As Funções e o Direito à Literatura
Katia Arilha Fiorentino Nanci
As Funções e o Direito à Literatura
Katia Arilha Fiorentino Nanci
O texto reapresenta uma interessante discussão sobre as funções da literatura e o direito à literatura levada a cabo por Umberto Eco em seu artigo intitulado "Sobre algumas funções da literatura" e por Antonio Candido em seu texto "O direito à literatura".
Funções da literatura
Umberto Eco (2003)
Manter em exercício a língua, que é um patrimônio coletivo.
Criar identidade e comunidade ao contribuir com a formação da língua.
Exercitar a língua individual.
Exercitar a fidelidade e os limites na liberdade de interpretação.
Inspirar confiança. mesmo que utilizando um modelo imaginário de verdade.
Tornar da fantasia uma realidade literária compartilhada pela comunidade de leitores.
Navegação e intervenção sobre os clássicos
Função educativa
Direito à Literatura
Antonio Candido (2004)
Reflexo das verdades literais nas verdades hermenêuticas.
As possibilidades de interpretação da obra literária instigam a imaginação e dão acesso a outros mundos possíveis.
Traz repertório à língua individual.
Grandes escritores e suas obras representam marcos culturais e identitários para as suas civilizações.
Apesar de se desenvolver de modo incontrolável, a língua é sensível às sugestões literárias.
O uso criativo de hipertextos, com a modificação e a criação de histórias, pode compor uma boa atividade escolar, mas não toma o lugar da função educadora da literatura.
As obras literárias trazem lições ao contar histórias com as quais o leitor se identifica.
A irracionalidade humana resiste ao desenvolvimento das civilizações, mantendo grande parte da população sem acesso a direitos básicos.
O que é indispensável a nós deve ser indispensável a todos. É Nesse contexto que aparece o direito à literatura.
Bens compreensíveis
Bens incompreensíveis
A arte e a literatura só podem ser consideradas bens incompreensíveis numa organização justa de sociedade, pois seriam concebidas como necessidades humanas.
Concepção ampla de literatura que engloba todas as criações ficcionais, poéticas e dramáticas das sociedades e culturas.
A leitura corresponde a uma necessidade universal, sendo, portanto um direito.
A literatura humaniza os leitores ao apresentar os problemas de maneira dialética.
Fatores da complexidade da natureza literária
Forma de expressão de
emoções e visões de mundo.
Forma de conhecimento que tem sua apropriação de maneira difusa e inconsciente.
Construção de objetos autônomos em estrutura e significado.
A literatura erudita não deve ser privilégio de pequenos grupos, por essa razão é importante haver uma distribuição equitativa de bens.
Situação do Brasil
O letramento ainda não ocorre de modo satisfatório e não há condições para o lazer e a leitura.
A fruição da literatura só ocorre em determinados meios e classes.
O estabelecimento da leitura e da escrita nas séries iniciais e o conteúdo
principal de letramento durante os anos subsequentes deve se fundamentar na literatura.
Comentário sobre o texto
.O texto apresenta, de maneira sucinta e objetiva, alguns pressupostos que norteiam as discussões sobre a importância da literatura para o ser humano. Para tanto, recorre a uma articulação precisa entre as ideias de Umberto Eco (2003) e Antonio Candido (2004), autores que produziram trabalhos majestosos que servem de fundamento para os debates sobre a literatura até hoje. Ademais, partindo da articulação entre as funções e o acesso à literatura, o texto defende um ensino veementemente pautado na literatura.