"Froelich (1999) analisa a história de construção de Ilha Solteira - usina e cidade - através de seus vínculos com o desenvolvimentismo e/ou autoritarismo no Brasil. Assim, mostra que o projeto de construção da usina surgiu, ainda, durante o período denominado como primeiro ciclo desenvolvimentista, iniciado em 1951 com Getúlio Vargas e que se estendeu até 1967, ano de término da crise econômica iniciada em 1961 que sucedeu o desenvolvimento representado pelo Plano de Metas. Segundo o autor, o golpe de 1964 atribuiu um novo conteúdo ideológico ao projeto de Ilha Solteira, até então marcado pela égide do desenvolvimentismo e de um autoritarismo externo. A construção da usina, propriamente dita, deu-se na fase de maior endurecimento do regime militar e de uma atuação governamental mais nacionalista, pois acreditavam que o país estava vivendo um verdadeiro 'milagre econômico', e para isso, adotaram uma política de caráter totalitário. Ilha Solteira tornou-se símbolo nacional de grandeza, justamente em um momento de ressurgimento da ideologia desenvolvimentista." p. 231
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"Para Froelich (1999), a concretização do processo de transformação de Ilha Solteira em cidade definitiva, no início da década de 1980, aconteceu sob a crise do desenvolvimento e do autoritarismo, em um momento em que a CESP não mais desejava transformar Ilha Solteira em polo de desenvolvimento regional, mas em uma cidade capaz de manter-se sozinha, porque seu custo de manutenção tornara-se proibitivo." p. 250
"Para viabilizaer-se como município, Ilha Solteira tirou do território de Pereira Barreto a usina, fonte geradora de ICMS, que poderia ressarcir Pereira Barreto pelos prejuízos causados. Ilha Solteira, usina ou cidade, segundo o autor, não foi capaz de promover o desenvolvimento regional que os ideólogos do bem-estar social preconizavam (FROELICH, 1999, p. 20-21)" p. 250
"O processo de emancipação de Ilha Solteira (1986-1992) deu-se em meio à crise econômica de natureza hiperinflacionária. Se as condições econômicas não permitiram a implantação do polo sonhado na década de 1960, as condições políticas propiciaram a criação de um município de porte razoável, porém excessivamente vinculado à CESP e muito pouco à região, para a qual se tornou um verdadeiro enclave." p. 250
Ao final da década de 1980, Ilha Solteira já possuia 100% de sua infraestrutura instalada, a população manteve-se constante nos últimos anos, segundo o censo 2010, em IBGE... (2012), sua população mantém-se em cerca de 25 mil habitantes (em 2000, era quase 24 mil habitantes). A dinamização de potenciais existentes, a ativação de negócios, a oportunidade de trabalho ampliada, toda a infraestrutura implantada, a alteração de condições naturais e a presença de pessoas com formação técnica e universitária, constituíram o agente motor de desenvolvimento da cidade" p. 250
A cidade de Ilha Solteira, implantada em caráter permanente, foi um modelo intermediário de organização entre o acampamento, visto em Jupiá, e a estrutura de uma cidade, sendo uma comunidade um pouco mais aberta, na qual o cidadão ainda era bastante tutelado pela Companhia" p. 250.