SUBESTAÇÃO DO CONSUMIDOR - PARTE 1

1. Introdução

Subestação é um conjunto de condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características da energia elétrica (tensão e corrente), permitindo sua distribuição aos pontos de consumo em níveis adequados de utilização.

Em termos gerais, as subestações podem ser classificadas como:

a) Subestação central de transmissão - É aquela normalmente construída ao lado das usinas produtoras de energia elétrica, cuja finalidade é elevar o nível de tensão fornecido pelos geradores para transmitir a potência gerada aos grandes centros de consumo.

b) Subestação receptora de transmissão - É aquela construída próxima aos grandes blocos de carga e que está conectada, por meio de linha de transmissão, à subestação central de transmissão ou à outra subestação receptora intermediária.

c) Subestação de subtransmissão - É aquela construída, em geral, no centro de um grande bloco de carga, alimentada pela subestação receptora e de onde se originam os alimentadores de distribuição primários, suprindo diretamente os transformadores de distribuição e/ou as subestações de consumidor.

d) Subestação do Consumidor - É aquela construída em propriedade particular suprida por alimentadores de distribuição primários, originados das subestações de subtransmissão, que suprem os pontos finais de consumo.

Por exigência da legislação em vigor, todo consumidor cuja potência instalada seja igual ou superior a 50 kW e igual ou inferior a 2500 kW deve, em princípio, ser atendido pela concessionária local em tensão primária de distribuição.

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Pág. 1389

A escolha do número de subestações dentro de uma planta industrial depende da localização e concentração das cargas, bem como o fator econômico que envolve essa decisão, cujas linhas de orientação são assim delineadas:

Quanto menor a capacidade da subestação, maior o custo por KVA.

Quanto maior o número de subestações unitárias, maior será o emprego de cabos de média tensão.

Desde que convenientemente localizadas, quanto maior o número de subestações unitárias, menor será o emprego de cabos de baixa tensão.

Quanto menor o número de subestações unitárias de capacidade elevada, menor será o emprego de cabos de média tensão e maior o uso de cabos de baixa tensão.

Um projeto de Subestação deve conter os seguintes elementos:

a) Memorial descritivo - Visa fornecer aos interessados os seguintes dados:

Finalidade do Projeto

Local em que vai ser construída a subestação.

Carga Prevista e tipo de subestação (abrigada, ao tempo, blindada, etc.)

Memorial do cálculo da demanda prevista

Descrição sumária de todos os elementos de proteção utilizados, baseada no fluxo de carga e no cálculo do curto-circuito.

Características completas de todos os equipamentos utilizados

O valor das cargas elétricas de uma indústria define a capacidade nominal da subestação que será adotada.

Essa subestação pode ser localizada em um único ponto da indústria ou ser distribuída em vários pontos, normalmente próximos aos centros de carga.

A legislação estabelece que a concessionária de serviço público de eletricidade obrigasse a suprir seus consumidores em média tensão até uma demanda máxima contratada de 2500 kW. A partir desse valor, o suprimento deve ser em alta tensão.

As concessionárias suprem seus consumidores em média tensão (15 kV) até uma demanda máxima de 3000 kW, que implica, em média, uma subestação do consumidor de 4000 KVA.

2. Subestação de Consumidor de Média Tensão

São aplicadas a pequenas e médias indústrias cuja demanda máxima não supere o valor anteriormente mencionado.

A escolha do tipo de subestação a ser adotada depende de muitos fatores, sendo os mais significativos os que seguem:

Meio ambiente agressivo: Poluição industrial, atmosfera salina, etc.

Área classificada: Presença de gases corrosivos, gases inflamáveis, etc.

Proximidade de carga: Motores de grande porte, setores de produção com carga concentrada.

Dimensões da área reservada para subestação.

2.1. Partes componentes de uma subestação de consumidor

2.1.1. Entrada de Serviço - Compreende o trecho entre o ponto de derivação da rede e distribuição pública e os terminais de medição.

É composta dos seguintes elementos:

2.1.1.1. Ponto de Ligação - É aquele onde deriva o ramal de ligação.

2.1.1.2. Ramal de ligação - É o trecho do circuito aéreo compreendido entre o ponto de ligação e o ponto de entrega.

É importante frisar que o ramal de ligação, por definição, é o trecho do circuito aéreo, não se devendo confundir com o trecho de circuito subterrâneo (caso exista), denominado ramal de entrada subterrâneo.

