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Poema "Horizonte" da "Mensagem" de Fernando Pessoa , Ó…
Poema "Horizonte" da "Mensagem" de Fernando Pessoa
"Mensagem"
Publicada dia 1 de dezembro de 1934, no aniversário da restauração da independência
Escrita entre 21 de julho de 1913 e 16 de março de 1934
Única obra completa escrita e publicada (português)em vida pelo poeta
Obra composta por 44 poemas, apresentados numa estrutura tripartida: 1ªparte: O Brasão; 2ª parte: Mar Português; 3ª parte: O Encoberto
Este título provem do ditado "Mens Agitat Molem", escrito inicialmente por Virgílio na Eneida, que significa "O espírito move a matéria"
A Segunda Parte da "Mensagem"
A segunda parte da "Mensagem" vai indicar-nos os principais momentos e elementos da ação, concentrada apenas na missão de Portugal, nos Descobrimentos
Este poema insere-se na segunda parte da "Mensagem", que tem o título "O Mar Português"
Nesta parte, estão escritos poemas que refletem o heroísmo e bravura do povo português nas suas viagens pelo mar
Esta parte é composta por 12 poemas, desde o "O Infante" até "Prece".
A Segunda Parte é iniciada pela epígrafe latina "Possessio Maris", que significa, em português, posse do mar.
Os doze poemas nesta parte simbolizam os doze discípulos de Cristo, os doze cavaleiros da Távola Redonda, os doze meses do ano, os doze signos do zodíaco e os doze trabalhos de Hércules
O número 12 indica, também, o final de um ciclo, ou seja, após estes 12 poemas, sucede a "morte", isto é, a 3ª parte da obra- O Encoberto
Análise formal
O poema é composto por 3 sextilhas
O esquema rimático é: AABCCB//DDEFFE//GGHIIH
O poema tem rima emparelhada e interpolada
Muito irregular quanto à métrica (varia entre 7 a 11 sílabas métricas)
Poema
"Horizonte"
FERNANDO PESSOA
Fernando Antónia Nogueira Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888 em Lisboa.
Durante a sua vida foi poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português,
Morreu com 47 anos em Lisboa a 30 de novembro de 1935.
Em vida publicou quatro obras em que apenas uma delas está escrita em língua portuguesa, a "Mensagem".
Com a publicação desta mesma obra, conseguiu ficar em segundo lugar no prémio Antero de Quental em 1934.
Titulo
O título do poema transmite uma ideia de desconhecido a alcançar, que apesar do longínquo já se consegue ver ao longe e, com isso, fica mais fácil o seu alcance, uma vez que é mais fácil acreditar naquilo que se vê do que naquilo que não se vê.
"Horizonte" é o símbolo do indefinido, do longe, do mistério, do desconhecido, do mundo a descobrir, do objetivo a antigir.
Estrutura interna
O poema divide-se em três partes lógicas: a primeira corresponde à primeira estrofe, a segunda diz respeito à segunda estrofe e a terceira à ultima estrofe
Na segunda estrofe, o poeta reforça que o "Longe" era o maior obstáculo dos portugueses
Na primeira estrofe, o poeta descreve o encantamento dos navegadores, quando conseguem ver o concreto para lá do horizonte, que antes era abstrato
A última estrofe menciona o conceito de sonho e a sua realização. O poeta fala da recompensa que os portugueses tiveram aquando da chegada ao seu destino
Recursos Expressivos
Polissíndeto (v.2)
Gradação (v.7)
Apóstrofe (v.1)
Paradoxo (v.13)
Enumeração (v.17 e 18)
Comparação com "Os Lusíadas"
Episódio da Ilha dos Amores
Simbologia
"sonho"
"Verdade"
"a noite e "cerração"
"Horizonte", "Longe", "linha severa la longínqua costa", "abstrata linha"
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
Esplendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.
Movimentos da esperança e da vontade,