Animais e a capacidade de ação racional: em uma das cenas na primeira metade do filme, Okja salva a vida de Mikha. O acontecimento revela não apenas as capacidades emocionais de Okja ao se importar com Mikha, mas também suas sofisticadas capacidades intelectuais que a permite agir de modo planejado, utilizando meios para obter um determinado fim. Essa é uma capacidade que, por exemplo, Schopenhauer acreditava ser exclusividade humana. Embora Okja seja fictícia, muito foi descoberto nas últimas décadas sobre esse tipo de ação em animais como os primatas não humanos (ver Frans de Wall). Essas capacidades são relevantes para que o indivíduo possua certos direitos como o direito à vida?
A primatóloga Jane Goodall foi a primeira a registrar a criação e uso de ferramentas por primatas não humanos, história que pode ser vista no documentário Jane: a mãe dos chimpanzés. Frans de Wall, em Primatas e filósofos, sustenta que esses animais não apenas possuem sofisticadas capacidades intelectuais, mas que também possuem sentimentos morais como a empatia
Que características um indivíduo precisa possuir para ter direito à vida? O Projeto dos Grandes Primatas, liderado pela filósofa Paola Cavalieri e Peter Singer, defende a extensão desse direito aos grandes primatas não humanos, ressaltando as capacidades emocionais e intelectuais desses animais na justificativa e que direitos em geral não podem ser determinados pela espécie do indivíduo (especismo)
Em O mundo como vontade e representação, Schopenhauer teoriza que a ação deliberada/planejada é prerrogativa humana: "nenhum animal [não humano] é capaz de intenção real, pois, conceber e seguir um propósito é uma prerrogativa do homem” (SCHOPENHAUER, 2014, p. 116)