Controle Microbiológico Ambiental na Indústria Farmacêutica - Continuação
Tecnologias Alternativas para Processo Asséptico
Sistemas onde as pessoas são retiradas das zonas críticas têm sido implantados, visando estratégias avançadas de processamento asséptico, com redução do monitoramento ambiental de partículas viáveis ou não
Definições de sistemas usados para redução da taxa de contaminação do processo asséptico
BARREIRAS: restringem o contato do operador com o ambiente asséptico. Não podem ser esterilizadas, e não tem um modo de transferir os materiais de dentro para fora, e vice versa. Existem desde cortinas, até barreiras rígidas.
Sopro/Enchimento/Selagem (Blow/Fill/Seal): sistema onde ocorre a montagem do recipiente, envase do produto e selagem, em um mesmo equipamento. As taxas de contaminação desse processo são menores que 0,1%.
Isoladores: protege o produto de contaminação ambiental e de pessoas durante o envase e fechamento, e proteger as pessoas de produtos tóxicos e deletérios durante a produção.
Existe uma barreira absoluta, que separa os materiais do operador, e a manipulação ocorre por meio de luvas, vestes completas ou parciais. O ar que entra no isolador passa por um filtro HEPA ou ULPA, e a exaustão do ar é por um filtro HEPA.
Equipamentos são introduzidos por autoclave de porta dupla, esteira em túnel de esterilização, ou sistema de doca.
Limitam o contato do operador com o produto, e pode ser instalado em ambiente controlado.
Requer ambiente controlado, onde estratégias de operação devem ser feitas, para de modo a oferecer produtos estéreis de acordo com critérios pré-estabelecidos
O ar entra pelos filtros integrais de qualidade HEPA, e seu interior deve ter garantia de esterilidade de 10-6. Quando o isolador está em ambiente controlado, a contaminação do produto é reduzida no caso de vazamento de luvas e vestes.
Requerem menor frequência de monitoramento microbiológico
Treinamento de pessoal
Produtos processados assepticamente exigem muita atenção, disciplina rigorosa e supervisão estrita das pessoas, para manter o nível de qualidade ambiental adequado para garantia de um produto estéril.
O treinamento é crítico, deve ser feito não só pelos trabalhadores, mas pelos responsáveis pelo monitoramento microbiológico, pois também podem contaminar o ambiente sem querer, pelo uso de técnicas impróprias,
O monitoramento dos funcionários deve ser feito antes e depois do trabalho na área de processamento
Todos devem conhecer os princípios básicos do processamento asséptico, a relação dos processos de fabricação e manipulação com potenciais contaminantes para o produto
Conhecimento sobre os princípios básicos de microbiologia, fisiologia microbiana, limpeza, desinfecção, esterilização, seleção e preparo dos meios de cultura, treinamento sobre a análise dos dados ambientais coletados.
Conhecimento do procedimentos operacionais padrão, em especial aos de medidas corretivas quando o ambiente exigir. Compreensão das políticas de adesão às exigências regulatórias, e a responsabilidade de cada um, relativo às BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO, devem conter no programa de treinamento
A contaminação associada a pessoas é muito comum, por exemplo, pela disseminação de microrganismos, em especial, os que estiverem com infecção ativa, portanto, somente pessoas saudáveis podem entrar no ambiente controlado.
Boa higiene pessoal e cuidado durante a paramentação asséptica são muito importantes
Estudos periódicos de envase de meios de cultura são necessários para garantir que os controles operacionais adequados e treinamento sejam mantidos de forma efetiva
Projeto e Implantação do Programa de Controle Microbiológico Ambiental
O fabricante é responsável por desenvolver, iniciar, implantar e documentar um projeto de monitoramento microbiano ambiental, capaz de detectar falhas e corrigí-las de forma efetiva
O meio caseia-soja pode ser usado para a maioria dos casos. A detecção de leveduras e bolores devem ser consideradas. Meios de *Sabouraud e Sabouraud modificado são aceitos. Ágar caseína-soja também pode ser usado.
A capacidade dos meios de cultura para detectar e quantificar os microrganismos anaérobicos ou micro-aerófilos deve ser avaliada
Os processos de esterilização usados no preparo dos meios de cultura, devem ser validados e devem ser examinados para esterilidade e promoção do crescimento, que deve se manter, quando inoculados com menos de 100 UFC
A temperatura e o tempo de incubação, são tipicamente entre e (22,5 ± 2,5) °C e (32,5 ± 2,5) °C têm sido
usadas com tempos de incubação de 72 horas e 48 horas, respectivamente.
