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OTOHEMATOMA OTOHEMATOMA 2 - Coggle Diagram
OTOHEMATOMA
Sinônimos:
-Hematoma aural;
-Hematoma auricular;
Definições:
-Caracteriza-se como tumefacções flutuantes, tensas e por vezes dolorosas, que variam em tamanho e posição;
-Formação de uma coleção de sangue, oriundo da ruptura de vasos sanguíneos em consequência de traumatismo;
-Acúmulo de sangue dentro da cartilagem auricular ocasionada por diversos fatores;
-Condição que afeta o sistema auditivo, caracterizada pelo extravasamento e acúmulo de sangue entre a camada da cartilagem auricular e a pele;
-Possui aparência patognomônica;
-Pode acometer ambas as faces da orelha, porém, geralmente, localizam-se apenas na superfície côncava;
Vídeo otohematoma em cães e gatos
Professores:
Msc. Bárbara Barbi de Freitas
Dsc. Juliana de Abreu Pereira
Msc. William Timboni Teixeira
Turma:
MEV 4AN P2
Acadêmicos:
Alba Lucinia de Souza
Andressa Pinheiro da Cunha
Bruna Beatriz Lobo
Eliane Gregorio
Julio Zimmermann
Katherinne Barth Wanis Figueiredo
Talita Wajczyk
Anatomia orelha:
Etiologias:
-Brigas;
-Prurido;
-Inflamações;
-Infecções;
-Ectoparasitas;
-Enfermidades que interfiram nos fatores de coagulação;
-Alergias;
-Corpos estranhos;
-Tumores;
-Pólipos no canal auditivo;
Epidemiologia:
-Alterações comuns na clínica de pequenos animais;
-Em cães é considerado o oitavo procedimento mais realizado em cirurgias;
-Mais frequente em cães de médio a grande porte;
-Frequente em cães das raças com orelha pendulosas;
-Ocasionais em cães das raças com orelhas eretas;
-Ocasionais em gatos;
-Normalmente, machos como os mais afetados;
-Faixa etária mais acometida é a dos 3 aos 7 anos de idade;
-Raças predispostas:
.Pastor Alemão;
.Cocker Spaniel;
.Basset Hound;
.Golden Retriver;
.Labrador Retriver;
Diagnóstico:
-Baseado essencialmente no exame físico;
.Palpação da orelha:
.Presença do conteúdo líquido;
-Saber a história pregressa e completa é essencial;
.Comportamento;
.Enfermidades prévias;
.Tratamentos prévios;
.Uso de medicamentos contínuos;
.Frequência de banhos;
.Utilização de produtos de beleza, como perfumes;
.Hábitos;
.Alimentação;
.Controle de ectoparasitos;
.Vacinação;
-Presença de prurido auricular com manifestações como agitação da cabeça e coceira da orelha afetada é frequentemente relatada pelos tutores;
-Pode estar associada a uma otite externa crônica;
-Identificação da fonte de prurido da orelha;
-Exame otoscópico:
.Anomalias no canal auditivo externo:
.Nódulos;
.Tumores;
.Pólipos;
.Corpos estranhos;
.Hiperplasia epidérmica;
.Ectoparasitas:
.
Octodectes cynotis
;
.
Otobius megnini
;
-Exame dermatológico minucioso;
-Citologia auricular:
.Presença excessiva de:
.
Malassezia
;
.
