Please enable JavaScript.

Coggle requires JavaScript to display documents.

HPG, Conceitos, Geografia Política e Geopolítica - Coggle Diagram

- - - - Começam a surgir a partir da segunda metade do XX, assume que o território pode ser definido por relações de poder que não a estatal
      - Territórios descontínuos espacialmente: são os territórios em rede, articulados por uma relação de poder e que mantém comunicação, sendo muito mais maleáveis do que um Estado (e.g. bocas de fumo, a supressão de uma delas pela polícia não possui tanto impacto devido à descentralização da distribuição)
      - Territórios descontínuos temporalmente: são os que deixam de existir e voltam a existir com certa regularidade, de forma intermitente, como um bairro que tem atividades variadas durante o dia e de noite vira um local de prostituição (é bem delimitado, tem o trânsito controlado por um grupo que não admite a entrada de quaisquer elementos que busquem outros fins que não os de seu interesse); não confundir com o nomadismo, que geralmente envolve deslocamentos cíclicos, logo o território passa a ser alargado a fim de comportar todas as localidades pelas quais a sociedade se desloca
  - - - É um conceito central para esta corrente, já que permite perceber a relação entre sociedade e natureza, tanto que a definição de região muda conforme a natureza da relação entre sociedade e natureza que se assuma
      - Região natural: ligada ao determinismo, a região é definida a partir de suas características naturais (relação com a Geologia), mas nem sempre adotar o conceito de região natural implica adoção do determinismo tradicionalista
      - Região geográfica (ou região-paisagem): ligada ao possibilismo, a região é definida a partir do gênero de vida nela contido, ou seja, a partir da relação particular que cada sociedade estabelece com sua própria região (tal premissa torna cada região única, logo é preciso descrever suas particularidades, sendo o método utilizado no Brasil hoje); a região é autoevidente, o estudioso simplesmente a constata e a descreve, nunca a cria de maneira subjetiva
- - - - 1) O Estado cresce com sua cultura: visão evolucionista de cultura, quem tem cultura mais elevada requer um lebensraum maior
      - 2) A evolução da sociedade em seus múltiplos sentidos precede o crescimento do Estado: o Estado responde aos sinais de expansão apolítica da sua sociedade (avanços na produção, no comércio, no fluxo de ideias) para então levar a cabo a expansão política (de fronteiras)
      - 3) O crescimento do Estado ocorre pela anexação de territórios menos avançados e a relação entre população e território torna-se cada vez mais próxima: noção de que o vínculo entre povo e território é fundamental para a consolidação da posse
      - 4) As fronteiras são o limite, o suporte e o elemento de fortificação do Estado: é a lei da mobilidade das fronteiras, logo tudo o que ocorre com o Estado em questão territorial envolve fronteiras
      - 5) O Estado se expande de forma objetiva: todo movimento de expansão é feito a fim de expandir o capital de poder estatal (busca de recursos escassos)
      - 6) Os primeiros estímulos à expansão territorial do Estado são externos: o contato com um território em que a cultura seja menos avançada estimula a incorporação deste pelo Estado de cultura mais avançada
      - 7) A tendência e a busca pela expansão territorial são transmitidas de Estado para Estado: à medida que um Estado se expande, outros Estados com nível cultural semelhante buscarão o mesmo
    - - Termo cunhado por Rudolph Kjellen (1864-1922) para descrever uma das dimensões do poder estatal (Kjellen foi aluno de Ratzel, sistematizou seu pensamento)
      - As 5 dimensões do poder estatal: 1) Demopolítica (população); 2) Sociopolítica (como se organiza a sociedade); 3) Cratopolítica (forma de governo); 4) Ecopolítica (economia) e Geopolítica (dimensão territorial)
      - A Geopolítica influencia o Estado por meio da Topopolítica (onde o território está no globo), da Fisiopolítica (aspectos naturais do território) e da Morfopolítica (qual a forma física do território: territórios longos e estreitos ficam em desvantagem)
  - - - Fim da era colombiana: o autor defende que findou-se o tempo em que o poder marítimo era fundamental, já que a maior mobilidade terrestre causada por avanços tecnológicos (carro, ferrovias) tornou o deslocamento terrestre quase tão ágil quanto o marítimo
      - Geógrafo inglês, tinha atuação política e acadêmica, propositor da causalidade geográfica (determinismo ratzeliano, visa a defender que a Geografia inglesa abandone modelos descritivos e adote os estudos sobre política, como na Alemanha)
      - Core area: era basicamente o território da URSS. Para o autor, a massa eurasiana formaria a Ilha Mundial, composta pela área pivô e pela crescente insular interna; quem controlasse a área pivô controlaria o mundo, dado sua extensão, recursos naturais, topografia (cercada por barreiras naturais) e facilidade de integração (relevo de estepes)
      - Heartland: conceito que expande a área pivô após a ascensão da URSS, englobando o cordão sanitário que deveria ser proposto pelo UK da Finlândia até a Grécia na Europa Oriental, evitando assim a consolidação de uma união entre alemães e soviéticos, o que o UK levou em consideração durante a Guerra (nesse estágio, a América é vista como área satélite, a África subsaariana como Heartland meridional)
      - Pós-WWII: Mackinder revisa sua teoria em 1943, após premissas fundamentais terem sido abaladas pelo conflito (Heartland mostra-se penetrável com o advento do avião, EUA passa a ser potência irrefutável), de forma que i) a América do Sul, África Subsaariana (Southern Heartland) e Sudeste Asiático são satélites; ii) Amazônia, Saara, Oriente Médio e Sibéria seriam um corredor desabitado, e; iii) o centro de poder seria formado pela Heartland e pela Midland Ocean (Atlântico Norte, resgate da importância do poder marítimo)
      - Defende que a análise política no cenário internacional deva incorporar os estudos geográficos correntes, dando luz à geopolítica. Defende que os ingleses e outros povos do ocidente não deviam enxergar os conflitos mundiais sob a moldura democrático-liberal, mas reconhecer a importância da estratégia pragmática para fazer frente aos regimes autocráticos (mesmo assim, considera que autocracias são mais eficazes estrategicamente)
      - Atualidade
        das ideias
        