Como o ramal de ligação, na realidade, é uma extensão do sistema de suprimento, toda a responsabilidade do projeto, construção e manutenção do mesmo caberá à concessionária local.

2.1.1.3. Ponto de Entrega - É aquele no qual a concessionária se obriga a fornecer a energia elétrica, sendo responsável, tecnicamente, pela execução dos serviços de construção, operação e manutenção.

Não deve ser confundido com o ponto de medição

Dependendo do tipo de subestação de consumidor, o ponto de entrega pode ser:

a) Subestação com entrada aérea - O ponto de entrega se localiza nos limites da propriedade particular com o alinhamento da via pública, quando a fachada do prédio da unidade consumidora é construída no referido limite de passeio.

Quando o prédio da unidade consumidora é afastado em relação à via pública, o ponto de entrega se localiza no primeiro ponto de fixação do ramal de ligação, podendo ser na própria fachada do prédio ou em estrutura própria,

b) Subestação com entrada subterrânea - De preferência, deve ser localizado em domínio particular, porém, no caso de unidades consumidoras cuja fachada do prédio se limita com a via pública, o ponto de entrega poderá situar-se no poste fixado no passeio. Neste caso, os terminais do lado externo devem ser instalados a uma altura mínima de 5,5 m.

Deve ser empregado cabo com isolamento correspondente à tensão de serviço, protegido por eletroduto de ferro galvanizado no trecho exposto, até a altura mínima de 3 m acima do nível do solo. As terminações devem ser do tipo apropriado e ligadas à terra.

2.1.1.4. Ramal de Entrada - É o conjunto de condutores, com os respectivos materiais necessários à sua fixação e interligação elétrica, do ponto de entrega aos terminais de medição.

Pode ser definido diferentemente, em função do tipo de subestação:

a) Ramal de entrada aéreo - É aquele constituído de condutores nus suspensos em estruturas para instalações aéreas.

b) Ramal de entrada subterrâneo - É aquele constituído de condutores isolados instalados dentro de um duto ou diretamente enterrados no solo.

Por motivo de segurança, não é permitido que sejam colocados no mesmo duto dos circuitos primários alimentadores que operem em tensão secundária de distribuição.

A queda de tensão, desde o ponto de ligação com a rede da concessionária até o ponto de conexão com o posto de transformação, deve ser de, no máximo, 5 %.

3. Tipos de Subestação

Dependendo das condições técnicas e econômicas do projeto, pode ser adotado um ou mais tipos de subestação para suprimento da carga da instalação.

De forma geral, as subestações podem ser dos tipos abrigado e ao tempo.

Prescrições básicas a serem adotadas no projeto e construção de subestações de transformação:

A instalação de equipamentos que contenham líquido isolante inflamável superior a 100 litros deve seguir os seguintes requisitos:

Construir barreiras incombustíveis entre os equipamentos a fim de evitar a propagação de incêndio

Construir um sistema de contenção e coleta de óleo.

Quando a subestação for parte integrante de uma edificação residencial e/ou comercial, somente é permitido o emprego de transformadores a seco e disjuntores a vácuo ou SF6, mesmo que haja paredes de alvenaria e portas corta-fogo.

Quando a subestação de transformação fizer parte integrante da edificação industrial, somente é permitido o emprego de transformadores de líquidos isolantes não inflamáveis ou transformadores a seco e disjuntores a vácuo ou SF6

As subestações devem ser dotadas de um sistema de iluminação de segurança com autonomia para, no mínimo, duas horas.

As subestações abrigadas e ao tempo devem possuir iluminação artificial.

As janelas de subestações abrigadas devem possuir telas metálicas com malha de no máximo 13 mm de abertura. Pode ser utilizado vidro armado.

A diferença de temperatura entre o interior e o exterior não deve ser superior a 15 °C.

As portas normais e de emergência devem sempre abrir para fora.

Em geral, as subestações podem ser classificadas em:

3.1. Subestação de Instalação Interior - É aquela em que os equipamentos e aparelhos são instalados em dependências abrigadas das intempéries.