Staphylococci
;
.No caso de suspeita de infecção bacteriana ou fúngica, pode associar-se à citologia, cultura e testes de sensibilidade a antibióticos;
-Exame macroscópico do exsudado auricular pode dar pistas acerca da etiologia da lesão, mas nunca deve ser feito um diagnóstico etiológico apenas com base neste exame;
-Exame radiológico do crânio, se uma otite externa ou média tiverem predisposto o animal ao otohematoma;
-Não é comum surgirem alterações nos parâmetros laboratoriais dos pacientes afetados com hematoma da orelha;
-Excluir o diagnóstico de atopia ou outras manifestações dermatológicas de doenças sistêmicas;
-Pode ser necessária uma aspiração com agulha fina do otohematoma e uma citologia do conteúdo aspirado para confirmar o diagnóstico;
Sinais clínicos:
-Dor;
-Edema;
-Eritema;
-Prurido;
-Aumento de temperatura no local;
-Tumefação preenchida por sangue, flutuante;
-Intolerância a mexer a cabeça;
-Lambedura excessiva da região;
-Automutilação da região;
-Arrastar a cabeça no chão ou contra paredes;
-Tamanho e posição podem variar;
-Localizado na superfície côncova do pavilhão auricular;
Patogenia:
-Apesar da sua frequência, ainda são necessários mais estudos acerca dos otohematomas. A sua etiopatogenia é desconhecida, o seu local de origem é controverso, algumas causas são descritas na literatura como:
Otite externa:
-As otites externas têm sido apontadas como o principal fator etiológico envolvido na patogênese dos otohematomas;
-Normalmente, estas otites estão associadas a dor ou irritação do ouvido externo, passíveis de desencadear reações de desconforto por parte do animal;
-Estas reações manifestam-se essencialmente por agitação violenta da cabeça e coceira da orelha;
-Foi sugerido que uma agitação vigorosa da cabeça faz com que a pele da orelha se mova para trás e para frente contra a cartilagem, induzindo uma fricção que causa ruptura dos vasos sanguíneos no ponto onde estes penetram nos forames;
-A hemorragia ocorre depois entre a cartilagem e o pericôndrio;
Otodectes cynotis:
-A otoacaríase é caracterizada por irritação, coceira da orelha e agitação enérgica da cabeça;
-Ácaros, durante o seu processo de alimentação, libertam antígenos que podem estar envolvidos numa reação imunomediada, que culmina na formação de um otohematoma;
-A saliva destes ácaros contém alérgenos potentes, responsáveis por reações de hipersensibilidade, observadas especialmente em gatos;
-O
O. cynotis
para além de induzirem reações de hipersensibilidade do tipo-I, que resultam na degranulação local dos mastócitos, libertação de peptídeos vasoativos, edema e inflamação do canal auditivo, também podem causar reações de hipersensibilidade do tipo-III;
-Este tipo de reação ocorre quando os antígenos parasitários e os anti-corpos do hospedeiro formam imunocomplexos que se depositam na junção entre a epiderme e a derme ou nos vasos dérmicos do canal auditivo;
-Essa deposição de imunocomplexos aciona a ativação da cascata do complemento, seguida de uma resposta imune célula;
-Essa reação causa intensa inflamação local, prurido e dor, levando o animal a coçar intensamente a orelha, o que acarretará em trauma dos vasos e consequentemente causará um otohematoma;
Hipersensibilidade:
-A relação entre o otohematoma e possíveis reações de hipersensibilidade está pouco descrita na literatura;
-A presença de uma doença hipersensibilizante causa prurido cutâneo, na ausência de parasitismo externo;
-As citocinas e outros mediadores solúveis poderão ter um papel importante na degeneração da cartilagem;
-É sugerido que as aminas vasoativas podem aumentar a permeabilidade dos vasos do interior da cartilagem, levando a exsudação e aumento da pressão que por seu turno resulta em fissuras condrais e ruptura dos vasos sanguíneos com consequente hemorragia levando ao otohematoma;
Trauma:
-O trauma da orelha como causa do otohematoma é a hipótese mais frequente;