        O mundo como sistema fechado: eventos internos não ficam mais isolados, podem repercutir em todo o planeta (muito evidente no contexto de globalização após a década de 1990)
        
        Midland Ocean: se durante a Guerra Fria foi importante por articular o triângulo EUA-UK-França, após o colapso da URSS esse conceito mantém sua relevância mesmo com o deslocamento da centralidade para o Oceano Pacífico, articulando os EUA com seus parceiros nessa região (Exercício de Segurança Quadrilateral com Índia e Japão)
      - Guerra
        Fria
        
        Luta permanente entre potências marítimas e potências continentais: foi a base para formulação das teorias sobre o bloco transcontinental eurasiático de Haushofer e sobre a contenção do Heartland pelo Rimland de Spykman. Assim, além de ter relação com as rivalidades características da primeira metade do XX (anglo-francesa, anglo-germânica e anglo-russa), explica a posição dos EUA no imediato pós-Guerra Fria, apoiando a constituição de uma Rússia forte e coesa para balancear os outros dois polos de força continental da Eurásia (China e Alemanha)
        
        Alianças militares dos EUA com países periféricos da Eurásia (Otan, Otase): podem ser entendidas a partir dos conceitos de Heartland, Inner Crescent e Outer Crescent de Mackinder, ou seja, são justificadas a partir da necessidade de conter a Heartland (o período de Segunda Guerra Fria iniciado a partir da invasão ao Afeganistão em 1979 pode ser visto à luz desses conceitos também)
    - - Foi um militar que posteriormente perseguiu a carreira acadêmica, sendo um intermediário entre a Geografia Política de Ratzel e a geopolítica alemã dos anos 1930 (membro da Escola de Munique, desenvolvedora do conceito alemão de geopolitik, muito criticado por outras potências por seu suposto caráter não científico). Também bebeu muito de Mackinder, o que é irônico (Haushofer defendia uma aproximação pragmática com URSS para conformar um bloco continental na Heartland, facilitando a contraposição às potências marítimas do Ocidente)
      - Hipótese das Pan-regiões: divisão verticalizada do mundo sob regiões de influência, a pan-americana, dominada por EUA, a euro-africana, dominada por Alemanha, a pan-russa, dominada por Rússia, e a asiática, dominada por Japão, sendo que a ideia era formar uma espécie de articulação entre Alemanha, Rússia e Japão para contrapor-se ao Império Britânico, que, com sua grande quantidade de colônias, conformava uma espécie de pan-região fragmentada
      - Haushofer foi fundamental para o desenvolvimento do conceito de Estado autárquico (autossuficiente, que contém todos os recursos que precisa): interessante que isso torna o Estado totalmente desinibido a entrar em guerra, pois não tem nada a perder
      - O autor foi fundamental para a estratégia geopolítica adotada pela Alemanha nazista (fundamental para que Hitler, com quem manteve contato direto inclusive quando este estava preso, atribuísse importância à existência de um espaço vital), mas esta rompeu com Haushofer em 1941 ao abrir a guerra no front Leste (Haushofer foi contra, considerava a contenção do UK um ponto fundamental e defendia a manutenção do Pacto Ribbentrop-Molotov)
      - Ligação com o partido nazista: não era um ferrenho defensor da ideologia, apesar de reconhecer que as ações do partido estavam de acordo com o que a geopolítica preconizava. Contudo, possuía grandes divergências com o partido, especialmente acerca da opção pelo uso da força (ao fim da Guerra, quando julgado pelo Tribunal de Nuremberg, alegou ter sido perseguido pelo regime nazista)
