - regulação pública de terra, indústria, controle do estoque de moradia; Alemanha Socialista (1949-1990) - consolidação industrial; Itália(1922-1945) - apoia-se sobre o planejamento do território, visionando o desenvolvimento equilibrado do país; Espanha de Franco (1938-1973) - política de ocupação sobre territórios inóspitos, desenhos inspirados nas cidades da América espanhola
        
        New Deal (933-1937)
        
        EUA Roosevelt (1882-1945) - Greenbelt towns: Greenbelt (1935); Greenhills (1936); Greendale (1936) - programas pilotos de economia cooperativa, conservação de terras e moradias de baixo custo. controladas pelo poder público com participação comunitária, porém foram tomadas por agentes privados a partir de 1954
        
        "Após a Segunda Guerra Mundial, governantes ao redor do globo se beneficiaram das CNs como mecanismos de controle de crescimento das grandes cidades e como espaços destinados a resolver déficits habitacionais e empregatícios." p. 120
        
        Cidades-satélites
        
        França(1960) - humanizar, ordenar e controlar os movimentos de urbanização; Dinamarca e Suécia - frear o crescimento da capital Espanha pós Franquista; Ásia; Irã e Argélia
  - - - Company Towns
        
        "No berço da indústria moderna, Inglaterra, as CNs privadas assumiram a figura de company towns e datam da segunda metade do século XVIII (SICA,1981 e CREESE, 1992). Porém, foi a partir de meados do século XIX que surgiram significativos projetos de cidades ou vilas empresariais; um tipo cuja origem estava relacionada à criação de indústrias em áreas não assentadas, que dispunham de recursos naturais - bens primários, energia natural gerada por água, minas de carvão etc. - para a produção, melhoria das condições de vida e disciplinamento da mão de obra industrial." p. 126
      - Cidades recreativas
        
        Apropriação de áreas ambientalmente interessantes em busca do lucro pela renda imobiliária, "Os empreendedores também foram beneficiados pela ajuda de Estados, que incentivavam a exploração e o desenvolvimento desse setor da economia." p. 126
      - Exploração de recursos minerais
        
        "explorar um grande benefício a custo baixo"
      - Caso particular americano pós independência em que o Estado apenas participava das questões financeiras e de implementação de infraestruturas.
      - South Australia (1985) - uma das primeiras cidades modernas utilizando o cinturão verde
- - - - No fim do século XIX e início do século XX a cidade recebeu diversos planos de melhoramentos (higienizadores) para se adequar as novas funções e sanar seus problemas físicos, garantindo condições básicas de infraestrutura.
    - - "O partido projetual de Saturnino de Brito foi realizar um plano geral para a cidade. Um pano que, diferentemente dos adotados até aquele momento - isolados e compartimentados -, englobasse os planos de saneamento, de melhoramentos e de expansão urbana, levando em consideração elementos já existentes, fossem eles naturais (como topografia e hidrografia) ou artificiais (como caminhos e pequenas estradas)." p. 58
      - "Um plano meticulosamente elaborado e implantado, que, segundo Carlos Roberto M. de Andrade (1991), deu "origem a uma nova cidade com um desenho extremamente moderno para a época, aproximando a paisagem urbana santista daquela das cidades europeias" (ANDRADE, 1991, p. 57)." p. 60
  - - - Márcia Regina de Andrade Marthieu - Reconhecida a partir do instante de sua criação "um ponto de partida preciso, um ato de nascimento localizado no tempo e no espaço" (MATHIEU, 2008). p. 63
      - Jean-Louis Hout - Ideia de prever uma cidade nova, além da data de sua fundação, regressar para o período anterior e verificar as circunstâncias.
        
        "Deslocamento esse que nos permite separar as cidades espontâneas das CNs, as quais foram, no momento anterior ao seu surgimento, concebidas, formuladas, idealizadas, intencionadas, inventadas, pensadas, planejadas, premeditadas, programadas, projetadas..." p. 64
      - Aldo Rossi - Aglomeração criada ex nihilo cidades planificadas X cidades não planejadas, na primeira o caráter urbano está presente desde o início
      - Pierre Lavedan - Traçado obediente e consciente às regras. "Há sempre um elemento gerador do plano." (LAVENDAN, 1936, p. 55, tradução nossa). p. 65
      - "A ideia de CNs induz a uma noção de programação, característica da planificação (BOYER, 1983). Necessita de uma mobilização conjunta de capacidade técnica, material, financeira e institucional do Estado, da coletividade e dos movimentos sociais (BOUZUMA et al., 2006); ou é induzida por um gesto autoritário de um Estado intervencionista ou da tentativa do meio profissional de criar os limites do saber do momento (QUERRIEN; LASSAVE, 2005)" p. 65
    - - Bibliographie sur les villesnouvelles française, Pierre Merlin e Mireille gely (1989) - estudos CNs na história
      - Ebenezer Howard, Cidades-jardim (1898) - "[...] controlar a expansão das grandes cidades pela criação de novos núcleos." p. 69 - sua obra apresenta uma cidade diferenciada em sua organização econômica, política e social além de apresentar a discussão sobre o futuro dessas cidades, sua expansão.
        