-A agitação e coceira derivadas de um desconforto auricular, são os fatores mais referidos como os eventos traumáticos iniciais, provocando a ruptura de vasos sanguíneos da orelha;
-O trauma auricular pode ocorrer secundariamente a otite externa, infestações por ectoparasitas, alergias e corpos estranhos e neoplasias;
-A razão dos otohematomas se desenvolverem na superfície côncava da orelha é desconhecida;
-Os otohematomas são dinâmicos: uma vez iniciada, a acumulação sanguínea termina quando a pressão no interior do hematoma iguala a pressão dos vasos lacerados; a hemorragia causa aumento do volume, que por sua vez aumenta a dor, favorecendo a automutilação;
-Se a agitação da cabeça ou coceira da orelha permanecerem, produz-se uma pressão adicional sobre o hematoma, causando uma maior separação dos tecidos e recomeço da hemorragia.;
-Com a maturação, a fibrina deposita-se nas paredes do hematoma, produzindo-se um seroma sanguinolento central;
-Posteriormente, forma-se tecido de granulação nas paredes de cartilagem do hematoma, resultando numa reorganização fibrosa que pode resultar numa orelha espessada e deformada;
Classificações:
Agudo:
-Observa-se uma deposição de fibrina oriunda de uma hemostasia fisiológica do organismo, com seroma sanguinolento;
Crônico:
-Formação de fibrose compreendida em uma massa fixa na superfície côncava do pavilhão auricular,com consequente deformação;
Tratamento:
Objetivos:
-Identificar e eliminar a fonte de prurido auricular;
-Providenciar uma drenagem adequada do conteúdo do hematoma;
-Manter a aposição apropriada entre a pele e a cartilagem da orelha;
-Deve ser efetuado o mais precocemente possível após a sua detecção, de modo a prevenir a extensão da lesão ou a deformação da orelha secundária a fibrose;
Tratamento clínico:
Drenagem com agulha:
-Drenagem do sangue extravasado com auxílio de seringa hipodérmica (20G ou 18G) e a lavagem da cavidade lesionada com solução fisiológica;
-Sempre realizar tricotomia ampla no local do procedimento a ser realizado + técnica asséptica;
-Deve ser realizado apenas em hematomas com consistência fluida (casos agudos);
-Preferencialmente, nos localizados na extremidade distal da orelha;
-Este método só funciona se for efetuado até um dia depois da formação do hematoma;
-Verifica-se o maior número de recidivas;
-A vantagem deste método está na possibilidade da sua execução sem recurso a anestesia geral;
Homeopatia:
-Medicamentos homeopáticos podem ser utilizados sem necessidade concomitante de aspiração do hematoma ou procedimento cirúrgico;
-Técnica controversa;
-Não ocorre efeito imediato;
Bellis perennis:
-Atua em locais onde há aumento de volume com acúmulo de sangue provocado por ação mecânica;
Rhus toxicodendron:
-Tem ação em hemorragias onde o local da lesão apresenta-se quente e doloroso, sendo indicado para pacientes agitados;
Hamamelis virginiana:
-Apresenta grande quantidade de taninos nas suas folhas e cascas, com propriedades adstringente, hemostática, venotônica e vaso protetora;
-Atua em hemorragias de origem venosa,sobretudo pós-traumática;
-Sempre tratar a causa base do otohematoma;
Tratamento cirúrgico:
Pré-cirúrgico:
-Exame clínico completo (incluindo aferição da pressão arterial);
-Se possível: Exames laboratoriais (hemograma completo, bioquímica sérica – ALT, FA, Ur, Cr, Glicose, Albumina);
-Se necessário: Demais exames complementares (ecodoppler e ecocardiograma);
-Se possível: Citologia de ouvido;
-Se possível, jejum de 12 horas para alimentos sólidos e 6 horas para água;
-Decúbito contralateral, considerando-se a orelha afetada;
Procedimentos pré-cirúrgicos:
-Protocolos farmacológicos variados, exemplo:
.30 minutos antes da intervenção cirúrgica;
.Antibioticoterapia profilática: enrofloxacina (10,0 mg/kg IM);
. Anti-inflamatório não esteroidal: flunixin meglumine (1,1 mg/kg IM) ou meloxican (0,1-0,2mg/kg EV ou SC ou VO);