O programa deve conter identificação e avaliação dos locais de amostragem e validação dos métodos de amostragem no ambiente
Limites Microbiológicos de Alerta e Ação em Salas e Zonas Limpas
O nível de alerta do monitoramento microbiológico ambiental, evidencia nível de contaminação superior às condições de operação normais. Deve ser investigado e acompanhado, que pode ter mudanças no plano de amostragem
O indicativo de ação em monitoramento microbiológico ambiental, quando excedido, deve ter acompanhamento imediato e de ação corretiva, se necessário
Em instalações novas, devem se basear pela experiência de áreas anteriores e similares
Métodos e equipamentos usados para monitoramento ambiental
Microorganismos viáveis no ar podem afetar na qualidade microbiológica dos produtos fabricados em salas limpas
Há diferentes formas de monitorar e tipos de equipamentos disponíveis para quantificar microrganismos viáveis, incluindo amostradores de sedimentação, de impacto e centrífugos. A seleção e adequação do método é de responsabilidade do usuário
O método que usa placas de sedimentação é o mais usado, pois é simples e tem baixo custo e fornece informações qualitativas sobre o ambiente de exposição por um longo período
Limitações dos amostradores de ar mecânicos: tamanho da amostra a ser analisada; o nº de microrganismos normalmente está em poucas quantidades, com isso grande quantidade de ar precisa ser analisada para se ter resultados precisos, o que não é prático
Amostradores centrífugos fazem uma contagem maior de partículas no ar
Métodos e equipamentos usados para monitoramento de partículas viáveis em superfície
A amostragem é feita no final das atividades, para não prejudicar operações críticas. Pode ser usado placas de contato ou swab
São monitoradas áreas que entram em contato com o produto, e áreas adjacentes
Placas de contato com ágar nutriente para superfícies planas e posterior incubação. Ágar específico para fungos, esporos, etc
Swab é usado para superfícies irregulares e equipamentos, com diluente adequado. O resultado é dado por placa de contato ou por swab
Meios de cultura e diluentes para amostragem e quantificação de partículas viáveis
Os meios de cultura e diluentes usados na amostragem de salas limpas, dependem dos procedimentos e equipamentos usados.
O ágar caseína-soja é o mais usado, mas existem outros. Meios alternativos podem ser usados, mediante validação
Se na área controlada são usados desinfetantes e antibióticos, deve-se usar inativantes adequados
Identificação de isolados microbianos
O controle ambiental inclui um nível adequado de identificação da flora obtida na amostragem
O conhecimento da flora normal da área é importante para monitorar a área, se a limpeza e desinfecção estão sendo eficazes e os métodos de desinfecção microbiana
essa informação é útil para investigar fontes de contaminação, em especial quando os limites são excedidos
A identificação de microrganismos isolados em áreas críticas é muito importante!
Avaliação do estado microbiológico de produtos envasados assepticamente
Para garantir carga microbiana mínima, na avaliação do estado microbiológico do ambiente, pode ser obtida por meio do teste de envase asséptico de meio de cultura (media fill).
O teste de de media fill é usado para avaliar o processamento asséptico usando meio de cultura estéril
no lugar do produto
Resultados satisfatórios de media fill demonstram a adequação da linha para a
fabricação do produto
Para qualificar o estado microbiológico de um processo asséptico, são necessários, no mínimo, três testes de media fill, que devem ser feitos em condições normais de produção
procedimentos de manutenção dos equipamentos podem ser feitos, para tornar o ambiente mais fidedigno possível
Deve ser feito em todos os produtos e para cada linha. Meio caldo caseína-soja pode ser usado, e após o procedimento asséptico, incubar a (22,5 ± 2,5) °C ou (32,5 ± 2,5) °C, por no mínimo
14 dias
Após incubação, as amostras devem
ser inspecionadas para crescimento, identificados para gênero e quando possível, por espécie, para identificar o foco da contaminação
Pontos críticos do media fill: nº de recipientes para qualificar o processo asséptico; nº de unidade enchidas para o media fill; interpretação de resultados e implementação de ações corretivas
O nº mínimo para demonstrar a taxa de contaminação de não mais que 0,1%, critério de aceitação para corrida de media fill é de, no mínimo, 3000 unidades
Plantas pilotos que preparam lotes pequenos podem ter número menor de unidades
Procedimentos de liberação
Deve-se estabelecer um programa de qualidade que descreva, com detalhes, as etapas e documentos para liberar a carga e lote
A liberação dos produtos esterilizados vai depender da liberação, que pode ser convencional ou paramétrica
Liberação paramétrica de produtos com esterilização terminal
É definida como a liberação de cargas ou lotes de produtos onde foi feita esterilização terminal, onde foram cumpridos parâmetros críticos do processo de esterilização, sem necessidade de realizar o teste de esterilidade.
Possui algumas limitações no processo, com relação a produtos sensíveis, e é limitado devido a pouca chance de haver alguma unidade contaminada
Quatro processos de esterilização podem ser usados para a liberação paramétrica: calor úmido,
calor seco, óxido de etileno e radiação ionizante
A aplicação dos métodos deste processo, deve ser selecionado dentre três categorias, para uso com produto específico:
a) processo baseado na carga microbiana (biocarga);
b) processo combinado: indicador biológico e biocarga;
c) processo de sobremorte.
Deve se estabelecer dose nos processos de esterilização por radiação usam o conhecimento da carga microbiana do produto e sua resistência à radiação
Garantia de esterilidade de, pelo menos, 10-6
Empregado para produtos que podem perder atributos ao usar o processo de sobremorte, e quando se quer uma esterilização de mostre a inativação de altos nºs de microorganismos dos indicadores biológicos, mais resistentes aos processos de esterilização
Usado quando o produto a ser esterilizado não é má influenciado pelo agente esterilizante ou condições do processo de esterilização
A sobremorte é dada pela redução logarítmica dos esporos do indicador biológico, em um processo que se pode obter F0 mínimo de 12 minutos
Validação do processo de esterilização
O processo escolhido deve desenvolvido e validado, para a inativação da carga microbiana e atingir um nível de esterilidade de 10-6
A validação de processos inclui: validação de parâmetros físicos e da eficácia microbiológica, por uso de indicadores biológicos para demostrar uma correlação entre letalidade por meio de medidas físicas (F0), letalidade biológica com o uso de indicadores biológicos
Um dos componentes da liberação paramétrica é o programa ativo de controle microbiológico para monitorar a contagem e resistência da carga microbiana do produto