        Século XX - Mecanismo de expansão urbana organizada
        
        Tipos criadas para controlar o crescimento urbano desordenado, principalmente no período de reconstrução europeia pós-Segunda Guerra Mundial
        
        Inglês New Towns
        
        Françoise Choay e Pierre Merlin (2005) - "[...] CNs nos arredores, sem continuidade, com a preocupação de descongestionar e de estruturar a região urbana [...]" p. 70
        
        Francês Villes Nouvelles
        
        Françoise Choay e Pierre Merlin (2005) - "[...] CNs situadas em continuidade espacial com grandes aglomerações, destinadas a orientar e estruturar o desenvolvimento das periferias, sem sinal de independência entre elas e a cidade-mãe." p. 70-71
        
        New Town Act, Grã-Bretanha (1946) - Previa a necessidade de descentralização das grandes cidade e reforma da legislação urbanística
        
        França (1958-1969) - Restruturação da área metropolitana, reconstrução do centro tradicional da metrópole e a criação de alguns nós na armadura urbana - "forma moderna de periferia" p. 72
        
        Twin towns- Palestina new towns in-town - Chicago
        
        "Sejam inglesas ou francesas, independente ou dependentes, isoladas ou continuações de cidades-mães, esse tipos de CNs foi adotado em inúmeros países no entorno de capitais, como Helsinque, Estocolmo, Copenhague, Amsterdã, Seul, Argel, Cairo, Caracas e Brasília." p. 73
      - Apanhado histórico que permite compreensão e desdobramentos funcionais (como alguns autores definem - campo de experimentações)
      - Casos de CNs fazem parte da história do urbanismo, mesmo no Brasil, existem antes da colonização,aexemplos dos assentamenos indígenas com intencional organização espacial, cujo padrão foi inclusive utilizado nas vilas do século XVI
      - Utilizando como referência a obra “Bibliographie sur les villes nouvelles françaises” de Pierre Merlin e Mireille Gely (1989) - que segundo o autor revela as origens das Cidades Novas desde muito antes da revolução industrial e das utopias urbanas do século XIX e suas ocorrências pelo mundo - Trevisan (p.67, 2020) considera que casos de assentamentos com intencional organização espacial podem ser abordados dentro dos estudos de urbanismo como Cidades Novas, fazendo parte da história urbana do Brasil desde antes da colonização. Referenciando também os trabalhos de Pierre Merlin em “Les Ville Nouevelles” (1969), Claude Chaline em “Les villes nouvelles dans le monde (1985) e Frederic Osborn e Arnold Whittick em “New towns: their origins, archievments and progress” (1977), Trevisan (2020) se contrapõe aos estudos que restringem as definições de Cidades Novas como um tipo urbanístico de origem unicamente europeia ou como produto da teoria das cidades-jardim de Ebenezer Howard (1898).
    - - experimentações sociais e físicas/manifestos políticos
        
        "A maior parte das propostas de cidades idealizadas surgiu como uma crítica à cidade contemporânea e pelo desejo de criar a condição de reequilíbrio social, educando seus habitantes mediante sua organização e sua arquitetura, dando-lhes a condição necessária para o seu desenvolvimento socioeconômico." p. 75
        
        Determinação de aspectos sociais
        
        Ceres (1941) Goiás, Brasil: Agron. Araújo, normas de posturas e condutas sociais
        
        Letchworth (1903) Inglaterra: arqu. Unwin e Parker. Normas e regras de construção e vivência urbana.
        
        Oportunidade de "fazer escolhas"
        
        Mudar a cidade, ou mudar de cidade, era visto como uma forma de mudar de vida
        
        Águas Claras, cidade satélite de Brasília (1980): arq. Zimbres. atraía jovens casais com filhos pequenos.
        
