As obras da artista transmitem-nos a sensação de infinitude e incompletude, por isso a artista usa nas suas instalações portas e janelas, cortinas, espelhos, recortes de silhuetas ou perfis, molduras, quartos, barcos, casas, móveis, onde se constatam aspetos antagónicos, ora o que estamos a ver parece próximo ou distante, opaco ou translúcido, claro ou escuro, visível ou invisível, dentro ou fora, ver-se ou ser-se visto, acessível ou inacessível, público ou privado, ocultação ou desocultação, interior ou exterior, presente ou ausente. Estes aspetos simulam acontecimentos que se adivinham a partir de dinâmicas metafóricas que vislumbram ambientes íntimos e familiares. As obras de Ana Vieira retratam de modo subtil a habitabilidade, a transgressão, a viagem, a condição feminina, a oposição às convenções da arte, que se observam nas suas obras em que cria passagens e texturas, volumes, transparências.
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A obra “Corredor” (1982) é outra produção que impele o espetador a interagir no espaço com a obra, dando ao espetador a possibilidade de circular naquele espaço e de optar pelo percurso desejado, dando o seu próprio fim à obra captando a atenção e a curiosidade do espetador ou então que interaja com a obra enquanto espaço de transição
Também na releitura da obra "Sala de Jantar" há a intenção de colocar as telas com espaço entre si, desde a entrada pela porta até ao sofá. O espetador poderá realizar o seu próprio percurso, livre para fazer a sua própria leitura em relação ao que está a ver..