O exame dos movimentos sociais deve iniciar-se, nessa perspectiva, com a indagação sobre o porquê de o indivíduo conectar-se com o grupo para a constituição de um “nós” – com o qual é preciso identificar-se para dar consistência e continuidade à ação. Diferentemente da teoria de mobilização de recursos que tende a adotar a perspectiva do observador – e detecta, no ambiente político, as condições favoráveis ou não à ação do ator –, adota-se, aqui, uma perspectiva hermenêutica, que busca compreender o modo pelo qual os atores coletivos produzem o autoentendimento e as definições que constroem em interação com outros atores sociais, numa teia de relações, dentro de contextos sócio-históricos específicos (Touraine, 1978, 1994; Melucci, 1996, 2001; Alexander, 1998, 2006; Cohen e Arato, 1992).