        Inovação
        
        Cidades Estados criadas no oceano, plataformas flutuantes independentes politicamente
        
        "Para Gilbert Smadja (1987, pI, tradução nossa), a "inovação é consubstancial às cidades novas." p. 79
      - Materialização temporal de uma arquitetura e de um urbanismo recorrentes numa época.
      - "[...] a programação de cidades novas é um ato de construção, no abstrato e na realidade, de uma totalidade utópica, coerente com as perspectivas do Estados promotor e assinado por arquitetos-urbanistas ou por outros profissionais. Laboratórios que absorveram fórmulas de experiências, inusitadas ou não, na tentativa de criar uma sociedade ideal inserida num espaço planejado. Experimentações espaciais que fazem das CNs um tipo particular na urbanística. Espaços que buscam, ao menos no início, determinar, modular, regrar os comportamentos sociais de seu habitantes." p. 82
    - - Jean-Louis Cohen (2008)
        
        Definições síntese
        
        Elementos compositivos
        
        "consenso conceitual marcado pela diversidade de componentes comuns ás CNs" p. 85
        
        Philippe Panerai - o que define uma CN é a vontade, localização estratégica e função.
        
        Adauto Lúcio Cardoso (1996) - cidade planificada, fruto de um pensamento racional em busca de um ideal
        
        Farhad Atash (2000) - diversidade dimensional, descongestionamento urbano, reavivar economicamente áreas decadentes, oferecer moradias
        
        Pierre Laconte (1982) - conjunto urbano planificado, refletindo o sistema de valores ideológicos e políticos, tanto público como privado, tempo de desenvolvimento das estruturas urbanas
        
        Françoise Choay e Pierre Merlin (2005) - "cidade planificada onde a criação foi decidida pela via administrativa"
        
        Diferenciação
        
        Gilles Leloup (1983); Jack Underhill (1983) - equilíbrio na relação moradia e emprego
        
        Pierre Bloc-Duraffour (1998) - estabilidade, independência física e cultural somada a uma independência econômica e política
        
        Gideon Golany (1976) - síntese 1) grau de autossustentabilidade; 2) comunidade balanceada; 3) diversidade de funções urbanas; 4) grau de independência política; e 5)tamanho
        
        Definições fracionadas
        
        Leituras pontuais dos elementos que qualificam as CNs
        
        "Estudos que relacionam; às funções para quais foram criadas, num lado mais filosófico que descritivo; e às fórmulas baseadas no tamanho, na população e no tempo de desenvolvimento." p. 87
        
        Diversidades de ordem urbanística, administrativa ou financeira que se atém alguns especialistas podem ser verificadas a partir das dezenas de denominações atribuídas, que se intensifica conforme o país. Ex. ville nouvelle
        
        Márcia Regina de Andrade Mathieu (2008) - distinção entre villes nouvelles - cidades satélite do distrito federal, como um tipo de expansão das grandes cidades e nouvelle villes - Brasília, como um tipo de cidade ideal
        
        Conceituações pontuais
        
        VONTADE
        
        Iniciativa privada (como new comunities), ação social (como a Fundação Social - Finlândia), poder público pela coletividade social (como periferias pós guerras holandesas, suecas e alemãs) ou pelo governo maior (como União Soviética ou Espanha)
        
        Jean Brunhes - as CNs "nunca surgiram sem que alguém as sonhasse e pusesse a seguir sua vontade criadora no trabalho de transformar em realidade o seu sonho" p. 89 apud Trevisan, 2003, p. 142
        
        PROFISSIONAIS
        
        Donatella Calabi (2003) - Astrônomos (Antiguidade), Clero (Idade Média), Engenheiros Militares (Rnascimento), Engenheiros-arquitetos (Era Industrial)
        
        LOCALIZAÇÂO
        
        Donatella Calabi (2003) - localização erma (città nuova), áreas urbanizadas (villes nouvelles), rural.
        
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        FUNCIONAL
        
        "ênfase funcional determinada" - Firman, 2004, p. 351
        
        Funções ligadas a um determinado momento histórico
        
        Michael Safier (1977) - Cidades de reinstalação; cidades satélites; cidades novas em sítio obrigado
        
        TAMANHO POPULACIONAL
        
        Muitas vezes previstos, mas com valores podem variar e se modificam de acordo com o desenvolvimento apresentado entre sua fundação e o período em que se torna uma "cidade normal"
        
        Com o tamanho populacional também há o TEMPO dessa "transformação" e crescimento
        
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      - URSS primeiro país a lançar uma política de CNs em grande escala parte de política de planejamento do território (pós revolução de 1917)
      - A apropriação do termo aconteceu diversas vezes, como um dos exemplos quando empregado na construção de condomínios em Jacarta.
        