Para essa maneira de instalação, as subestações podem ser construídas em alvenaria ou em invólucro metálico:

3.1.1. Subestação em alvenaria - É o tipo mais comum de subestação industrial, apresenta um custo reduzido e é de fácil montagem e manutenção, requer, no entanto, uma área construída relativamente grande. A sua aplicação é mais notável em instalações que tenham espaços disponíveis próximos aos centros de carga.

São divididas em compartimentos denominados postos ou cabines, cada um desempenhando uma função bem definida.

a) Posto de Medição Primária - É aquele destinado à localização dos equipamentos auxiliares da medição, como os transformadores de corrente e potencial.

A sua construção é obrigatória nos seguintes casos

Quando a potência de transformação for superior a 225 KVA.

Quando existir mais de um transformador na subestação.

Quando a tensão secundária do transformador for diferente da tensão padronizada pela concessionária.

Quando a capacidade de transformação for igual ou inferior a 225 kVA, caso de pequenas indústrias, a medição, em geral, é feita em tensão secundária, sendo dispensada a construção do posto de medição. Se há, porém, perspectiva de crescimento de carga, é conveniente se prever um local reservado ao posto de medição, evitando futuros transtornos.

b) Posto de Proteção Primária - É destinado à instalação de chaves seccionadoras, fusíveis ou disjuntores responsáveis pela proteção geral e seccionamento da instalação.

A NBR 14039 estabelece que, para subestações com capacidade de transformação trifásica superior a 300 kVA, a proteção geral na média tensão deve ser realizada por meio de um disjuntor acionado por relés secundários com as funções 50 e 51, proteções de fase e neutro.

A mesma norma estabelece que, para subestações com capacidade de transformação trifásica igual ou inferior a 300 kVA, a proteção geral na média tensão deve ser realizada por meio de um disjuntor acionado por relés secundários com as funções 50 e 51, proteções de fase e neutro, ou por meio da chave seccionadora e fusível, sendo, neste caso, adicionalmente, a proteção geral na baixa tensão ser realizada por disjuntor.

Quanto à forma de energização da bobina do disjuntor geral da subestação, são utilizados dois diferentes tipos de solução.

Dispositivo de disparo capacitivo (Pág 1398)

Sistema de Corrente Contínua (Pág 1398)

c) Posto de Transformação - É aquele destinado à instalação dos transformadores de força, podendo conter ou não os equipamentos de proteção individual.

A NBR 14039 estabelece que nas instalações de transformadores de 500 kVA ou maiores, em líquido isolante inflamável, devem ser observadas as seguintes precauções:

Construção de barreiras incombustíveis entre os transformadores e demais aparelhos.

Construção de dispositivos adequados para drenar ou conter o líquido proveniente de um eventual rompimento do tanque.

Principais partes componentes de um sistema coletor de óleo com barreiras corta-chama - Recipiente de coleta de óleo, Sistema corta-chamas, tanque acumulador. (Pág 1400~1402)

3.1.1.1. Classificação

As subestações em alvenaria podem ainda ser classificadas quanto ao tipo de ramal de entrada.

a) Subestação alimentada por ramal de entrada subterrâneo - Quando montadas no nível do solo, as subestações alimentadas por ramal de entrada subterrâneo são construídas, normalmente, com altura mínima definida pela distância entre partes vivas e entre partes vivas e terra, pela altura dos equipamentos e pela altura de instalação das chaves, barramento, isoladores, etc. (pág 1404)

b) Subestação alimentada por ramal de entrada aéreo - Quando montadas ao nível do solo, as subestações alimentadas por ramal de entrada aéreo são construídas normalmente com altura mínima de 6 m ou superior.

Pág 1404 image

A preferência de construção recai, em geral, nas subestações alimentadas por ramal de entrada subterrâneo, por ser mais compacta.

As subestações com o pé direito igual a 6 m ou superior apresentam paredes externas com largura mínima de 300 mm e paredes das divisões internas com largura de 150 mm, construídas, geralmente, em alvenaria. (pag 1404)

3.1.2. Subestação Modular Metálica - Também chamada de subestação em invólucro metálico, é aquela destinada à indústria ou outras edificações onde, em geral, o espaço disponível é reduzido. Pode ser construída para uso interno ou ao tempo.

