A posse presidencial de Tancredo Neves estava marcada para acontecer no dia 15 de março de 1985. Nas semanas anteriores à posse, Tancredo escondeu de todos que sentia dores abdominais, porque temia que isso pudesse ser usado como justificativa pelos militares para se perpetuarem no poder. Ele planejava procurar tratamento médico após a posse, mas às vésperas dela, no dia 13 de março, acabou sendo internado às pressas.
A condução da situação de Tancredo foi muito ruim, uma vez que ele foi operado em um hospital com condições técnicas e de higiene questionáveis. Ele foi transferido para São Paulo, passando por sete cirurgias, mas acabou falecendo no dia 21 de abril de 1985. Enquanto estava internado, o país questionava-se quem assumiria a presidência.
Após muito debate e muita negociação política, ficou decidido que o vice-presidente assumiria temporariamente até a recuperação de Tancredo Neves. Sendo assim, em 15 de março, José Sarney tomou posse como presidente interino do Brasil. Por uma ironia do destino, a presidência do Brasil após a ditadura caía no colo de um político que construiu sua carreira como apoiador da ditadura.
O falecimento de Tancredo Neves acabou confirmando José Sarney como o primeiro presidente do Brasil a assumir o cargo após a saída dos militares. Durante o seu governo, foi realizada a montagem da estrutura democrática do país e elaborada uma nova Constituição. Como parte do acordo de Tancredo com os militares, nenhum tipo de investigação dos crimes cometidos por militares na ditadura foi realizado.