.Analgésico opióide: cloridrato de tramadol (2,0 mg/kg IM);
-Tricotomia ampla no local do procedimento a ser realizado;
-Técnica asséptica:
.Clorexidine degermante;
.Luva, gaze e material estéril;
. PVPI degermante (min 2x);
. Álcool 70% (min 2x);
. PVPI tópico (min 2x);
-Pano de campo;
-Colocar uma compressa estéril ou um pedaço de algodão no canal auditivo para absorver o sangue proveniente do hematoma;
Anestesia:
-Protocolos anestésicos variados: exemplos:
-Protocolo1:
.MPA:
.Acepromazina (0,1mg/kg/ IM);
.Fentanil (0,005mg/kg/ IM);
.Indução:
.Tiopental sódico (12,5mg/kg/ EV)
.Manutenção:
.Halotano e oxigênio em circuito anestésico, através de sonda endotraqueal;
-Protocolo 2:
.MPA:
.Acepromazina (0,05mg/kg/EV);
.Fentanil (0,010mg/kg/EV);
.Indução:
.Propofol (4mg/kg/EV);
.Manutenção:
.Isoflurano a 1,5% e oxigênio em circuito anestésico, através de sonda endotraqueal;
Técnicas cirúrgicas:
-Considerações:
.Indicado pra grandes hematomas ou crônicos;
.A cavidade formada deve ser irrigada para auxiliar na remoção de coágulos e fibrina;
.Drenos e cânulas são indicados para casos com mínima quantidade de hematoma/fibrina;
.Há risco de recidivas;
-Técnica de reparação com múltiplos orifícios:
.Realiza-se múltiplos orifícios circulares 4mm na pele com punch, espaçados 1cm entre si;
.O fechamento ocorre por segunda intenção;
-Outros técnicas já descritas:
.
Sutureless hematoma repair system
;
.Clamp de hematoma auricular;
.Reparação com selante de fibrina;
.Reparação com cianoacrilato;
.Reparação com laser de CO2;
-Técnica mais utilizada "S":
.Realizar incisão em formato de S na superfície côncava do ouvido;
.Expor o hematoma e seu conteúdo;
.Remover o coágulo de fibrina e irrigar a cavidade;
.Colocar suturas de 3, 4 ou 1 cm de comprimento através da pele na superfície côncava do ouvido e da cartilagem subjacente;
.Colocar as suturas paralelas aos grandes vasos (verticais ao invés de horizontais);
.As suturas podem ser feitas através da cartilagem sem incorporar a pele sobre a superfície convexa do ouvido, ou podem ser de espessura completa;
.Colocar um amplo número de suturas de modo a não deixar nenhum bolsão em que o líquido possa se acumular;
.Não ligar as ramificações da grande artéria auricular visível na superfície convexa do ouvido;
.Não suturar a incisão, deve-se manter a abertura para permitir a drenagem;
-Caso haja um mínimo de fibrina, pode ser instalado uma cânula para escoamento do conteúdo:
.Aparar metade da gola da cânula para permitir que o tubo descanse contra a orelha;
.Aspirar o conteúdo do hematoma utilizando uma agulha (14G ou 16G);
.Inserir a cânula através do furo da agulha (inserir no aspecto mais distal do hematoma);
.Suturar a orelha;
.Não fazer atadura nem apoiar a orelha sobre a cabeça;
.Complicações: seromas para drenos retirados entre sete a dez dias, e deformações externas quando mantido até 28 dias;
-Caso haja um mínimo de fibrina, também pode ser instalado um dreno para escoamento do conteúdo:
.É método fácil e efetivo e que permite drenagem contínua a aderência tecidual e desaparecimento do espaço morto;
.Pode-se utilizar um dreno de látex fenestrado de ¼ polegadas;
.Fazer uma incisão nos limites proximal e distal da orelha;
.Esvaziar o hematoma;
.Usar uma pinça para passar o dreno pelo hematoma;
.Suturar as extremidades na pele;
.Colocar um leve curativo sobre o ouvido;
.Alguns profissionais fazem uso de captons, botões ou curativos específicos para essa afecção para minimizar a tensão sobre o tecido;
Pós-operatório:
-Protocolos variados;
-Exemplo:
.ATB - Enrofloxacina 10mg/kg/SC;
.AINE - Cetoprofeno 1mg/kg/SC;
.Analgésico - Tramadol 2mg/kg/SC;
.Curativo na orelha operada;
.Uso do colar elisabetano;
.Limpeza dos pontos e aplicação de antisséptico local (Rifamicina) BID;
.Remover o curativo e a sutura entre 10-14 dias;
Vídeo correção cirúrgica
Referências:
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