3.1.2.1. Classificação - Podem ser classificadas, segundo sua construção, em quatros tipos básicos:

a) Subestação com transformador com flanges laterais - Este é um dos tipos mais utilizados em instalações industriais, principalmente quando se deseja prover determinado setor de produção de grandes dimensões e um elevado número de máquinas, de um ponto de suprimento localizado no centro de carga.

É uma subestação compacta, que ocupa uma área reduzida, podendo ter grau de proteção IP 4X, ou superior, de modo a oferecer grande segurança aos operadores e aos operários, em geral.

É constituída de transformador de construção especial, onde as buchas, primária e secundária, são fixadas lateralmente à carcaça e protegidas por um flange de seção retangular, que se acopla aos módulos metálicos, primário e secundário.

Os módulos metálicos poderão ser complementados acoplando-se novos módulos aos existentes, caso haja necessidade de aumento no número de saídas de ramas primários e secundários.

Imagens Página 1407 - 12.6 / Página 1408 - 12.7

b) Subestação com transformador com flange superior e lateral - É constituída de um transformador de construção convencional, acoplado aos módulos metálicos, primário e secundário, por meio de duas caixas flangeadas, sendo uma fixada na parte superior do transformador e a outra lateral.

Pode ter grau de proteção IP 4X ou superior e tem a mesma aplicação da subestação de flanges laterais.

(Figura 12.12 / 12.13) pág 1415 e 1416

(Figura 12.14.) Pág. 1418

c) Subestação com transformador enclausurado em posto metálico em tela armada - Essa subestação é constituída por transformadores instalados internamente a um invólucro metálico, cuja cobertura é feita de chapa de aço, em geral, 2 mm.

Dado o seu baixo grau de proteção, principalmente o dos módulos de transformação e proteção, que geralmente são fabricados com grau de proteção IP X1, essas subestações não devem ser utilizadas em ambientes poluídos, notadamente de materiais de fácil combustão, ou em áreas em que haja presença de pessoas não habilitadas ao serviço de eletricidade.

Os transformadores e demais equipamentos são de fabricação convencional, tornando seu custo bastante reduzido.

(Figura 12.15/ 12.16) Pág. 1419 e 1420

d) Transformador e demais equipamentos enclausurados em posto metálico em chapa de aço - É composto de transformadores instalados internamente a invólucros metálicos, constituídos totalmente em chapa de aço de espessura adequada, geralmente 2 mm e providos de pequenas aberturas para ventilação.

Figura 12.17/12.18

3.2. Subestação de Instalação exterior - É aquela em que os equipamentos são instalados ao tempo e, normalmente, os aparelhos encontram-se abrigados.

3.2.1. Podem ser classificadas, segundo a montagem dos equipamentos, em dois tipos:

a) Subestação aérea em plano elevado - São assim consideradas as subestações cujo transformador está fixado em torre ou plataforma e, em geral, são fabricadas em concreto armado, aço ou madeira.

Todas as partes vivas não protegidas devem estar situadas, no mínimo, a 5 m acima do piso.

Quando não for possível observar a altura mínima de 5 m para as partes vivas, pode ser tolerado o limite de 3,5 m, desde que o local seja provido de um sistema de proteção de tela metálica ou equivalente, devidamente ligado à terra.

Os equipamentos podem ser instalados da seguinte forma:

Em postes ou torres de aço, concreto ou madeira adequada

Em plataformas elevadas sobre estrutura de concreto, aço ou madeira adequada.

Em áreas sobre coberturas de edifício, inacessíveis a pessoas não qualificadas ou providas do necessário sistema de proteção externa. Neste caso, não deve ser empregado líquido isolante inflamável em nenhum equipamento.

b) Subestações de Instalação no nível do solo - É aquela em que os equipamentos, como os disjuntores e transformadores, são instalados em bases de concreto construídas ao nível do solo e os demais equipamentos, como para-raios, chaves fusíveis e seccionadoras, são montados em estruturas aéreas. ( mais assunto pág. 1416~1417)

Figura 12.21 / 12.22

Esse tipo de subestação, em local urbano, normalmente é de custo muito elevado, em virtude dos equipamentos serem apropriados para instalação ao tempo e devido ao preço do próprio terreno.

Em áreas rurais, porém, esse tipo de subestação apresenta vantagens econômicas.