      - Defendia a necessidade de a população tomar consciência dos problemas geopolíticos da nação. O determinismo geográfico de Ratzel é levado ao extremo (espaço rege a história humana)
  - - - Trindade Mahaniana: capacidade de produção de equipamentos e barcos; capacidade de circulação; e estabelecimento de bases ao redor do mundo
      - Capacidade de defesa ativa: o ato de agregar bases ao redor do mundo não é tido como ímpeto expansionista, mas sim um movimento de "prevenção" à iminência de um conflito (quanto mais entrepostos no exterior, mais fácil de manter os conflitos longe do território principal do Estado)
  - - - Emergência de novos atores (virada para o séc. XXI): intensificação da globalização em 1990 leva autores a defenderem que atores supraestatais agora manifestavam poder através de múltiplos territórios, logo o Estado perdia o monopólio de agência sobre o território e as fronteiras tornar-se-iam mais porosas (interesses de múltiplos agentes se impondo sobre os do Estado)
      - Geoeconomia: teoria que defende que a política não tem mais lugar como base das estratégias dos Estados para conseguir poder (conflitos que antes eram políticos agora passam a ser sobretudo econômicos); Edward Luttwak defende que a "guerra" entre Estados agora tinha viés econômico (competição por mercados, cadeias de valor, tecnologias); Pascal Lorot defende que é função precípua do Estado naquele momento conquistar tecnologias e mercados e manter a economia nacional saudável; Lester Thurow defende que a guerra é dispendiosa, não é interessante economicamente
      - Fim do Estado: todo esse panorama de globalização teria por fim erradicar a geopolítica e o próprio Estado (redes de longo alcance são tidas como capazes de encurtar severamente a distância, eliminando o espaço, decretando também o fim de fronteiras e da soberania estatal sobre os recursos territoriais)
      - Críticas: relevância dos nós estáticos em contraposição à corrente de bens/informações (fixos X fluxos), de forma que a base física da rede é determinante e ainda regulada pelo Estado (até mesmo a rede de dados hoje em dia é influenciada por fatores geopolíticos, como pelo fato de maior parte do fluxo de dados do mundo ter que passar pelos EUA); assim, o Estado tem, na verdade, papel regulador
  - - - Já que a maioria do comércio é feita pelo mar, não por avião, há uma valorização de territórios estratégicos que permitam o encurtamento de rotas comerciais, ou seja, passa a ser fundamental controlar os gargalos dessas rotas (Suez, Malaca)
      - Partindo da constatação de que as redes globais de mercadorias estão cada vez mais amplas e abrangentes territorialmente, é fundamental pensar na circulação dos produtos através dessas redes (Miltinho argumenta que a circulação preside a produção, ou seja, antes de produzir é preciso pensar em como distribuir). Assim, os portos são os principais nós de escoamento e recepção da produção, mesmo em uma economia tão intensiva em informação como a que temos hoje em dia
      - Exemplos
        
        Degelo do Ártico: aquecimento global pode levar ao degelo de parte do Oceano Ártico mesmo no inverno, deixando uma rota comercial aberta ao longo da costa russa que encurtaria muito as distâncias do comércio realizado entre parte da Ásia, a Europa e a América (hoje realizado por Suez); vários países (Rússia, Canadá) também pleiteiam extensão de sua plataforma continental alegando que a cordilheira Lomonosov é extensão natural de sua plataforma
        