        "Fosse marketing, fosse status, a recorrência às CNs se intensificou durante o século XX, período no qual o meio urbano foi escolhido como habitat do homem contemporâneo. Centenas e centenas de exemplares foram construídos, consolidando CNs como um tipo urbanístico, um modo de produzir espaços urbanos que vários estudiosos definiram cada qual à sua maneira: histórica, comparativa, sintética, fracionada e/ou pontualmente por meio de estudos de casos isolados." p. 93
  - - - Mapeamento genético: DNA - tipologia urbana, onde estão as informações que constroem a imagem de uma CN; Genes - Que fornecem as informações, são desejo, necessidade, lugar, profissional, projeto e tempo
    - - Relação CNs e tecidos urbanos existentes - Não devemos confundir bairros, loteamentos, conjuntos... com CN.
      - Escala - O tamanho depende da densidade e contingente populacional (no Brasil, é considerado cidade um agrupamento urbano com mais de 2 mil habitantes). Mas "seja qual for o número populacional, serão o contexto - a realidade- e a urbanidade o que nos permitirão qualificar uma CN como cidade." p. 97
      - Urbanidade - Artificial, deve apresentar um espaço urbanizado desde o nascer, com as condições necessárias para relações sociais.
      - Politico-administrativa - Deve ser ao menos prevista uma autonomia administrativa
    - - "1. desejo: vontade do poder público e/ou da iniciativa privada em concretizar essas ações específicas;
        
        necessidade: busca em atender, ao menos de início, a uma ou mais funções dominantes (administrativa, de colonização, ferroviária, de realocação, balneária, satélite etc.);
        
        lugar: implantação num sítio previamente escolhido;
        
        profissional: envolvimento de agente(s) definido(s) - eventualmente profissional(is) habilitado(s) - na sua elaboração física;
        
        projeto: existência de um projeto urbanístico; e
        
        tempo: presença de um limite determinado, implicando, inclusive, um momento de fundação razoavelmente preciso." p. 99
      - "Numa CN, o tempo é marcado por três fases: gestacional (decisão, projetação e construção0; nascimento (ponto mais ou menos preciso de fundação); e desenvolvimento preliminar (um período curto de consolidação até atingir sua maioridade). Daí em diante, assim como no paradoxo nature versus nature (natureza versus criação), as CNs podem adiquirir vida própria e, eventualmente, deixarem de ser novas." p. 101
      - O tempo histórico, "revelador das condicionantes político-econômico-sócio-culturais de cada época" estrutura essa cadeia, sendo também unificador e diferenciador das CNs.
- - - - "Uma decisão envolta por ideais - positivista e utópico - e permeada por um caráter simbólico; o de "expressar o novo Brasil quese pretendiaconstruir com a República" (LEME, 2005, p, 223). p. 37
  - - - CIDADES NOVAS COMO UM TIPO DE URBANISMO
        
        Urbanismo - raízes no positivismo
        
        Credà i Sunyer (1815-1876): idealizador do plano de Barcelona (1855-1875); urbanismo como ciência
        
        "Ao tornar público seu tratado Teoría general de la urbanización em 1867, Cerdà acreditava, pela primeira vez na história, ter dado status científico à criação e ao planejamento das cidades. Para ele, caberia ao urbanista verificar as regras e as leis contidas nas cidades espontâneas, enquadrá-las em teorias gerais e aplicá-las na concepção e organização de novos espaços." p.41
        
        A teoria do urbanismo como ciência transforma o planejamento em um conjunto de teorias de várias disciplinas
        
        "Cerdà testemunhou o progresso de novas disciplinas, em particular da biologia e da história, das quais emprestou paradigmas e dados para postular uma ciência universal de planejamento." p.42
        
        Leon Batista Alberti (1404-1472): escreveu De re AEdificatorria (1443-52)
        
        "Para Alberti, a arte de edificar era definitivamente uma disciplina teórica e aplicada, uma disciplina autônoma. A partir daí, uma vez em posse das regras e dos princípios estabelecidos pelo genovês, o arquiteto se tornou o grande organizador do espaço".p.41
        
        "Alberti antecipou em quatro séculos a ideia de autonomia e o campo de atuação propostos por Cerdà." p.41
        
        Visão estética de criação e planejamento urbano pré-revolução industrial (Renascimento e Barroco)
        
        Durante o século XX, o urbanismo se torna campo estudo de outras ciências
        
        "Independente de tal transformação, o urbanismo se consolida e se disciplina no século XX, configurando-se como cátedra em universidades, tornando-se campo de atuação de vários profissionais e metamorfoseando-se em designações variadas." p.43
        
        "considero o urbanismo, aos moldes do positivismo, como uma "casa de muitos compartimentos" (CARVALHO apud GUIMARÂES, 1996, p.126) - separado em elementos, espécies, modelos, táxons ou tipos e decomposto em dois compartimentos
        
        Prática
        
        "A prática no urbanismo corresponde às atividades desempenhadas por profissionais da área com o objetivo de atender a uma determinada demanda empreitada pelo poder público e/ou privado, visando à melhoria das condições de vida do morador (ou grupo de moradores) de uma cidade ou região urbanizada" p. 44
        
        projeto; plano; proposta; traçado; planejamento; embelezamento; melhoramento; paisagismo; desenho; reforma; preservação; intervenção etc.
        
