A mãe de um menino de 12 meses telefona-lhe à meia-noite dizendo que seu filho está chorando incessantemente nas últimas 6 horas. Suas crises de choro duram cerca de 20 minutos, e então desaparecem completamente por 15 minutos. Desde o início da tarde a criança não está comento muito e começou a vomitar as pequenas quantidades de suco e leite que ingeriu. Decidiu telefonar porque o vômito agora é verde e as crises de choro parecem estar piorando. Na emergência, você lembra que o paciente não tem nenhuma história médica pregressa, nasceu a termo sem complicações e suas imunizações estão em dia. Ao exame, sua temperatura é de 37, 7ºC, FR: 40irpm, FC: 155 bpm, PA: 109/60mmHg e peso de 10kg. Ele chora incansavelmente por 15 minutos, puxando suas pernas até a altura do tórax, e depois se aqueita. Ele ainda produz lágrimas e suas mucosas estão úmidas. Exame do coração e pulmão normais. Exame abdominal revela ruídos intestinais acentuadamente diminuídos com sensibilidade generalizada à palpação. Você sente uma massa em forma de salsicha no lado direito do abdome. Sua fralda apresenta um pouco de fezes sanguinolentas misturadas com muco. O restante do exame é normal.
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Enema Baritado
Sinal do menisco: Produzido pelo ápice arredondado do intussuscepto projetando-se na coluna do meio de contraste baritado, que assume configuração em crescente (falha no enchimento).
Sinal da mola espiralada: As pregas mucosas edemaciadas do intussuscepto são delineadas pelo meio contraste no interior do lúmen colônico, gerando um aspecto em espiral.
O bário é o contraste preferido para a investigação de intussuscepção porque proporciona excelentes detalhes das alterações, é barato e isosmolar.
Etiologia
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Mais de 90% dos casos são “idiopáticos”, não apresentam um ponto inicial (cabeça de invaginação) provavelmente, resultam de hipertrofia linfoide secundária a infecção viral.
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Infecções virais precedentes e vacinação por rotavírus podem ter papel patogênico no desencadeamento da doença.
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Ultrasonografia
Sinal do alvo: Orla hipoecoica margeando um centro predominantemente hiperecóico, em tomadas transversal e longitudinal ao eixo da intussuscepção.
Sinal do pseudo-rim: Ocorre se a intussuscepção está curvada ou é observada obliquamente de modo que o mesentério é demonstrado apenas em um dos lados da parte central da intussuscepção.
Sinal dos "anéis concêntricos múltiplos": Dois anéis hipoecoicos separados por um anel hiperecogênico.
Sinal do crescente: Formação hiperecogênica com configuração em crescente na porção central da intussuscepção.
Sinal do sanduíche: Três bandas hipoecóicas paralelas
(paredes intestinais em aposição) estão separadas por outras duas bandas hiperecogênicas paralelas.
Exame de eleição, altamente preciso no diagnóstico, com sensibilidade de 98%-100%.
Radiografia
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Sinal do alvo: Massa de partes moles contendo áreas circulares concêntricas de radiotransparência determinadas pela gordura mesentérica do intussuscepto.
Massa de partes moles frequentemente observada no quadrante superior direito, obscurecendo o contorno
hepático.
Sinal do menisco: Crescente de gás (radiotransparente) dentro do lúmen colônico delineando o ápice do intussuscepto.
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Tratamento
No cólon ascendente, pode-se esperar taxa de redução de 75%.
Quanto mais distal a intussuscepção, menor a taxa de redução terapêutica.
Estabilização hemodinâmica e hidroeletrolítica do paciente, seguido pela redução propriamente dita.
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Exame Físico
Massa em salsicha: Palpação de tumoração de aspecto tubular no quadrante superior direito (flexura hepática).
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Intussuscepção
Tríade clássica: Dor abdominal, fezes com sangue em "geleia de framboesa" e massa abdominal palpável. Obs.: A dor abdominal é caracterizada pelo choro da criança e pela flexão das pernas em direção ao abdome. Dor interminente com duração de 4-5 minutos e intervalo de 20 minutos.
Epidemiologia: Principal causa de obstrução intestinal na faixa etária de 3 meses a 6 anos com pico de incidência entre 5 e 9 meses. Predominância masculina (2:1).
Níveis topográficos: Em ordem decrescente de frequência: ileocólico, ileoileocólico, ileoileal e colocólico.
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O sintoma inicial mais frequente nas crianças menores é o vômito, enquanto que nas crianças maiores é a dor abdominal.
Fisiopatologia
Edema parietal intestinal com comprometimento arterial, resultando em isquemia.
O edema intestinal progressivo
acaba provocando oclusão vascular total, necrose isquêmica e infarto intestinal.
À medida que o intestino invagina-se para a luz distal, a compressão provoca vários graus de oclusão venosa.
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