        A questão energética europeia: europeus buscam diminuir sua dependência da Rússia; já foi aventada a construção de uma rede de dutos de gás até o golfo pérsico, o que foi abandonado porque tal rede passaria pela Turquia, deixando esta em posição de vantagem sobre a Europa; também já foi considerado construir dutos da Nigéria até a Argélia, que já está conectada com a Europa, mas há o óbice da presença do Boko Haram na Nigéria (perceba que ambas as questões têm problemas territoriais bem demarcados e ligados aos Estados); a Rússia também depende muito da demanda europeia, por isso busca implementar suas redes de distribuição de gás para a China
        
        Belt & Road: representação da lógica de Spykman de que é necessário cercar para não ser cercado; China se esforça em contornar sua dependência do Estreito de Malaca através da saída do corredor sino-paquistanês pelo porto de Gwadar, um dos pontos do colar de pérolas chinês (entrepostos estratégicos ao longo da costa do Sul da Ásia)
    - - Novos
        heartlands
        
        Fundos marinhos: tornam-se acessíveis devido aos avanços tecnológicos, possuem reservas comprovadas de hidrocarbonetos e recursos minerais raros, de forma que um país pode aumentar drasticamente suas reservas de recursos a depender da extensão de sua ZEE ou de sua plataforma continental (Rússia foi o 1º país a conseguir extensão de sua plataforma no âmbito de Montego Bay; Brasil foi o segundo); para ilustrar: França tem 600 mil km² de território emerso e 11 mi de km² de ZEE. Ilha de Nauru anunciou início da mineração do leito de sua ZEE (ilha bem pequena e nova, não tem muitos recursos além dos encontrados na ZEE)
        
        Conceito de Mackinder é utilizado para designar novas áreas com recursos essenciais abundantes antes ignorados
        
        Amazônia
        Azul
        
        Leva esse nome pelo potencial de recursos que comporta e também pela área total, semelhante à da Amazônia Verde
        
        Brasil investe bastante para sustentar seu pleito de extensão, criou um órgão específico para trabalhar na questão (LEPLAC, 1989); em 2007 a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CPLC) reconheceu mais de 80% do pleito (LEPLAC Fase 1, Brasil podia aceitar e abrir mãos dos outros 20%, ou continuar estudos para conseguir 100%, que foi o que o país escolheu, iniciando a LEPLAC Fase 2)
        
        Regiões ainda não reconhecidas: Cone do Amazonas (área bem pequena, com reservas de hidrocarbonetos; pleito brasileiro é difícil de analisar, já que essa região é formada basicamente por sedimentos arrastados pelo Amazonas e jogados em alto-mar) Cadeia Vitória -Trindade (pico de uma cadeia submersa, Brasil busca demonstrar que está conectada à sua plataforma)
        
        Ao lado da iniciativa multilateral em prol do reconhecimento, o país adota atitudes unilaterais (exercícios militares na região, monitoramento pelo sistema SisGAAz). Almirante Fernando Garcez foi eleito membro da CLPC da ONU
      - Importantes desde o surgimento da Geografia Política ratzeliana, passam a ser vistos sob outros prismas a partir da virada para o XXI (surgimento de uma fisiopolítica, caracterizando a importância que os recursos físicos passam a ter)
      - Recursos
        hídricos
        
        Disponibilidade de água potável e controle de cursos d'água para geração de energia e irrigação são exemplos de problemas relacionadas à importância geopolítica de recursos hídricos
        
        Cursos d'água: ausência de acordo multilateral sobre a questão faz com que litígios tenham que ser resolvidos bilateralmente, o que recorrentemente deixa os países à montante em vantagem (controle sobre o fluxo de água, como faz a China ao construir diversas barragens na Ásia); China também financia a Grande Renascença etíope (chineses têm terras agricultáveis na região e interesse em investir na infraestrutura africana em geral)
        
        A incógnita do Heartland (B. Becker): autora defende que é preciso decidir como a Amazônia será utilizada, seja segundo seu valor tecno-industrial (exploração extensiva, baseada no consumo até o esgotamento e na abertura de fronteiras; o problema é que as fronteiras são finitas) ou segundo seu valor tecno-ecológico (exploração mais inteligente do ponto de vista geopolítico, geraria maior valor agregado e seria sustentável; não se trata de preservacionismo, mas de pragmatismo geopolítico)
        
        Segurança ambiental: mudanças ambientais podem minar vantagens geopolíticas de um Estado (derrubada da Amazônia pode acabar com o regime de chuvas e com a vantagem agropecuária brasileira); mudanças de temperatura mudarão vantagens relativas na produção agrícola (Brasil, p. ex., será prejudicado e Rússia será beneficiada); mudanças no nível do mar podem fazer Estados inteiros desaparecerem