A INFLUÊNCIA DAS RELIGIÕES CATÓLICA E PROTESTANTE NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DA IRLANDA DO NORTE COMO PROVÍNCIA DO REINO UNIDO

IDENTIDADES

Existem fatores que influenciam na construção de uma identidade - e um dos principais é a religião. Esta, muitas vezes, é o ponto central da identidade de seus seguidores. Portanto, é também considerada como forte fonte de incompatibilidade entre diferentes identidades - podendo, até mesmo, levar a conflitos.

Uma vez compreendido o que são identidades, podemos perceber o papel que elas desempenharam na criação da Irlanda do Norte

CONTEXTO HISTÓRICO

No século XII, a região é tomada por uma significativa presença inglesa quando o rei normando-inglês Henrique II conquista a ilha britânica e subordina toda a população local às leis inglesas

Criação da Igreja Anglicana por Henrique VIII.

Parte dos irlandeses acabaram por se render às novas normas impostas pela Coroa, e adotaram a religião anglicana.

Estabelecimento de uma série de restrições áqueles praticantes da fé católica, de forma que estes não pudessem mais, por exemplo, ter acesso à educação e não gozassem do direito de possuir armas e nem de adquirir propriedades.

As plantações tiveram grande impacto no estabelecimento estrutura social-religiosa presente até os dias atuais nas Irlandas.

OS CATÓLICOS IRLANDESES

A minoria protestante se tornou detentora de plenos direitos. Em contrapartida, a maioria católica se viram privados até mesmo de inúmeros direitos básicos.

De acordo com as Leis Penais, o Catolicismo tornou-se uma prática criminosa, sendo os seus fiéis sujeitos a exclusão do judiciário, de suas profissões, e também das forças armadas. Com essa realidade social, os irlandeses passaram a estar sujeitos à discriminação e preconceito pela elite protestante.

Um dos principais interesses dos católicos, passa a ser a luta por garantia de direitos igualitários.

Ao constituir o Partido Parlamentar Irlandês em 1882, os irlandeses prosseguem com a luta pela independência a níveis legislativos.

GUERRAS EM PROL DA INDEPENDÊNCIA

No início do século XX, beneficiando-se da atenção inglesa à Primeira Guerra Mundial, a Irmandade Republicana Irlandesa - IRB planejou em 1916 na cidade de Dublin, um levante independentista, que também fracassa devido ao fraco apoio popular que foi capaz de ordenar.

A guerra em prol da independência irlandesa permaneceu, sendo marcada por episódios como o Domingo Sangrento.

NICRA E IRA

A IRLANDA DO NORTE COMO ENTIDADE POLÍTICA

No início da década de 20, os movimentos em favor da independência da Irlanda frente à Inglaterra ganhavam força e esta por sua vez se encontrava desgastada pela guerra.

Em dezembro de 1921, Collins, um dos líderes irlandeses, deslocou-se para Londres no intuito de assinar um acordo que estabelecesse a independência limitada da Irlanda.

O Tratado previa uma independência parcial da Irlanda, onde 6 dos 9 originais condados da região de Ulster continuariam sob o domínio britânico, significando uma área com extensa maioria protestante que não poderia ser contestada pelos católicos.

Em 1967 é formada a NICRA, uma organização pela qual os irlandeses católicos almejam o fim da discriminação legislativa que sofrem e maior igualdade através de passeatas que ganham atenção da mídia internacional.

A reinvindicação destes direitos pelo NICRA se dá através de marchas pelas ruas, expondo para as mídias a situação na Irlanda. As marchas públicas de protesto adquirem um caráter cada vez mais violento, atingindo seu ápice em agosto de 1969.

O grupo IRA nesse contexto ganha mais apoio da população e sofre uma cisão no início da década de 70 que origina dois grupos distintos. Mias tarde naquela década, ocorre o conhecido Massacre de Bogside também chamado de Domingo Sangrento.

OS PAPÉIS DO ESTADO INGLÊS E DO ESTADO NORTE IRLÂNDES NA TENSÃO ENTRE OS GRUPOS RELIGIOSOS PROTESTANTE E CATÓLICO.

Ao se analisar a dinâmica e a evolução das tensões ao longo do tempo entre católicos e protestantes nos estados da Irlanda e da Irlanda do Norte é perceptível como o estado desempenhou papel relevante, em alguns casos levando a piora das hostilidades e em outros buscando apaziguamento.

O chefe de estado não busca apenas garantir a coesão de seus governadores, como também busca ser a representação de seu povo, o que o ajuda a ser reconhecido como um bom governante. Uma mostra da ação do governo inglês nesse sentido, talvez uma das mais significativas é quando há a instauração da religião anglicana como a religião oficial por Henrique VIII.

A religião, junto de outros elementos culturais, como o idioma, não apenas é tida como um elemento de unificação de povo por meio de compartilhamentos de entendimentos comuns sobre o mundo e valores, mas também como uma forma desse grupo se afirmar frente a outro.