Please enable JavaScript.

Coggle requires JavaScript to display documents.

NEOLIBERALISMO NO BRASIL: AGRAVAMENTO DA AUSÊNCIA DE UM CAPITALISMO…

- - - - “a) articulação ao capital internacional que se apropria de grande parte da mais-valia gerada internamente
        
        A primeira consequência possui relação com a capacidade produtiva dos países centrais, sua maior composição orgânica e a forma com que o capital internacional explora a economia mundial. Em função de sua elevada capacidade produtiva os países centrais não se veem forçados a reduzir o preço de venda dos seus produto
      - b) perda de mais-valia para economias nacional compensada com a fixação de mais-valia extraordinária em seu favor
        
        A segunda consequência elencada por Martins (2011), corresponde aos efeitos da maior produtividade dos países industriais através da exportação de matéria prima pelos países periféricos com troca desigual, realimentando o ciclo de aumento da mais-valia relativa daqueles países (MARINI, 1976)
      - c) a superexploração do trabalho
        
        A terceira e última consequência é a superexploração do trabalho, que é o fundamento do capitalismo dependente reflexo da relação de subordinação dos países periféricos com os países centrais, onde se busca inicialmente aumentar a intensidade do trabalho, na expectativa de elevar a mais-valia através da sua exploração, ao invés do aumento da capacidade produtiva
- - - - Todavia, no cenário das crises econômicas na década de 1970, as classes dominantes afetadas em seu consumo, não mais coniventes com as críticas ao modelo interventor do Estado, apoiavam alternativas contrárias a essa lógica e incentivavam a liberdade do mercado e o Estado mínimo.
  - - - Do ponto de vista do monopólio, nota-se uma contradição dos neoliberalistas a respeito da atuação do Estado, haja vista que no mercado eficiente, o qual possui uma elevada concorrência, não poderia existir monopólios seja formado por capital privado ou por recursos públicos. Todavia, o capitalismo, pela sua história, fomenta a formação de monopólio construindo verdadeiros impérios e a acumulação de renda, o que também torna o mercado ineficiente.
        
        Desta forma, o discurso sobre os limites de atuação do Estado parece ser oportuno ao capitalismo monopolista e ao imperialismo para a condição favorável aos ganhos de seus defensores.
  - - - abertura comercial e desregulamentação financeira;
      - as privatizações
      - a desregularização do mercado da força de trabalho
      - há um equívoco dos defensores de políticas neoliberais de que as ações de tal política possuem o mesmo efeito quando aplicadas aos países centrais e periféricos,
        
        Para os EUA as consequências ocorridas nos períodos das ações neoliberalista reforçam a economia estadunidense, principalmente o poder aquisitivo dos 1% mais ricos da população (DUMÉNIL; LÉVY, 2004).
        
        Já para os países periféricos, como os da América Latina, os efeitos do neoliberalismo são divergentes dos apresentados nos EUA e realimentam os fatores do capitalismo dependente e subordinação aos países centrais como será demonstrado pela análise a seguir
    - - a política de desindustrialização foi iniciada com a abertura comercial reduzindo as barreira e alíquotas de importação durante o governo de Fernando Collor de Mello.
        
        As importações continuaram a crescer pela continuidade dessas ações e aumento do câmbio ainda no mandato do mesmo governo. A balança comercial passou a entrar em déficit e atingiu 3,1 bilhões de dólares em 1995 e 1,0 bilhão de dólares em 1997 (BOITO JR, 1999).
        
        “No quadriênio 1992/1995, as importações brasileiras cresceram 142%, enquanto as exportações cresciam apenas 30%” (Ibid., p. 88). Essa desproporção do crescimento da importação em relação à exportação trouxe como consequência elevação do saldo da dívida externa
      - Por um outro lado, a desregulamentação financeira no neoliberalismo no Brasil permitiu a redução da inflação e levou os bancos a compensarem suas perdas através de outras alternativas de ganhos correspondentes a liberação das taxas de cobrança de serviços aos clientes, juros excessivos e concentração bancária que ampliou sua rede de clientes, como aponta Boito Jr. (1999, p. 59):
        
        Essa realidade reforça a dependência do Brasil, ou a sua relação de subordinação com outras nações, pelo aumento da troca desigual e transferência de recursos para o exterior, como apresenta Marini (1976, p.23) “transações entre nações que trocam distintas classes de mercadorias, como manufaturas e matérias-primas [...] permite que as primeiras iludam a lei do valor e vendam os seus produtos a preços superiores ao seu valor, configurando assim uma troca desigual.”
      - O processo de desnacionalização, ou denominada privatização, foi uma prática realizada no Brasil extensivo para alguns países da América Latina.
        
        Boito Jr, (1999, p.48) “em 1995, grupos econômicos estrangeiros comprara, segundo relato de empresas de consultoria, cerca de 300 empresas nacionais de diferentes ramos”.
        
        aponta Oliveira (2006, p. 278) “a relação Estado-burguesias se altera radicalmente, tornando o Estado uma espécie de refém do novo poder econômico centrado nas multinacionais produtivas e financeiras”.
        
        Para Cardoso e Faletto (1984, p. 123) o investimento estrangeiro representa uma forte condição a própria continuidade do desenvolvimento “como ocorreu durante o período frondizista, o Governo de Kubitschek [...] esse tipo de industrialização vai intensificar o padrão de sistema social excludente”.
        
        Esses autores reconhecem tais investimentos como necessários, sendo esse o formato do capitalismo industrial característico de um cenário transitório de dependência para se tornar autônomo.
        
        Todavia, a compreensão por Marini (1976, p. 67) do capital dual, ou seja, formado por investidores estrangeiros e nacionais, ratifica a transferência de valor para os países centrais, “a transferência de lucros e, consequentemente, de mais-valia para os países industriais aponta no sentido de formação de uma taxa média de lucro em nível internacional [...] cede progressivamente lugar à primazia do preço de produção”, uma vez que a taxa de lucro de baixo valor nos países periféricos é compensada pela aumento da composição orgânica.
      - A desregulamentação da força de trabalho foi outra medida adotada no Brasil como medida do neoliberalismo,... reforça a superexploração do trabalho, terceiro fator determinante do capitalismo dependente já apresentado na Teoria da Dependência
        
        Segundo Marini (1976, p.26), uma das formas de superexploração consiste em “reduzir o consumo do operário mais que para além do seu limite normal, pelo qual o fundo necessário de consumo do operário converte-se de facto, dentro de certos limites, num fundo de acumulação de capital”. Esse fator somado ao prolongamento da jornada e a intensificação do trabalho conduz ao modo de produção que aumenta apenas a mais-valia absoluta,
        
        Luce (2013, p. 177) afirma em seus estudos que “em todos os setores, na comparação 1990-2006, se elevou o percentual de trabalhadores que têm de se submeter a jornadas superiores à jornada legal”, fazendo referência a indústria comércio e serviços da região metropolitana de São Paulo.