Paciente, 42 anos, relata que há oito dias, após longa viagem, notou a sua perna direita levemente edemaciada e avermelhada. Não fez uso de medicação imaginando ser da viagem. Após três dias, relata aumento do edema e eritema, além de início de aumento da temperatura local. Neste momento, fez uso de gelo local e dipirona ontem. Piora clínica com dores na panturrilha ao realizar a dorsiflexão do pé direito. Fez uso de Dorflex. Sem melhora clínica, procurou auxílio médico. Antecedentes pessoais: Sedentaria. IMC na faixa desejável. Alimentação rica em gorduras e carboidratos. Nega tabagismo e uso de drogas ilícitas. Uso de ACO há 20 anos. História familiar: Vó materna TEP. Ao exame físico, perna direita quente, com empastamento da panturrilha e rigidez muscular. Sinal de Homans positivo.
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Sistema Venoso
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Superficial, profundo e vasos perfurantes.
Sistema venoso profundo é responsável pela maior parte da drenagem dos membros inferiores (cerca de 85%).
Veias tibiais (anterior e posterior), a veia fibular, a veia sural, a veia poplítea, a veia femoral superficial e a veia profunda desemborcam na veia femoral comum.
Característica importante - Presença de válvulas que permitem o fluxo unidirecional, evitando o refluxo sanguíneo.
Fisiopatologia
Disposição anatômica que propicia a lentidão do fluxo venoso, principalmente no repouso, imobilidade prolongada ou anestesia geral.
Esta lentidão levam à formação de pequenos turbilhões que facilitam o acúmulo de plaquetas e fatores de coagulação ativados.
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Pode desprender-se e migrar para o pulmão causando embolia pulmonar ou obstruir a luz venosa, causando os sintomas da TVP.
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Mais comum no membro esquerdo, pela disposição anatômica dos vasos em que a artéria ilíaca direita comprime a veia ilíaca esquerda, diminuindo seu fluxo.
Trombose Venosa Profunda
70% dos casos ocorre como complicação de outra doença clínica, no pós-operatório, trauma ou pós-parto e 30% são tromboses espontâneas.
Para o desenvolvimento de TVP, é necessário: Estase sanguínea, lesão endotelial e hipercoagulabilidade (Tríade de Virchow).
Pode ocorrer em qualquer veia do sistema venoso profundo: seios venosos do cérebro, veias viscerais e veias dos membros.
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Anamnese
História pessoal para TVP, embolia pulmonar ou tromboflebite, neoplasias, moléstias cardiovasculares, infecciosas, hematológicas, vasculites, repouso, operação ou parto recente.
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História familiar para TVP, pela possibilidade da existência de trombofilia de origem genética.
Dor (86,7%) que pode ser constante, mesmo em repouso ou desencadeada com o movimento.
Exame físico
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Sinal de Homans: dor à flexão dorsal do pé (positivo em cerca de 61,7% dos casos);
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O aumento da circunferência da perna em 3 cm a mais que a contralateral, quando medida 10 cm abaixo da tuberosidade da tíbia, é um sinal de alta probabilidade de TVP.
Phlegmasia alba dolens
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Palidez, pela presença de vasoespasmo.
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Ultrassonografia
Método de escolha para a confirmação diagnóstica da TVP, especialmente em nível proximal. Permite a visualização das veias, dos tecidos vizinhos, bem como da imagem dos trombos no interior das mesmas.
Teste da compressibilidade venosa é o critério mais confiável e simples para a verificação da TVP em fase aguda.
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Com a implementação do ecodoppler, melhor avaliação do fluxo vascular, melhor visualização das veias e identificação de trombos parcialmente oclusivos e das veias de menor calibre.
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Dímero D
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Porém, bastante sensível para diagnóstico de exclusão da TVP.
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Erisipela
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Placa eritematosa, edemaciada, infiltrada e dolorosa com bordas bem delimitadas.
Causada principalmente por Estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (SBHGA) - Streptococcus pyogenes(79%).
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Antibioticoterapia com penicilina, amoxacilina e eritromicina.
Celulite
Causada principalmente por Estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (SBHGA) - Staphylococcus aureus (75%).
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Fasciíte necrosante
Dor intensa (desproporcional a lesão da pele), o edema grave e rápida progressão.
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Febre alta, toxemia e prostração.
Tipo I - a infecção é polimicrobiana. Tipo II - Causada por estreptococos do grupo A e também denominada de gangrena estreptocócica.
Escore de Wells
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Imobilização ou cirurgia (nas últimas 4 semanas - 1,5 pontos);
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Diagnóstico prévio de TVP ou TEP (1,5 pontos);
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ou igual a 5 pontos - alta probabilidade.
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