        Produto
        
        "Já o produto seria o resultado, teórico ou físico, de tais ações urbanísticas, como classificaram o sociólogo Peter Willmott (apud CLAPSON, 1998) e o urbanista Flávio Villaça (1999)" p. 44
        
        Clapson - subúrbios periféricos; cidades novas; cidades expandidas; redesenvolvimento de áreas centrais. Villaça - planos de melhoramentos eembelezamento; planejamento urbano stricto sensu; zoneamento; urbanismo sanitarista; planos de infraestrutura urbana. Trevisan - vilas operárias; conjuntos habitacionais, reforma de áreas portuárias; planos viários; teorias urbanas; planos gerais; planos diretores; planos de desenvolvimento estratégico
        
        "Portanto, ao contextualizar as CNs na ciência urbanística, destacando-as do universo de produções existentes, abro caminho para trabalhar seus inúmeros aspectos qualificativos, como o conceito de cidade ideal." p. 45
        
        Antes disso, não há conhecimento de sociedades que surgiram de disciplinas autônomas
    - - CIDADES NOVAS COMO IDEAIS: DA UTOPIA Á REALIDADE
        
        Cidades ideais, realizadas ou utópicas (que permanecem fictícias) compõe o universo das CNs.
        
        "Utopia" vem de Thomas More, mas as criações de uma sociedade perfeita habitando uma cidade modelo datam de muito antes. Da república (384-377 a. C.) de Platão ou Monte Athos (século 1 d. C.) de Vitrúvio.
        
        "[...]as cidades ideais são símbolo de uma busca pela felicidade original perdida, perseguida desde as tradições bíblicas (Éden, a terra prometida)." p. 46
        
        "Em referência a Anatole France, sem as utopias, os homens estariam ainda vivendo em cavernas, miseráveis e nus. Foram os utópicos que traçaram as linhas das primeiras cidades (apud BERNERI, 1950, s/p)" p. 46
        
        UTOPIA - o início de todo o progresso (Frace)
        
        Ideia Platônica - France e Munford falam da "utopia" sendo usada como forma de controle
        
        Aspectos
        
        POLÍTICO-ECONÔMICO-SOCIAL
        
        Crítica - ponto em comum das das vertentes
        
        Busca pela sociedade ideal - evolução, perfeição e progresso de interesse coletivo
        
        "A fm de atingir o perfeito desenho social, a maioria dos utopistas formula, simultaneamente, um novo habitat e, invariavelmente, uma nova cidade. É como se sociedade e cidade não pudessem ser dissociadas.Assim, o espaço urbano – a materialização do sonho – sempre foi o cenário das utopias, sendo apresentado em diferentes trabalhos [...]" p. 49
        
        FÍSICO
        
        Criações literárias materializadas como soluções urbanísticas, em parcelas urbanas ou na totalidade de uma CN.
        
        utopia urbana é um ato político
        
        Emmanuel Eveno (1998)
        
        "Utopias-espelho" - instigador da imaginação
        
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        "Utopias-projetos"
        
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        TEMPORAL
        
        Negação do presente - "busca nostálgica por um passado perdido e anseio por um futuro inatingível" p. 47 em esperança de tempos melhores
        
        Vertentes progressistas (ex socialismo utópico) e culturalista
        
        "Na história, as utopias aparecem mais regularmente em períodos de transição e em épocas de grandes incertezas." p.48
        
        "Assumo que um mundo sem utopias, sem sonhos, sem CNs seria um mundo inerte, alienante, sufocante; e graças a elas tenho ânimo para continuar em nossa viagem que apenas se inicia." p. 52
- - - - Cidades novas no tempo 66
      - Cidades novas como laboratório socioespaciais 75
      - Definições-síntese e definições fracionadas 82
  - - - Traçado: cidades novas em 2D 214
      - Tecido: cidades novas em 3D 229
  - - - Poder público e suas cidades novas 116
      - Setor privado e suas cidades novas 125